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21/09/2022 às 08h12min - Atualizada em 21/09/2022 às 08h12min

Espanha tenta copiar modelo de Jair Bolsonaro

Presidentes de partidos conservadores foram ao Brasil para aprender com Deputados aliados de Bolsonaro

Leandro Mendonça
DAVID MUDARRA (PP) (EUROPA PRESS)

A batalha pela hegemonia da direita espanhola é travada também fora das fronteiras do país europeu. O conservador Partido Popular (PP), principal oposição ao Governo socialista de Pedro Sáchez, e o de ultra-direita Vox abriram uma disputa pelo ponto de referência europeu desta ideologia na América Latina, continente que está submetido a um acelerado processo de polarização política no qual os partidos moderados estão sendo varridos pela ascensão de candidatos populistas.
 

O presidente do Vox, Santiago Abascal, embarcou de surpresa para o Brasil na sexta-feira para participar em Várzea Grande (MT) do Congresso Brasil Profundo, do Instituto Conservador-Liberal criado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que também esteve presente no evento. A presença de Abascal seria uma forma de se contrapor à atual viagem pela região do líder do PP, Pablo Casado.

Na Europa, o líder do Vox explora alianças com partidos ultraconservadores, enquanto o PP trata de impulsionar o bloco de centro-direita após a perda de influência com a saída de Angela Merkel da chancelaria alemã. A política externa de Casado e Abascal revela uma fissura ideológica entre as duas formações, que no entanto estão fadadas a se entenderem se os conservadores somarem maioria nas próximas eleições gerais, com a tendência antieuropeísta do Vox como principal ponto de choque.

 

Para que não fique nenhuma dúvida de que a viagem de Abascal ao Brasil tinha como objetivo puxar o tapete de Casado, o comunicado do Vox sobre o assunto incluía declarações do seu dirigente acusando o chefe do PP de querer “chegar a acordos, formar um Governo na Espanha com os sócios do Fórum de São Paulo e do Grupo de Puebla, com os quais se sentam à mesa de terroristas e narco ditadores”. Referia-se, com esta frase venenosa, à afirmação de Casado de que estaria disposto a formar um Governo de coalizão com o Partido Socialista dos Trabalhadores da Espanha (PSOE), desde que sem a figura do atual primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, caso vença as próximas eleições. O Fórum de São Paulo e o Grupo de Puebla são espaços de encontro da esquerda latino-americana e espanhola. O primeiro se refere a partidos, enquanto o segundo, a personalidades. Deles participam desde forças sociais-democratas até a comunistas, e figuras como o ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e o ex-presidente Lula.
 

O Vox pinta essas duas entidades com tintas monstruosas e estabeleceu uma aliança anticomunista para frear o suposto avanço do totalitarismo de esquerda no continente. Seu estandarte é a Carta de Madri, um manifesto em defesa da democracia liberal, que poderia ser assinado pelo PP se não tivesse sido patrocinado pelo rival Vox. Já foi respaldado por 150 dirigentes internacionais e mais de 10.000 pessoas.
 

Paralelamente, Casado lançou sua própria iniciativa em termos similares, a Aliança pela Liberdade na Iberoamérica, para defender “a democracia, o Estado de direito, a economia de mercado, o Estado do bem-estar e a segurança”. Abascal convidou o PP a assinar a carta, mas os populares rejeitaram o convite. “O PP tem décadas de história na Iberoamérica, não somos recém-chegados, e tem suas próprias iniciativas, que apresenta de modo sério e formal aos presidentes”, contrapõe Pablo Hispán, porta-voz-adjunto de Relações Exteriores do PP no Congresso, que acompanha Casado em sua excursão latino-americana.

O objetivo da Espanha é criar um governo similar ao de Jair Bolsonaro, com ideologia familiar, cristã e com Forças Armadas podendo agir, se necessário.


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