‘Quero levar a alegria brasileira para o mundo’, diz educadora física que ensina danças brasileiras no Canadá
Nascida em Ottawa, Mariana Santos viu sua vida se transformar através da dança de ritmos brasileiros. Agora, ela quer capacitar instrutores e difundir a prática.
Bárbara Muniz Vieira, de Ottawa
30/01/2025 17h42 - Atualizado há 3 semanas
Mariana e André administram aulas em um estúdio em Barhaven e eventos em espaços como o centro comunitário Jack Purcell Centre, além de terem fundado um clube na University of Ottawa (Fotos: Brazily Fitness)
Mariana Santos nasceu e foi criada em Ottawa, mas não negou sua ascendência brasileira ao escolher a dança como profissão que escolheria para sua vida. Filha de brasileiros, Mariana conta que seus pais protagonizaram um romance de cinema. Seu pai, um gaúcho de Bagé, conheceu sua mãe, manauara, durante uma viagem ao Brasil após aceitar um emprego no Canadá. “Eles se conheceram em um hotel onde minha mãe trabalhava. Depois, ficaram trocando cartas. Minha avó disse que minha mãe só poderia ir para o Canadá se fosse casada, então eles casaram por procuração”, conta Mariana.
Da timidez à pista de dança
Criada em Ottawa, Mariana era uma criança introvertida e avessa à prática de esportes. Mas tudo mudou quando, aos 14 anos, seu pai conseguiu um emprego em São Paulo, e a família se mudou para o Brasil. “Foi muito difícil. Eu não falava português, só entendia o básico. Era uma cultura totalmente diferente. Cheguei a desenvolver transtornos alimentares naquela época.” Foi então que a dança mudou a vida dela.
Um grupo de amigos a levou a uma academia de dança próxima e foi amor à primeira vista.. “Comecei a dançar e fui me soltando. Adorei o estilo de vida no Brasil. É como nos filmes, quando toca uma música na festa e todo mundo sabe as coreografias, sabe? Isso acontece mesmo no Brasil, e eu achava incrível como isso une as pessoas.”
Dança: paixão e profissão
De volta ao Canadá, já apaixonada pela dança, Mariana decidiu fazer dela sua profissão. Estudou no Algonquin College e tornou-se personal trainer, além de instrutora de aulas coletivas como Zumba e Bodyjam. “Sempre incluía músicas brasileiras nas aulas. No início, ficava com medo de as pessoas não gostarem, mas eram sempre as músicas mais pedidas.”
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Aos 25 anos, Mariana voltou sozinha ao Brasil, onde conheceu seu marido, André, em uma aula de dança. Eles se conectaram pela paixão compartilhada e, juntos, começaram a construir uma carreira como empreendedores no setor.
Unindo saúde mental e dança
Hoje, Mariana e André administram aulas em um estúdio em Barhaven e eventos em espaços como o centro comunitário Jack Purcell Centre, além de terem fundado um clube na University of Ottawa. O objetivo vai além de queimar calorias: eles querem usar a dança para fortalecer a autoestima e construir comunidades. “As pessoas não querem só perder peso. Querem se sentir bem, criar laços e melhorar a saúde mental. Nosso foco é levar essa alegria brasileira ao mundo.”
As aulas têm um diferencial: as coreografias são desafiadoras, mas recompensadoras. Mariana explica: “O objetivo é aumentar a confiança. Você se desafia e percebe que consegue, mesmo quando é difícil. Foi assim comigo. Eu treinava em frente ao espelho no Brasil, voltava feliz para a aula quando dominava um passo. Quero que as pessoas sintam isso também.”
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Planos para o futuro: mais do que dança, uma comunidade global
Mariana e André estão desenvolvendo um aplicativo para expandir o alcance de dançar ritmos brasileiros. “Nosso objetivo é criar uma comunidade de pessoas que se apoiam. A dança é poderosa para tratar a depressão, mas você precisa permitir que ela faça parte da sua vida. Errar faz parte. Queremos que as pessoas riam, se divirtam e aprendam a curtir a jornada.”
O aplicativo oferecerá aulas mensais, com vídeos detalhados para ensinar os passos e criar um espaço de interação entre os participantes. “Queremos mostrar que a dança pode transformar vidas, como transformou a minha. A dança une as pessoas, aumenta a autoestima e traz alegria. Isso é o que quero levar ao mundo todo.”
FONTE: Bárbara Muniz Vieira - Especial para o North News