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10/01/2025 às 14h16min - Atualizada em 10/01/2025 às 14h16min

Nicolás Maduro toma posse e diz que vai garantir "paz e soberania nacional”

Presidente da Venezuela assumiu terceiro mandato em meio a acusações da oposição; para especialistas, próximos seis anos serão de isolamento no país

Redação North News
com informações CNN e Agência Brasil
Presidente Nicolás Maduro após prestar juramento durante a posse presidencial (Foto: JHONN ZERPA / Venezuelan Presidency / AFP)
 
Nicolás Maduro afirmou durante a cerimônia de posse para um terceiro mandato presidencial nesta sexta-feira que há paz na Venezuela e que seu governo garantirá também a soberania nacional.

“Eu disse que haveria paz, e há paz. E haverá paz. Somos guerreiros da história, e garantiremos a paz e a soberania nacional para sempre”, destacou, adicionando que é um momento de “fortes emoções”.

Durante a fala, Maduro também fez críticas a líderes internacionais, como Javier Milei, presidente da Argentina, e Álvaro Uribe Vélez e Iván Duque, ex-presidentes da Colômbia.


Seis anos de isolamento no país?
Segundo o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB), Roberto Menezes, o novo mandato terá como principal ponto de sustentação interno o apoio dos militares. Para a posse, inclusive, foi acionada uma quantidade inédita de forças de segurança nas ruas da capital Caracas.

Na opinião de Roberto, Nicolás Maduro perdeu a oportunidade de romper o isolamento da Venezuela, principalmente após descumprir o Acordo de Barbados, assinado em 2023, quando governo e oposição definiram as regras para as eleições nacionais.

O professor Alcides Vaz, também do Instituto de Relações Internacionais da UNB, pensa que Maduro sofre pressões não apenas pela falta de transparência no processo eleitoral, mas também pelo desgaste "natural" da longa permanência sem alternância de poder e da crise econômica.

Com o atual rompimento de relações com outros países latino-americanos, não há possibilidade de solução negociada a curto prazo, avalia o professor. O candidato da oposição, Edmundo González, esteve esta semana no Panamá e ainda tem viajado para obter apoio além dos Estados Unidos e Europa, mesmo que de forma indireta, explica Alcides.

Desde o ano passado, o governo brasileiro passou a adotar uma postura mais articulada com os demais países latino-americanos e distanciada de Maduro. O Brasil recebeu convite para posse do presidente venezuelano, nesta sexta, em Caracas. O presidente Lula não foi convidado pessoalmente para a cerimônia, e sim o corpo diplomático brasileiro na Venezuela.


Eleição contestada
A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.

Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.

A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.

O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.

O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.

O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.

Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.

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