Entre os dias 22 e 23 de julho, a comunidade brasileira que vive na região metropolitana de Toronto pôde se reunir em um festival todo seu. A 18a edição do Toronto Brazilfest contou com uma festa de pré-lançamento na sexta-feira e o festival a céu aberto no sábado e domingo. Foram 22 horas de shows ao ar livre entre as 25 atrações musicais.
Exceto a festa de esquenta com bilhetes no Axis Club, os principais dias do Brazilfest são abertos ao público, ao ar livre e não comercializa ingresso, nem tem portaria. Dessa forma não há como saber o número exato de público participante já que são milhares de pessoas em trânsito, num vai e vem que dura os dois dias.
Rolou de tudo, do samba ao rock e hip hop, do funk e pop até a capoeira. Alguns participantes são mais experientes no mercado musical como o pianista Junior Carelli, músico que tem no currículo bandas de metal brasileiro com projeção internacional como Shaman, Noturnall e outros projetos com ex-integrantes do Angra. Ou cantores iniciantes como João Pedersen, que canta funk e vem do mesmo círculo cultural de Pabllo Vittar e Valesca Popozuda.
“Eu vim do litoral paulista e nunca tinha participado de nenhum evento fora do Brasil. Essa e como se fosse uma turne internacional, aqui em Toronto”, conta Pedersen que fez seu debut gringo no Axis Club e seguiu para o palco ao livre no dia seguinte. Muitas atrações como o grupo Capoeira Casa de Bamba, com espaço na Saint Clair Avenue, participam do festival há muito tempo, tanto com apresentações quanto em stand. “A gente está aqui com o Brazilfest há mais de dez anos. É um trânsito muito grande e as pessoas se interessam muito”, diz Mestrando Paraíba enquanto mostra a lista de pessoas interessadas na arte marcial, sejam brasileiros ou não.
Mas nem tudo sai como planejado e é preciso saber improvisar, algo que o povo brasileiro sabe fazer e muito bem. Acontece que houve uma queda de energia às 1:40 da tarde do sábado em Earlscourt Park e arredores. Mas a música não parou graças ao gerador cedido pelos parceiros do evento. Além do gerador, havia caixa de som emprestada. Isso mostra que o Toronto Brazilfest, que não tem apoio governamental, funciona graças ao envolvimento da comunidade. “É um trabalho comunitário, então hoje foi o jeitinho brasileiro que fez tudo funcionar”, explica Arilda.
Nem chuva foi capaz de acabar com a festa no domingo. Uma pausa talvez, já que apresentações como de passistas de samba precisaram esperar o evento climático passar. No entanto, isso não diminuiu a participação do público. Mesmo após a chuva ainda pode se ver um fluxo de mais pessoas chegando para curtir o último dia de programação. Até a prefeita eleita de Toronto Olivia Chow deu uma passadinha pra conferir o evento antes da chuva. Mas a organização ressalta: nenhuma personalidade da política local foi convidada e a prefeita provavelmente estava à paisana em um domingo de folga.
Como Arilda comentou, a vontade de criar as festividades veio do puro senso de comunidade e pertencimento que os brasileiros anseiam há décadas em solo estrangeiro. “A comunidade portuguesa, grega, indiana e demais, todos tem suas celebrações aqui no Canadá e porque nós brasileiros não temos? Então eu criei o festival por amor. Para que a comunidade brasileira tivesse contato entre si”, conta a organizadora, que encabeça a logística do projeto cultural há duas décadas.
Apesar de 20 anos de história, esta foi a 18a edição do evento. Por conta da Pandemia de Covid-19, as edições de 2020 e 2021 não aconteceram. Por este motivo o interesse do público vem crescendo, já que a volta em 2022 atraiu milhares de pessoas em 2023. A edição de 2024 está prevista para acontecer entre 20 e 21 de julho no mesmo local. No entanto, o processo seletivo ainda não teve início. É possível que o planejamento do festival retorne após o mês de outubro para a inscrição de negócios, artistas, voluntários e patrocinadores.