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30/05/2022 às 09h15min - Atualizada em 30/05/2022 às 09h15min

Aumenta número de mortos em Pernambuco

Presidente Jair Bolsonaro esteve presente para analisar danos causado pelas enxurradas

Leandro Mendonça
Djair Pedro/Governo de Pernambuco
O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), órgão federal ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, emitiu um boletim geo-hidrológico na última quarta-feira (25) em que alertou para o "risco alto" de chuvas intensas e de deslizamentos na região metropolitana do Recife.
 
Mesmo com o alerta, a prefeitura da capital pernambucana só acionou o plano de contingência na sexta-feira (27), quando a Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima) emitiu um outro comunicado informando a previsão de chuva intensa para o final de semana.
 
Entre sexta e ontem, o estado contabilizava 79 pessoas mortas em consequência das chuvas e 3.957 desabrigados.
 
Procurada, a Prefeitura do Recife confirmou ter usado como referência os alertas da Apac. Plano de contingência é um planejamento previsto em lei federal de 2012, determinando que os municípios tenham definidas ações de proteção e defesa civil.
 
Elaborado a partir de uma hipótese de desastre, é nele que está a definição de procedimentos, ações e decisões em caso de eventos extremos, com preparação e resposta ao ocorrido.
 
O governo pernambucano decretou emergência no estado. Quatorze municípios da região metropolitana também decretaram emergência. O governador Paulo Câmara (PSB) disse ontem que não há clareza sobre número de desaparecidos.
 
Alerta para inundações e deslizamentos No boletim de quarta-feira passada do Cemaden, há dois tipos de alertas. No primeiro, sobre risco hidrológico, o boletim alerta que "considera-se ALTA a possibilidade de ocorrência de alagamentos e inundações urbanas nas mesorregiões da Mata Pernambucana, Metropolitana de Recife, Leste Alagoano devido aos acumulados de chuva em 48 horas e à previsão de chuva com intensidade moderada", diz, citando que o nível de alerta poderia ser ainda maior. Ressalta-se que em caso de possíveis ocorrências, o impacto para a população pode ser além do nível alto."
 
Já o outro alerta é sobre impacto geológico, que também cita risco alto com a "possibilidade de ocorrência de movimentos de massa [deslizamentos] na Região Metropolitana de Recife e no Leste Alagoano, devido aos elevados acumulados nas últimas 72 horas ]
(superiores a 250 mm) e à previsão de pancadas ao longo do dia, com intensidade moderada, que poderão ser suficientes para deflagrar deslizamentos de terra esparsos induzidos". Em vídeo publicado nas redes sociais da Prefeitura do Recife na sexta à noite (veja abaixo), o secretário de Defesa Civil do Recife, Cassio Sinomar, informa que, com o alerta da Apac, houve o acionamento do plano de contingência.
 
O secretário diz que, com o plano acionado, a Defesa Civil enviou alerta por mensagem de texto a 32 mil famílias para que tivessem "atenção especial neste momento" e, qualquer necessidade, entrassem em contato com a Defesa Civil.
 
O que diz a Prefeitura do Recife Procurada pela coluna, a Prefeitura do Recife afirmou que a Defesa Civil do Recife "toma como referência os alertas emitidos pela Apac, órgão competente para as previsões de tempo e temperatura no Estado de Pernambuco e integrante do sistema nacional de meteorologia". "A Defesa Civil do Recife agiu imediatamente após a Apac emitir o alerta, no final da manhã de sexta, com a convocação de mais de 3 mil servidores municipais para atuarem em regime de plantão desde a sexta-feira (27)", diz a pasta, citando outras ações.
 
"[Houve ainda] o envio de alerta, via SMS, para mais de 32 mil famílias que moram em áreas de risco; o reforço da orientação às pessoas que moram em áreas de risco para ficarem atentas às chuvas e procurem locais seguros para se abrigarem; e a disponibilização de vagas nos abrigos Irmã Dulce e Emergencial para acolher os moradores que desejassem se proteger", finaliza a nota.
 
Segundo José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, quando um um boletim do órgão traz um alerta de risco alto, a Defesa Civil é informada de imediato. "A sequência é a seguinte: o Cemaden emite um alerta para Defesa Civil em Brasília, e eles repassam às defesas civis das prefeituras; a partir daí depende delas [a ação]", diz.
 
Líderes comunitários afirmam que não foram alertados sobre a necessidade de desocupar as áreas nem receberam ajuda, como veículos que os levassem a abrigos seguros.
 
Líderes comunitários afirmam que não foram alertados sobre a necessidade de desocupar as áreas nem receberam ajuda, como veículos que os levassem a abrigos seguros.
 
"Nenhum morador dessas comunidades recebeu alerta para que saíssem de suas casas; tampouco tiveram ajuda naquele momento anterior para que se antecipasse e não acontecessem as mortes", conta Carla Eduarda da Paz, coordenadora no estado do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia.
 
Ainda na quinta-feira (26), diante da previsão de chuvas intensas, outro órgão federal, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) realizou uma entrevista à imprensa, em Brasília, para alertar moradores das áreas afetadas.
 
Na ocasião, a coordenadora geral de meteorologia aplicada do Inmet, Márcia Seabra, afirmou que as chuvas na região poderiam variar de 150 a 200 mm por dia durante o final de semana.
 
"Essas chuvas deverão cair novamente em áreas que já foram atingidas, como as localidades do Grande Recife, Maceió e todo o leste da Região Nordeste", disse na ocasião.
 
A tragédia Na região metropolitana do Recife, 79 pessoas morreram até ontem por conta das fortes chuvas. A maioria das mortes e desaparecimento ocorreu por conta dos deslizamentos de terra ocorridos entre a noite de sexta e o sábado.
 
Somente na comunidade Jardim Monte Verde, no bairro do Ibura (que fica em uma região entre os municípios do Recife e Jaboatão), foram 21 vítimas, além da várias pessoas soterradas e desaparecidas.
 
Moradores da área compararam a tragédia com um "filme de terror". As buscas do Corpo de Bombeiros continuam por desaparecidos, com apoio de equipes de Minas e Gerais e Rio de Janeiro.
 
O governo federal declarou ter R$ 1 bilhão disponível para ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de casas e infraestruturas públicas destruídas com os temporais.
 
 O presidente Jair Bolsonaro deve ir hoje ao Recife ver de perto o estrago feito pelas chuvas.
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