02/05/2024 às 10h24min - Atualizada em 02/05/2024 às 10h24min
Brasileira é professora de português em universidade canadense
No dia 5 de maio comemoramos o Dia Mundial da Língua Portuguesa; com aproximadamente 300 milhões de falantes, a língua portuguesa é o quinto idioma mais falado do mundo, em boa parte por causa dos brasileiros, que somam a maior parte desses falantes (220 milhões só no Brasil)
Enquanto brasileiros que vivem no Canadá, a língua é provavelmente o elo mais forte que nos une enquanto comunidade. Mas você sabia que os canadenses também podem estudar português no ensino superior canadense?
A Dra. Cátia Braga Martins é a única professora brasileira do programa de Português e estudos luso-brasileiros na Universidade de York, em Toronto, onde defende a perspectiva multicultural no ensino da língua. Em sua pesquisa de pós-doutorado, estudou ensino de língua portuguesa e diáspora no Canadá.
“A melhor parte de ser professora é possibilitar a imersão dos alunos canadenses nos contextos diversos e multiculturais das comunidades de língua portuguesa, africanas, brasileiras e portuguesas. É uma luta política o reconhecimento da importância de estudar uma língua que é multicultural, diversa e que demonstra a representatividade das diferentes culturas e povos dentro de uma mesma língua portuguesa. Se consideramos o Canadá como um lugar de neutralidade dessas diferentes forças sob a língua, precisamos defender a perspectiva multicultural das comunidades de língua portuguesa”, afirma Cátia.
No dia 5 de maio comemoramos o Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Com aproximadamente 300 milhões de falantes, a língua portuguesa é o quinto idioma mais falado do mundo, em boa parte por causa dos brasileiros, que somam a maior parte desses falantes (220 milhões só no Brasil). Essa língua que nos une também é o idioma oficial de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, todas na África. Também é possível encontrar comunidades de falantes de português em Macau, na China, Timor-Leste, em Damão e Diu e no estado de Goa, todos na Índia, Malaca, na Malásia, na ilha das Flores, na Indonésia, Baticaloa no Sri Lanka e nas ilhas ABC no Caribe.
“Essa multiculturalidade é o que nos caracteriza como comunidades de língua portuguesa e, portanto, deve ser evidenciada. Ensinar requer reconhecer isso acima de tudo, proporcionar o contato e a imersão dos alunos canadenses nessas diferenças culturais para torná-los sensíveis a essa diversidade, a essa plurissignificação da língua e dos povos representados nessa língua. É um grande equívoco limitar o ensino e as referências à Língua Portuguesa ao Brasil e a Portugal, como fazem alguns programas de ensino, e restringir todo o universo multicultural e multiétnico relativo à língua ”, pontua Cátia.
Nascida em Brasília, Cátia leciona na Universidade de York desde 2019. Desde então, já teve alunos de diferentes nacionalidades. “A maioria dos estudantes é descendente de falantes de língua portuguesa, como portugueses, brasileiros e angolanos. Eles querem aprender para se comunicar com a família que está nos países de origem ou familiares mais idosos que estão no Canadá, mas que não se comunicam em inglês”, conta Cátia.
Segundo ela, além dos estudantes que têm a língua portuguesa como herança, há outros perfis de alunos. Há aqueles que procuram o curso porque têm companheiros vindos de países de língua portuguesa e desejam aprender a língua deles para se comunicar.
Há ainda outros que se interessam pela cultura brasileira, o Brasil em si e a língua e, muitas vezes, por serem falantes de espanhol, por aproximação se matriculam em língua portuguesa. Por último, segundo Cátia, alguns procuram o curso por ter algum conhecimento sobre os países que falam português e desejam visitá-los, e nesse caso esses estudantes procuram associar o conhecimento da língua com a possibilidade de entender melhor a cultura do país que pretendem visitar.
Muitos estudantes estudam a língua para depois trabalhar no bairro Little Portugal, a oeste de Toronto, que reúne uma grande comunidade falante de português. Cátia teve inclusive uma aluna canadense que seguiu carreira usando o português.
“Essa aluna brilhante terminou o português avançado em 2021 e se tornou intérprete e tradutora da língua. São poucos, mas alguns vão usar isso em clínicas, dentistas e bancos em Little Portugal, onde alguns estabelecimentos da área exigem conhecimento em português, já que parte da comunidade não fala inglês”, afirma Cátia.
O desafio como professora de língua portuguesa no Canadá é muito grande, segundo Cátia, mas ela afirma que o ofício também é prazeroso. “O desafio está associado ao prazer, satisfação e alegria de expandir e divulgar cada vez mais as culturas nos contextos múltiplos de língua portuguesa. Eu não seria a pessoa que sou hoje se não fosse a língua portuguesa em termos de pesquisa, ação, intervenção e uma satisfação gigantesca de colaborar.”