O trabalho de resgate e socorro após o terremoto que atingiu o Marrocos entrou em um período “desafiador”, mas ainda há esperança de encontrar sobreviventes, disse à CNN um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Qualquer resposta humanitária é sempre complexa, complicada e desafiadora. Penso que assim será”, disse Joe English, especialista em comunicações de emergência da Unicef.
“As primeiras 72 horas em termos de busca e resgate são absolutamente críticas. Eles chamam isso de ‘período dourado’, porque se você vai ficar sob os escombros, esse será o momento de fazê-lo [o resgate], mas às vezes vemos milagres”, ponderou.
English destacou que muitas famílias que fugiram de suas casas “apenas com as roupas do corpo” passaram uma segunda noite nas ruas de Marrakech, a maior cidade perto do epicentro do terremoto.
“As crianças viram as suas escolas e casas destruídas e agora vivem nas ruas sem qualquer abrigo”, comentou English.
“Estaremos aqui o tempo todo e apoiaremos as crianças e suas famílias depois, mas não podemos fazer isso sem apoio público e doações — tudo isso é realmente crítico — em termos de obtenção de água potável, abrigo e comida a longo prazo”, colocou.
Tremor mais forte em 120 anos O número de mortes confirmadas no terremoto que atingiu o Marrocos na sexta-feira (8) chegou a 2.012 pessoas, informou a TV estatal marroquina na noite deste sábado (9), citando um comunicado do Ministério do Interior.
A contagem dos feridos aumentou para 2.059, incluindo 1.404 pessoas que estão em estado grave.
Com magnitude de 6,8, o terremoto que partiu das montanhas do Alto Atlas, no Marrocos, na noite de sexta, foi o mais forte já registrado para a região em pelo menos 120 anos, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
A magnitude de 6,8 é classificado como forte na escala Richter, de acordo com o órgão.
Embora possíveis, terremotos deste tamanho na região são incomuns, segundo o serviço norte-americano. Desde 1900, foram nove abalos com magnitude superior a 5, mas nenhum deles chegou a alcançar os 6.
Benjamin Brown, membro da equipe da CNN que estava em Marrakech quando ocorreu o terremoto, descreveu as cenas como “absolutamente chocantes”.
Em conversa por telefone, Brown contou que as pessoas de desesperavam conforme compreendiam a magnitude do que tinha acontecido e dos próprios ferimentos.
Havia muitos edifícios parcialmente destruídos, alguns com os telhados arrancados e as janelas de vidro quebradas, de acordo com ele.
A TV estatal do país, Al Aoula, relatou que partes das muralhas históricas de Marrakech também foram danificadas.
As fortificações formam um conjunto de muralhas que circundam os bairros históricos de Marrakech e foram construídas no início do século 12.