O Ministério da Agricultura negocia com o Canadá o aumento da importação de fertilizantes em aproximadamente 400 mil toneladas do insumo para o Brasil. A estimativa de ampliação foi apresentada, nesta semana, à ministra Tereza Cristina durante sua viagem ao Canadá. O governo federal tenta contornar os impactos causados no setor pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
A Rússia é o maior vendedor de fertilizantes para o Brasil, mas com a guerra o governo russo recomendou que suas empresas suspendam as exportações. A projeção de 400 mil toneladas extras representa um volume 10% superior ao que já é importado pelo país, informou o Estadão. O Canadá exporta cerca de 4 milhões de toneladas por ano do insumo utilizado na agricultura para o Brasil.
Os contratos devem ser fechados diretamente com empresas privadas e não serão acordos comerciais entre os dois países. Por isso, Tereza Cristina se reuniu nesta segunda-feira (14) com representantes de empresas como a Mosaic e Nutrien, donas da Contopex, que respondem por 85% da produção de fertilizantes no Canadá.
Nas tratativas, a ministra garantiu a redução da burocracia alfandegária nos portos brasileiros, dando prioridade ao acesso dos navios canadenses, principalmente no porto de Paranaguá, principal porta de entrada dos fertilizantes no país. As empresas canadenses buscam, em contrapartida, além do aumento da exportação, acordos de médio e longo prazo, mesmo que a situação com a Rússia seja normalizada.
A Canpotex informou à ministra que pretende aumentar o volume de vendas ao Brasil para além dos atuais 4 milhões de toneladas por ano. "Seguimos conversando com diversos fornecedores para que o nosso agro continue garantindo a segurança alimentar para o Brasil e o mundo", ressaltou Tereza Cristina.
A ministra esteve também com os presidentes das empresas Brasil Potash, Gensource, e Fertilizer Canada, além do Vice-Ministro da Agricultura do Canadá, Paul Samson.
Governo busca ampliar produção nacional de fertilizantes
O Brasil importa cerca de 85% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. Atualmente, o país é o quarto consumidor global de fertilizantes, responsável por cerca de 8% do total, e é o maior importador mundial.
Em 2021, as importações brasileiras de fertilizantes foram superiores a 41 milhões de toneladas, o que equivale a mais de US$ 14 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura. O governo federal tenta buscar alternativas para reforçar a produção nacional de potássio. Os canadenses também têm interesse nesta ampliação, pois são donos da maior parte dos pedidos de pesquisa de potássio no Brasil.
Com o objetivo de tentar diminuir a dependência nacional, na última sexta-feira (11), o Executivo lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). A proposta prevê a redução dessa participação para 60% nos próximos 30 anos. O programa conta com oito pilares fundamentais, entre eles: incentivos fiscais e tributários a fabricantes do insumo, a abertura de linhas de crédito para investidores e a desburocratização do licenciamento ambiental.
"Consumimos anualmente mais de 55 milhões de toneladas de fertilizantes e somos o maior importador desses produtos no mundo. Não estamos buscando a autossuficiência, mas capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, que é pujante e competitivo e traz segurança alimentar para o Brasil e o mundo", disse a ministra da Agricultura na cerimônia de lançamento do programa.