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15/02/2023 às 19h42min - Atualizada em 15/02/2023 às 19h42min

Avivamento de Asbury: culto em universidade dos EUA já dura mais de 168 horas

Imagens de jovens ajoelhados em lágrimas estão percorrendo o mundo; "Asbury tem uma história ainda mais extensa com os chamados avivamentos", afirma professor de teologia

Redação North News
com informações Evangelical Focus e Rodolfo Capler/Veja
Reprodução/YouTube/Epworth League/Instagram/Allen Hood
 
Centenas de estudantes da Asbury University, em Wilmore, Kentucky, nos Estados Unidos, estão reunidos em oração ininterrupta, desde às 10h da manhã do dia 8 de fevereiro. Encontro já dura mais de uma semana, mais de 168 horas.

O ambiente escolar é o mesmo onde, em fevereiro de 1970 se iniciou um grande avivamento entre os estudantes universitários dos Estados Unidos, uma história que tem marcado gerações.

"Deus está se movendo… generosa e gentilmente. Depois de pregar hoje, o culto continuou. Os alunos estão adorando, orando, curando, confessando. Deus está agindo", revelou o pastor Zachary Michael, da Weare Envision.


Universidade experimenta um impressionante fenômeno
Imagens de jovens ajoelhados em lágrimas estão percorrendo o mundo. O evento está sendo interpretado por alguns teólogos protestantes como um pequeno “despertamento espiritual” ou novo “avivamento”.

A reunião, costumeira e despretensiosa, irrompeu em inúmeras expressões emocionais por parte dos jovens, que testemunharam estar dominados por um silencioso senso de transcendência. O culto, que tinha hora para terminar, continuou e, até o momento, não se encerrou.

O fenômeno, que já pode ser considerado uma espécie de repetição do chamado “avivamento de Asbury”, evento ocorrido na mesma universidade, em 1970, já atraiu a atenção de centenas de norte-americanos, que desejosos de experimentar o que lá acontece, estão saindo de várias partes dos Estados Unidos e se direcionando à pequena cidade de Asbury.

Dentro do segmento religioso, a percepção corrente é a de que Asbury experimenta uma ação divina extraordinária, que pode resultar em envolvimento profundo com a fé cristã, arrependimento, conversões e engajamento missionário.

 
Para a jovem Taylor McGaugh, de 20 anos, estudante de Psicologia da Universidade de Asbury, o campus experimenta algo nunca visto pela sua geração.

“É verdadeiramente um momento na história de Asbury que nunca será esquecido. Quando ouvi falar sobre o que acontecia, fiquei confusa, mas, quando fui à capela da universidade, entendi que precisava daquela experiência e que muitos outros estudantes dela necessitavam”, disse.

Ainda segundo McGaugh, o “avivamento de Asbury” está atraindo ao campus muitos missionários cristãos e estudantes de outras universidades.

"Fiquei muito chocada quando as pessoas diziam que faculdades e missionários de todo o país, estavam chegando à Asbury. Eu nunca experimentei ou vi nada assim antes, então saber disso me deixou animada para tudo o virá depois desse avivamento”.

Percepção semelhante tem a fazendeira, Nina Mullins. Criada no norte do Estado de Nova York, Mullins, 45, que hoje é mãe de dois adolescentes, é ex-aluna da universidade.

“Eu me formei em 2000. Este reavivamento não foi planejado, porém, é muito belo. Não é estrondoso e cheio de sinais e maravilhas, os quais muitas vezes vem às nossas mentes quando pensamos na palavra avivamento. Em vez disso, é pacífico, suave e cheio de arrependimento e adoração”, descreve.

Avivamento ou catarse coletiva?
Em artigo na Christianity Today, Thomas H. McCall, professor de teologia no Asbury Theological Seminary, afirma que Asbury tem um histórico de experiências extáticas.

“O que muitos não percebem é que Asbury tem uma história ainda mais extensa com os chamados avivamentos, incluindo um que aconteceu já em 1905 e outros dois ocorridos em 1970 e 2006, quando um culto numa capela estudantil perdurou por quatro dias de adoração contínua, oração e louvor”.

Para Augustus Nicodemos Lopes, teólogo e ex-chanceler da Universidade Makenzie, o que está acontecendo em Asbury pode ser mais um movimento de despertamento espiritual, marcado pela pregação bíblica, oração, quebrantamento, arrependimento, confissão de pecados, louvor e adoração e conversão às centenas – coisas que estão acontecendo em Asbury hoje.

“Sei que para muitos cristãos um avivamento (despertamento ou reavivamento) está associado com manifestações como línguas, profecias, curas e milagres. Esses fenômenos estão ausentes na reunião que já dura mais de 7 dias na capela Asbury. É possível que esses cristãos tenham dificuldade em considerar o que está acontecendo por lá como um autêntico avivamento espiritual, mas desconheço que explicação dariam para o fenômeno”, afirma Lopes. 

Kenner Terra, pastor, teólogo pentecostal e doutor em Ciências da Religião, explica que o evento de Asbury pode ser interpretado como uma experiência extraordinária. Porém, ressalva que os historiadores dos avivamentos sublinham os impactos sociais do fenômeno.

“As discussões pneumatológicas mais atuais tendem a identificar o Espírito na criação e descrevem essas manifestações extraordinárias, que seriam identificadas em expressões mais substanciais dessa latência pneumática na criação, como uma espécie de 'densidade de presencialidade'. Em suma, o que está acontecendo em Asbury pode ser tratado como uma experiência religiosa densa, o que gera afetividade efusiva, liturgia contínua e atração de grupos".

Críticos do chamado avivamento de Asbury definem o evento como manifestação de uma catarse coletiva, fenômeno segundo o qual indivíduos alcançam o estado de libertação psíquica ao superarem algum trauma como medo, opressão ou outras perturbações da psique.

Em resposta a essa objeção, Lopes, que também é pastor presbiteriano, afirma que o acontece em Asbury é de ordem espiritual.

“A reconciliação com Deus e com o próximo, a consciência de perdão de pecados e a renovação da fé em Cristo produzem leveza de alma, sensação de paz e pureza, experiências que geralmente são chamadas de catarse”, esclarece.

Mais adiante, o teólogo, categoricamente, reitera: “Eu não diria que o que está acontecendo em Asbury é uma catarse coletiva, mas um possível movimento espiritual de reconciliação com Deus e com o próximo. Já os efeitos emocionais disso podem ser identificados como uma catarse no entendimento contemporâneo da palavra. A religião também é catarse. Então, não seria nada depreciativo se o fenômeno de Asbury também cumprisse essa função, pois é comum da experiência religiosa”.

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