Presidente da Câmara do Canadá, Anthony Rota, renuncia em meio à polêmica do 'veterano nazista' no Parlamento

Anthony Rota anunciou sua decisão sem precedentes de se afastar após se reunir com os líderes da Câmara de todos os partidos no Parliament Hill, na tarde dessa terça-feira

THE CANADIAN PRESS/Sean Kilpatrick

 

Anthony Rota renunciou ao cargo de Presidente da Câmara dos Comuns.

A renúncia acontece depois de Rota ter convidado e dado reconhecimento da Câmara a um homem que lutou em uma unidade nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Rota anunciou sua decisão sem precedentes de se afastar após se reunir com os líderes da Câmara de todos os partidos no Parliament Hill, na tarde dessa terça-feira. Sua decisão foi tomada em meio a dias de pressão cada vez maior de parlamentares de todos os lados para que ele "faça a coisa honrada" e deixe a cadeira de Presidente da Câmara.

"O trabalho desta Casa está acima de qualquer um de nós. Portanto, devo deixar o cargo de presidente da Câmara", disse Rota, acrescentando que estava fazendo o anúncio com o "coração pesado" e que servir como presidente da Câmara foi sua "maior honra".

O incidente que levou a essa cena histórica que se desenrolou na Câmara dos Comuns ocorreu durante o discurso do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy ao Parlamento na última sexta-feira.

Após os comentários de Zelenskyy, Rota chamou a atenção da sala para um homem na galeria de espectadores que ele descreveu como "um veterano de guerra ucraniano-canadense (...) que lutou pela independência da Ucrânia contra os russos" e "um herói canadense, e nós o agradecemos por todo o seu serviço", provocando uma ovação de pé. No fim de semana, veio à tona que Yaroslav Hunka, de 98 anos, era um veterano ucraniano que lutou em uma unidade voluntária sob comando nazista.

Rota pediu desculpas primeiro no domingo e depois novamente a todos os parlamentares na segunda-feira, assumindo total responsabilidade pelo erro e por não estar ciente, até que a polêmica explodisse, do envolvimento histórico de seu eleitor com a Divisão Galicia da Waffen-SS.

"Atuei como seu humilde servidor desta Casa, cumprindo as importantes responsabilidades deste cargo da melhor forma possível", disse Rota em seu discurso de renúncia. "Reitero meu profundo pesar por meu erro. ... Esse reconhecimento público causou dor a indivíduos e comunidades, incluindo a comunidade judaica no Canadá e em todo o mundo."

A saída de Rota entrará em vigor a partir do final da sessão de quarta-feira, para permitir os preparativos para a eleição de um novo Presidente da Câmara. Enquanto isso, os vice-presidentes compartilharão a responsabilidade de presidir os trabalhos da Câmara.

Sua decisão de renunciar foi recebida com aplausos na câmara.