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19/05/2022 às 10h34min - Atualizada em 19/05/2022 às 10h34min

Vídeo de assassinato em Nova York foi transmitido por quase dois minutos

Plataformas tentam arrumar uma forma de bloquear 'lives' que tenham conteúdo criminoso

Leandro Mendonça
Twitter/@AFP
Menos de dois minutos. Este foi o tempo que levou para a plataforma Twitch interromper a transmissão ao vivo do tiroteio de Buffalo, no sábado, o que não impediu a circulação de trechos dos assassinatos
 
Apesar dos avanços da tecnologia, impedir a transmissão de imagens violentas ao vivo ainda é um desafio, especialmente porque o fluxo de dados não é gerenciado simultaneamente.
 
“Se (as plataformas) oferecem serviços de ‘live’, elas se expõem a retransmitir um certo número de estupros, assassinatos, suicídios e outros crimes”, argumenta Mary Anne Franks, professora de Direito da Universidade de Miami. "Faz parte do pacote”.
 
Os cem segundos que o Twitch levou para identificar e desconectar a “transmissão ao vivo” de Payton Gendron, que matou dez pessoas em um supermercado no norte de Nova York no sábado, atesta uma maior capacidade de resposta.
 
Em março de 2019, o Facebook levou 17 minutos para cortar a transmissão do ataque de Brenton Tarrant a duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, que matou 51 pessoas. 
 
Pior ainda, em outubro de 2019, também no Twitch desta vez, o autor do ataque a uma sinagoga em Halle (Alemanha) conseguiu carregar simultaneamente sua jornada por 35 minutos, antes de ser desconectado.
 
Se as principais redes sociais afirmam rastrear esses vídeos com a ajuda de inteligência artificial, mas também de equipes dedicadas, as imagens podem ser rapidamente baixadas, editadas e postadas em outros sites
 
Na quarta-feira, um site ofereceu vários trechos do tiroteio, incluindo um de 90 segundos, visto quase 1.800 vezes desde domingo.
 
"Nos Estados Unidos, postar um vídeo ao vivo (de Buffalo) não é ilegal", disse Ari Cohn, do think tank TechFreedom. "Não se enquadra em uma forma de expressão que não seja protegida" pela Constituição dos EUA.
 
E o que dizem as grandes marcas
 
O Twitter tem uma política de suspender as contas de suspeitos de ataques e também se permite “remover tweets que divulguem manifestos ou conteúdos” produzidos por esses autores.
 
Em uma conversa com repórteres na terça-feira, o vice-presidente de integridade de conteúdo da Meta, Guy Rosen, disse que os filtros precisam ser calibrados para não afetarem depoimentos de pessoas que passem por dificuldades e/ou prejudicar seus inscritos.
 
Apesar do investimento das grandes plataformas, impedir que alguém transmita ao vivo alguns segundos de um ato violento permanece, por definição, impossível.
 
Twitch, Facebook, Twitter, Instagram ou YouTube oferecem ao vivo.
 
O suposto atirador de Buffalo havia descrito a possibilidade de poder transmitir seu ataque ao vivo como um “motivador”. Ou seja, ele havia dado um ‘recado’.
 
“A recente tragédia (em Buffalo) ressalta que esta não é uma questão partidária”, insiste Matt Schruers, presidente da associação da indústria de computadores e comunicações (CCIA).
 
“Atrapalhar a indústria quando ela quer perseguir maus atores tem consequências de vida ou morte”. 

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