Canadá vai oferecer vistos de 3 anos para as famílias de canadenses em Gaza, a partir de 2024

Membros da família elegíveis que poderão se inscrever incluem: cônjuge, parceiro de direito comum, filho, independentemente da idade, neto, irmão, pai ou avô de um cidadão canadense ou residente permanente, bem como seus familiares imediatos

Ilustrativa | AP Photo/Fatima Shbair via CTV News

 

O Canadá está implementando novas medidas de imigração, incluindo a concessão de vistos temporários para indivíduos em Gaza que sejam parentes de canadenses, bem como israelenses e palestinos que já estejam no país.

Observando que muitos canadenses estão preocupados com a segurança de seus entes queridos que estão atualmente em Gaza, o Ministro da Imigração, Refugiados e Cidadania, Marc Miller, anunciou nessa quinta-feira que o governo concederá vistos de residência temporária de três anos para familiares de cidadãos canadenses e residentes permanentes.

"Assim, eles podem vir para o Canadá e se reunir com seus familiares que residem aqui", disse ele, ao mesmo tempo em que advertiu que o Canadá não tem garantias quanto a novas evacuações do território controlado pelo Hamas.

Miller estima que o novo programa entrará em vigor em 9 de janeiro, prometendo que os feriados que se aproximam não impedirão o trabalho de seu departamento nesse caso.

Os membros da família elegíveis que poderão se inscrever incluem: cônjuge, parceiro de direito comum, filho, independentemente da idade, neto, irmão, pai ou avô de um cidadão canadense ou residente permanente, bem como seus familiares imediatos. Será exigida documentação, incluindo prova de relacionamento e dados biométricos.

A partir de quinta-feira, o governo federal também está disponibilizando autorizações de estudo isentas de taxas ou autorizações de trabalho abertas para familiares imediatos de cidadãos canadenses ou residentes permanentes, desde que morem atualmente no Canadá e tenham deixado Israel ou os territórios palestinos a partir de 7 de outubro.

"Os israelenses e palestinos que já estão no Canadá e que se sentem inseguros para voltar para casa nesse momento também se qualificam para as permissões de estudo ou de trabalho abertas com isenção de taxas", disse Miller.

O ministro disse que também determinou que todos os pedidos de residência permanente existentes e novos para palestinos dentro dos fluxos baseados em família recebam processamento prioritário, já que Gaza está atualmente "inabitável".

Miller anunciou o trio de medidas durante uma coletiva de imprensa em Ottawa, fornecendo uma atualização para os canadenses "afetados pelo conflito em Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza".

"A guerra contínua entre Israel e o Hamas criou uma catástrofe humanitária de escala sem precedentes em Gaza", disse ele. 

O primeiro-ministro Justin Trudeau deu o primeiro sinal de que essa notícia estava a caminho, dizendo que, embora o governo tenha facilitado a fuga de mais de 600 cidadãos canadenses e suas famílias de Gaza, era necessário mais trabalho.

"Obviamente, é uma situação extremamente difícil", disse Trudeau.

Miller estimou na quinta-feira que essas medidas poderiam resultar em centenas de entes queridos de canadenses chegando ao país, potencialmente com assistência de patrocínio.

"Se extrapolarmos o número de pessoas que trouxemos e observarmos talvez quais são as relações familiares delas, parece que pode chegar a centenas, mas não temos uma noção clara e precisa no momento", disse ele.

Esse desenvolvimento ocorre depois que os liberais enfrentaram a pressão das famílias e do NDP federal para encontrar caminhos especiais para levar os membros da família estendida dos canadenses para fora da região. Reconhecendo a defesa dos canadenses que levou ao anúncio de quinta-feira, Miller disse que as mudanças na política são para manter as famílias unidas.

"Os Novos Democratas dão as boas-vindas a esse anúncio há muito esperado pelo governo federal", disse a parlamentar do NDP Jenny Kwan em um comunicado. "As famílias estão esperando por esse dia há muito tempo."

O ministro disse que, embora as autoridades canadenses permaneçam em contato com a equipe consular no local, pressionando por mais evacuações - já que cerca de 200 pessoas registradas na Global Affairs Canada continuam presas - a situação na zona de guerra continua precária.

Ao mesmo tempo em que adverte que, apesar de o Canadá estar fazendo o que pode para ajudar, Miller observou que o governo não determina quem, quando ou quantos indivíduos podem deixar a Faixa de Gaza pela passagem de fronteira de Rafah com o Egito. 

A guerra estourou depois que o Hamas matou cerca de 1.200 pessoas e capturou cerca de 240 prisioneiros em um ataque surpresa em Israel em 7 de outubro.Israel respondeu com ataques aéreos, uma ofensiva terrestre em Gaza e cortando o acesso a suprimentos essenciais. Até quinta-feira, de acordo com a The Associated Press, citando o Ministério da Saúde em Gaza, governada pelo Hamas, cerca de 20.000 palestinos foram mortos.

"Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros na região para facilitar a saída de cidadãos canadenses, residentes permanentes e familiares elegíveis", disse Miller. 

Os canadenses pela Justiça e Paz no Oriente Médio (CJPME) também saudaram o desenvolvimento, embora continuem a instar o Canadá a pressionar por um cessar-fogo imediato, lamentando que as medidas "sejam tarde demais para muitos canadenses cujos familiares foram mortos em Gaza desde o início da guerra".

"Devemos acabar com esse pesadelo para toda a população de Gaza que não tem chance de sair", disse o vice-presidente do CJPME, Michael Bueckert, em um comunicado.

Israa Alsaafin, canadense cujo irmão foi morto em outubro enquanto tentava evacuar, e que tem outros entes queridos presos em Gaza, está implorando ao governo que aja o mais rápido possível para implementar as novas medidas de visto. Falando a repórteres em Ottawa após o anúncio de Miller, ela disse que "cada dia conta".

"A prioridade de... minha família aqui é trazer todos para a segurança", disse ela. "Muitos canadenses aqui no Canadá estão vivendo todos os dias com a dor e a preocupação com suas famílias, e ninguém merece viver essas emoções."

O departamento de imigração do Canadá abriu uma linha telefônica exclusiva para consultas sobre essas medidas: 613-321-4243. Para dar prioridade a uma consulta on-line, o governo está aconselhando o uso da palavra-chave "MOME2023" ao preencher o formulário.