O Dr. Hector Ocaranza sabia que El Paso teria sarampo no momento em que ele começasse a se espalhar no oeste do Texas e no leste do Novo México.
As rodovias conectam sua cidade fronteiriça com o epicentro do surto maciço do Texas, que já atingiu 663 casos. São as mesmas estradas usadas por milhares de famílias e caminhoneiros comerciais que atravessam o México e voltam todos os dias.
►Confira a cobertura completa sobre os surtos de sarampo no Canadá
“As doenças não conhecem fronteiras”, disse Ocaranza, o principal médico de saúde pública de El Paso, ‘portanto, como as pessoas têm mobilidade, elas virão e receberão atendimento médico em El Paso, mas podem estar morando em Juarez’. Demorou alguns meses, mas El Paso agora tem a maior contagem de casos de sarampo no estado fora do oeste do Texas, com 38. A vizinha Ciudad Juarez registrou 14 casos até segunda-feira.
Os três maiores surtos de sarampo da América do Norte continuam aumentando, com mais de 2.500 casos conhecidos; três pessoas morreram nos EUA e uma no México. O surto começou no outono em Ontário, no Canadá; depois decolou no final de janeiro no Texas e no Novo México; e se espalhou rapidamente no estado de Chihuahua, que já tem 786 casos desde meados de fevereiro.
Esses surtos estão ocorrendo em áreas com uma população notável de certas comunidades cristãs menonitas que, ao longo de gerações, migraram do Canadá para o México e para Seminole, no Texas. As autoridades de saúde de Chihuahua atribuem seu primeiro caso a uma criança menonita de 8 anos de idade que visitou a família em Seminole, adoeceu e espalhou o vírus na escola. E as autoridades de Ontário dizem que o surto começou em uma grande reunião em New Brunswick envolvendo comunidades menonitas.
As autoridades mexicanas e norte-americanas também afirmam que as cepas genéticas do sarampo que estão se espalhando no Canadá correspondem aos outros grandes surtos.
“Esse vírus foi importado, viajando de país para país”, disse Leticia Ruíz, diretora de prevenção e controle de doenças em Chihuahua.
Os países das Américas do Norte e do Sul têm se esforçado para manter a taxa de vacinação contra o sarampo de 95%, necessária para evitar surtos, disse o Dr. Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde. E um relatório recente da Organização Mundial da Saúde disse que a atividade do sarampo na região das Américas aumentou onze vezes em relação ao mesmo período do ano passado e que o nível de risco é “alto” em comparação com o nível “moderado” do resto do mundo.
Casos de sarampo foram confirmados em seis países da região - Argentina, Belize, Brasil, Canadá, Estados Unidos e México - e a investigação da disseminação da doença é trabalhosa e cara. A resposta a cada caso de sarampo nos EUA tem um custo estimado de US$ 30.000 a US$ 50.000, de acordo com o Dr. David Sugerman, cientista dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Sarampo na fronteira entre os EUA e o México
Os casos em Ciudad Juarez não têm ligação direta com o assentamento menonita em Chihuahua, disse Rogelio Covarrubias, funcionário da saúde na cidade fronteiriça. O primeiro caso de sarampo em El Paso foi em uma criança em Fort Bliss, disse Ocaranza.
Mais da metade dos casos de El Paso são em adultos, o que é excepcionalmente alto, e três pessoas foram hospitalizadas. O departamento de saúde está realizando clínicas de vacinação em shoppings e parques e afirma que centenas de pessoas já tomaram a vacina. As vacinas são gratuitas - sem perguntas, independentemente do lado da fronteira em que você mora.
►Confira a cobertura completa sobre os surtos de sarampo no Canadá
A comunicação sobre sarampo entre os dois departamentos de saúde é “informal”, mas “muito boa”, disse Ocaranza. Covarrubias disse que sua equipe foi alertada na semana passada sobre um caso de uma pessoa que ficou doente em El Paso e voltou para casa em Juarez.
“Há uma preocupação constante em Ciudad Juarez... porque temos viajantes de todo o mundo passando por aqui”, disse Covarrubias. “Com um possível caso de sarampo sem tomar precauções, muitas, muitas pessoas podem ser infectadas.”
Sarampo na fronteira entre os EUA e o Canadá
As autoridades de saúde de Michigan disseram que o surto de quatro casos no condado de Montcalm está ligado a Ontário.
A chefe médica executiva do estado, Dra. Natasha Bagdasarian, espera ver mais casos. Michigan tem uma taxa de vacinação de 95% para sarampo, caxumba e rubéola, mas ela esconde pontos fracos - condados com taxas de vacinação de 70% e escolas individuais onde apenas 30% das crianças foram vacinadas.
“Se pensarmos no sarampo como um incêndio florestal, temos essas brasas que estão flutuando no ar neste momento”, disse Bagdasarian. “Se essas brasas resultarão em outro incêndio florestal, depende apenas de onde elas caírem.”
No Canadá, seis das 10 províncias registraram casos de sarampo. Alberta tem o segundo maior número de casos, com 83 em 12 de abril, de acordo com dados do governo.
A contagem de casos em Ontário chegou a 1.020 nesta quarta-feira, principalmente na parte sudoeste que faz fronteira com Michigan. Em uma das regiões mais afetadas, as autoridades de saúde pública de Chatham-Kent anunciaram uma exposição pública em uma igreja menonita no domingo de Páscoa.
“Às vezes, parece que estamos atrasados, sempre tentando alcançar o sarampo”, disse a Dra. Sarah Wilson, médica de saúde pública da Public Health Ontario. “Ele está sempre se movendo para algum lugar”.
• Acompanhe o North News em todas as plataformas •
Canal no Whatsapp
X
Instagram (perfil principal)
Instagram (perfil secundário devido aos bloqueios da Meta)
Threads
Grupo no Whatsapp
