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27/12/2022 às 11h46min - Atualizada em 27/12/2022 às 11h46min

Conheça a história do Rei Pelé: O homem, o ícone e o Deus do Futebol

Da pele negra ao Senado, do Santos ao tricampeonato Mundial

Reprodução/Arquivo CBF

Boa parte do mundo descobriu o Brasil e a Seleção Brasileira através do Pelé. Num planeta ainda não globalizado pela internet, muitos ouviram falar desse distante país através do jogador e do futebol. É indissociável a ligação da imagem do país com esses dois ícones. Mesmo após pendurar as chuteiras, continuou como o efetivo Embaixador do Brasil.

É muito comum para nós, brasileiros, estarmos em qualquer parte do mundo e sermos saudados com simpatia através da ligação que fazem com o Pelé. Sempre querem saber histórias, curiosidades e nos reverenciam através da associação com a imagem do atleta.

Mais famoso que o Papa

Numa época pré-Google, no início dos anos 90, a ONU fez uma pesquisa para buscar quais as palavras eram as mais conhecidas no mundo, levando em consideração todos os setores de atividade. E o resultado final foi: Pelé, Coca-Cola e Papa.

Ele não é apenas o maior jogador de futebol ou atleta do século 20. É reverenciado como um Rei, num mundo onde a maioria das monarquias restantes possui função meramente decorativa. Receber essa condecoração informal sendo preto, pobre e com pouca escolaridade num mundo excludente e preconceituoso é verdadeiramente uma exceção. Sua subida nesse podium mundial serve de esperança para muitos furarem o bloqueio da exclusão social. Só um parêntese: em 1940, quando Edson Arantes do Nascimento nasceu, o Brasil tinha apenas 52 anos em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea de libertação dos escravos.
 

Ditadura Militar
Foi muitas vezes cobrado por um posicionamento combativo em relação à ditadura militar que se estendeu do Golpe aplicado em 1964 até o ano de 1985. Era um período em que ainda não tinha-se atentado que o silêncio também pode ser uma forma de chamar a atenção. Mas não seria injusta essa cobrança sem levar em consideração o contexto histórico?

Nos anos 90, aprendeu a ir mais fundo nas questões sociais e chegou a pedir que pretos votassem em negros, uma representatividade que não existe até hoje na política e em outros segmentos brasileiros.
No Senado Federal, a composição com as eleições de 2022, os declarados pretos ou pardos são apenas 24% das cadeiras, uma representatividade ainda bem distante do perfil da população brasileira.

Namoro com a Rainha Xuxa
Foi muito criticado por só namorar mulheres brancas e louras. Entre seus relacionamento, com a intitulada Rainha dos Baixinhos, a apresentadora Xuxa. Assim desafiou outra ditadura: a das "relações interraciais" (repare que coloquei entre aspas esse termo também altamente racista). Mostrou que um negro pode namorar quem quiser lhe corresponder. Foi uma forma de mostrar a um Brasil elitista e racista que o amor ou a atração não podem ser separados pela cor da pele.

Criancinhas

Nas entrelinhas, ao completar seu milésimo gol, há mais de cinco décadas, pediu ao mundo que lembrasse das criancinhas e cuidassem delas. Dedicou a conquista a essa causa social, ainda pouco externada no mundo. Mas essa ordem do Rei não cumprida até hoje com a perpetuação de problemas sociais mundiais envolvendo essa faixa etária: de pedofilia até a fome, passando pela falta de acesso à educação e de perspectivas.

Garoto-Propaganda
Começou a ganhar muito dinheiro a partir de 1969 e sendo exemplo para atletas de todo o mundo de que mesmo fora dos gramados e após a aposentadoria, o atleta pode reverter sua imagem em contratos de publicidade. A marca Pelé chegou a ter valor estimado de 600 milhões de reais. Foi o se primeiro jogador de futebol garoto-propaganda.

Lei Pelé
Foi ministro dos Esportes, entre 1995 e 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso. Emprestou o prestígio do seu nome ao judiciário para implantar a a Lei Pelé ou do Passe. Ela é associada a Lei Áurea de libertação dos Escravos. Ela estabeleceu a legislação trabalhista deste segmento, dando mais autonomia ao próprio atleta a respeito de sua carreira dominada por empresários e clubes.

Apelido Pelé
Depois de Edson Arantes do Nascimento foi chamado por vários termos racistas como: Negrão, gasolina...  Enem o atleta sabe como chegou exatamente a alcunha de Pelé que o consagrou para o mundo. Também não se tem certeza de que nasceu realmente no dia 23 de outubro, já que era comum em 1940 a imprecisão da data nos registros.

Escola de Samba
Apesar de toda a fama, curiosamente Pelé nunca foi reverenciado com uma das maiores honrarias populares para uma personalidade no Brasil: ser enredo de uma escola de samba do Rio de Janeiro, berço dessa arte. O atleta já foi citado em alguns enredos, como da Grande Rio, em 2016, quando falou da cidade de Santos - onde jogou.

Mas nunca teve uma homenagem efetivamente sua nas grandes agremiações cariocas, que são mais de 30 juntando os dois principais grupos e que produzem anualmente um enredo cada uma entre as mais variadas temáticas. Ao contrário de nomes de ruas e praças, as homenagens do Samba são comumente feitas com personalidades vivas.

Estado de Saúde
Internado desde 29 de novembro, o ex-atleta de 82 anos exige maiores cuidados com a progressão da doença oncológica diagnosticada no ano passado. A atenção especial é com relação as disfunções renais e cardíacas como consequência do câncer - explica o documento assinado pelos médicos Fábio Nasri, Rene Gansl e Miguel Cendoroglo Neto. 

O Rei do Futebol assistiu à final da Copa do Mundo entre Argentina e França no quarto do hospital e foi uma das últimas postagens suas nas mídias sociais quando parabenizou Messi e os argentinos pelo título. Os filhos do atleta passaram a noite de Natal com ele no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O futebolista passa por cuidados paliativos, um tratamento que reduz a dor, mas não combate o câncer de cólon, doença que afeta muitas pessoas. Só este ano, surgiram mais de 21 mil novos casos em homens, atrás apenas do câncer de próstata, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

 


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