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18/08/2021 às 10h02min - Atualizada em 18/08/2021 às 10h02min

A equipe feminina de robótica do Afeganistão quer fugir do Talibã e ir para o Canadá

As mulheres do time postaram no Twitter que estão proibidas de frequentar universidades

Redação North News
CTV News
AP Photo/Mariam Zuhaib

Uma equipe feminina de robótica no Afeganistão está implorando para ir ao Canadá para escapar do domínio do Talibã, que supostamente já começou a reprimir os direitos de mulheres e meninas.

 

A advogada de direitos humanos Kimberley Motley assumiu a causa e disse que a equipe de 25 membros está apavorada com o futuro.

 

“O principal é que as meninas estejam protegidas”, disse Motley ao Your Morning da CTV nesta quarta-feira (18). “Estamos preocupados com a segurança delas.”

 

A equipe, conhecida como Afghan Dreamers, é formada por aproximadamente 25 meninas entre 12 e 18 anos na cidade de Herat. Suas mentoras superaram a guerra, o terrorismo e a discriminação de gênero para emergir como um símbolo de um novo Afeganistão, que defende a educação de meninas.

 

Na cidade natal da equipe, as mulheres postaram no Twitter que supostamente foram proibidas de estudar nas universidades pelas forças do Talibã, que disseram que apenas homens podem entrar agora.

 

 “É tudo uma questão de protegê-las no futuro e garantir que elas estejam em um lugar onde ainda tenham a liberdade que merecem - a liberdade de ser educada, a liberdade de movimento, a liberdade de assistência médica,” afirma Motley.

 

 “Esses são direitos humanos básicos que essas meninas conheceram por toda a vida por causa de nossa intervenção internacional no Afeganistão”, relata Motley, acrescentando que a comunidade internacional deve garantir que os direitos da equipe e de todas as meninas no Afeganistão sejam protegidos.

 

 Há preocupações de que o Talibã, que assumiu o controle do Afeganistão no domingo (15), esteja mergulhando o país em uma crise humanitária que é particularmente perigosa para os 14 milhões de mulheres e meninas que vivem lá.

 

Malala Yousafzai, a mulher ganhadora do Prêmio Nobel da Paz que sobreviveu a um tiro dado por ordem do Talibã no Paquistão, falou sobre a situação das mulheres e meninas afegãs em um artigo de opinião publicado no New York Times em 17 de agosto.

 

“As meninas e jovens afegãs estão mais uma vez onde eu estive - desesperadas com a ideia de que talvez nunca mais tenham permissão para ver uma sala de aula ou segurar um livro novamente”, escreveu Yousafzai. “Alguns membros do Talibã dizem que não negarão a mulheres e meninas educação ou o direito ao trabalho. Mas, dada a história do Talibã de suprimir violentamente os direitos das mulheres, os medos das mulheres afegãs são reais."

 

Yousafzai, que se formou na Universidade de Oxford em 2020, também disse que ouviu relatos de mulheres sendo rejeitadas em universidades e locais de trabalho no Afeganistão.

 

“Neste momento crítico, devemos ouvir as vozes das mulheres e meninas afegãs”, escreveu Yousafzai. “Elas estão pedindo proteção, educação, liberdade e o futuro que lhes foi prometido. Não podemos continuar a falhar com elas. Não temos tempo a perder.”

 

Motley também pediu uma ação e disse que ela é cética em relação às alegações do Talibã de que eles estão permitindo a passagem segura de pessoas.

 

 Segundo ela, as mulheres estão sendo rejeitadas em faculdades, locais de trabalho e seus próprios negócios.

 

 Também houve relatos de que as mulheres não podem mais deixar suas casas sem um “mahram” ou um guardião masculino exigido pelo Talibã.

 

 “Se o governo quer legitimidade, ele precisa assumir o controle disso e garantir que as mulheres sejam protegidas”, disse ela.

 

O Canadá disse que não tem planos de reconhecer o Talibã como governo do Afeganistão.


Co-autora: Amanda Rodrigues Leal


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