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13/07/2022 às 22h52min - Atualizada em 13/07/2022 às 22h52min

Saiba como funciona o sistema de saúde em Ontario

Uma parcela tem acesso à saúde pública, mas para quem não tem, há opções como seguros privados, e clínicas que dão assistência aos imigrantes

Larissa Valença
North York General Hospital. Créditos: Larissa Valença
O sistema de saúde do Canadá pode variar de província para província. Em, Ontario, o plano de saúde concedido pelo governo se chama OHIP (Ontario Health Insurance Plan, na tradução seria Plano de seguro de saúde de Ontario). Mas, diferentemente do Brasil, não são todas as pessoas que são elegíveis e podem ser atendidas por esse sistema de saúde público. Outras alternativas para quem não está coberto pelo OHIP são contratar seguros privados e, há, também, algumas clínicas que prestam serviços gratuitos. 


Através do OHIP, a província propicia que o assegurado usufrua de vários serviços de saúde, como idas ao médico de família, emergência, exames e cirurgias, são alguns dos procedimentos pagos pelo governo.  Porém, se qualificam para adquirir o benefício apenas quem possui certos requisitos, como, por exemplo: Ser canadense, indígena, ou residente permanente, viver em Ontario com uma permissão de trabalho válida (work permit)- trabalhando em um cargo em período integral (full-time) por pelo menos 6 meses- nesse caso, o cônjuge pode passar a ter direito, também. Além disso, é preciso seguir outras exigências em relação ao período que reside na província: estar em Ontario por 153 dias em 1 ano, depois que começou a morar na província, ou estar em Ontario por 153 dias dos 183 primeiros dias imediatos depois que começou a viver aqui.

Caso a pessoa for elegível, ela precisa aplicar para receber o benefício, indo até um ServiceOntario Centre, uma espécie de centro do governo para resolver burocracias, tirar alguns documentos. É preciso levar um formulário já preenchido, três documentos que comprovem que a pessoa se qualifica, algum que mostre que vive na província, e algum outro de identidade. Depois, disso, estará apta para receber o cartão de saúde (health card) que deve apresentar nos locais ao precisar de algum tipo de atendimento médico.    
 
Maitê Costa deu a luz ao filho Jacob aqui no Canadá. Ela possui o OHIP e contou com toda a assistência do pré-natal ao parto.  ‘’Minha experiência com o sistema de saúde em Toronto foi ótima. Na minha gravidez, fiz todo pré-natal pelo Ohip e achei muito prático não precisar se preocupar em agendar consultas, pois eles mesmo se encarregam disso’’, relata. 


Ela vivia em uma cidade próxima a Toronto, chamada New Market, e foi nessa cidade que seu bebê, Jacob, nasceu. ‘’No hospital, o atendimento foi muito bom, os médicos, a todo momento, deram total assistência e me deixaram bastante tranquila. Optei por pagar quarto particular e apesar do alto valor, eu não me arrependo’’, detalha. 


A maior diferença entre a saúde pública no Brasil e no Canadá é que no Brasil todos têm acesso à saude pública gratuita e também temos a opção de pagar planos privados e ter acesso à consultas, exames e cirugias de forma mais rápida, muitas vezes. Já na província de Ontario, apenas alguns podem usufruir desse benefício concedido pelo governo. Por exemplo, de modo geral, estudantes internacionais e turistas não estão cobertos pelo OHIP.

No caso de estudantes internacionais, geralmente o college, se for privado, acaba exigindo que o aluno contrate um seguro de saúde à parte. E no caso, do estudante cursar programas em colleges públicos, o seguro de saúde, na grande maioria das vezes, é fornecido pela instituição. Geralmente, esses seguros somente cobrem consultas e procedimentos emergenciais e não servem caso a pessoa precise tratar uma doença crônica, ou algum problema de saúde pré-existente, por exemplo. 

Uma alternativa para quem não possui acesso ao OHIP, sem dúvidas, é contratar um seguro de saúde à parte. Há alguns que cobram valores bem em conta, como cerca de 3 a 4 dólares por dia, por exemplo. Mas, vale ressaltar mais uma vez que diferentemente dos planos de saúde no Brasil, os seguros são voltados apenas para emergências. 

No caso desse público, os estudantes internacionais, ao ter um seguro saúde, conseguem ser atendidos em walking clinics (clínicas de saúde, em que geralmente, não é exigido que o agendamento da consulta seja feito com antecedência, portanto o paciente pode apenas se dirigir ao local), ou até mesmo na emergência de hospitais, se for necessário. E o seguro saúde paga pelos atendimentos emergencias. Dependendo do local, às vezes, é necessário que o usuário realize o pagamento, e depois de enviar documentos que comprovem o atendimento ao seguro, recebe o reembolso. 
 
Uma fonte, que preferiu se identificar como anônima, contou para o North News que é estudante internacional e recentemente precisou ir ao North York General Hospital e teve todo o atendimento médico coberto pelo seguro saúde. ‘’Somente precisei enviar via e-mail a apólice do seguro ao hospital após o atendimento. Eu estava com COVID e certas complicações por conta desse vírus, então me dirigi ao hospital. Era uma segunda-feira à noite, e não demorei tanto para ser atendida, foram cerca de 2 horas’’, descreve. 
 
Se a pessoa não tiver o seguro de saúde, por exemplo, depois do atendimento emergencial em um hospital, terá que pagar à parte pelo tratamento e/ou internação.  

Semelhante à saúde pública no Brasil, ao precisar ir à emergência de um hospital, o serviço costuma ser demorado. ‘’Já fui atendida pela saúde pública em outra oportunidade e apesar da longa demora, correu tudo bem. Nós estamos acostumados com a rede privada no Brasil, onde podemos marcar consultas a qualquer momento e menos filas, mas temos que nos adaptar a esse sistema totalmente diferente’’, define Maitê.

Outra diferença que pode ser apontada entre o sistema de saúde do Brasil e que os brasileiros costumam estranhar um pouco ao chegar no Canadá é o médico de família. Para quem possui OHIP, por exemplo, é essencial procurar um médico de família disponível, que cuida da saúde do ser humano como um todo, como se fosse um clínico geral, e tem o aval para dar encaminhamentos para outras especialidades, caso seja necessário, também. 

Outra saída para quem não possui a cobertura do OHIP, e tampouco um seguro de saúde privado, seria procurar atendimento em clínicas que prestam serviços para imigrantes no geral. Há uma dessas clínicas focada na saúde da mulher e em serviços ginecológicos, chamada IWHC. No local, é possivel ser atendida por um ginecologista, realizar alguns exames de cunho ginecológico, tratar de uma infecção urinária, por exemplo. Tudo gratuitamente. As mulheres após passarem em consulta ginecológica conseguem receber a prescrição do médico e comprar medicamentos, como antibióticos e contraceptivos, por um preço mais acessível no local. Já que aqui em Toronto a compra não só de antibióticos, como também de anticoncepcionais, só pode ser realizada mediante ao receituário médico. A clínica está localizada  no coração de Toronto, relativamente próxima a estação de metrô College, em 489 College Street, sala 200. Outro facilitador é que há profissionais que trabalham no local aptos a falarem outros idiomas além do inglês, como o português. 

Outra clínica, focada em atender refugiados, imigrantes em vulnerabilidade, ou que não possuem cobertura médica pelo OHIP ou seguros privados, é a Access Alliance, que oferece uma variedade maior de especialidades médicas e também outros serviços comunitários. E possui diversas clínicas espalhadas pela cidade: College (Downtown)-340 College Street, sala 500 , Jane- 761 Jane Street segundo piso, Scarborough- Danforth- 3079 Danforth Avenue. ‘’Eu soube dessa opção e me inscrevi. Não são todos os medicamentos e exames que eles cobrem. Mas, dão um bom auxílio, dá para conseguir anticoncepcional, alguns exames de rotina são fornecidos. Se for um caso mais grave, eles te mandam para um hospital, e depois conseguem desconto no valor total do tratamento’’, relata Vanessa Murcilio, que já foi atendida em uma das unidades da clínica  e se mostrou satisfeita com o serviço prestado. 
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