40% dos funcionários de hospitais de Ontário estão pensando em pedir demissão, alerta pesquisa

Após dados preocupantes, sindicato do setor pede que a província resolva a crise de pessoal

GETTY IMAGES/Thomas Northcut

 

O sindicato que representa milhares de trabalhadores da área de saúde de Ontário afirma que o governo Ford precisa fazer mais para resolver a crise de pessoal, já que uma nova pesquisa sugere que quase metade dos funcionários de hospitais da província está pensando em deixar seus empregos.

Os números são de uma nova pesquisa da Nanos que sugere que 41% dos funcionários de hospitais da província dizem que "temem ir trabalhar", e 43% dizem que estão considerando uma nova carreira.

O Sindicato Canadense de Funcionários Públicos (CUPE), que representa alguns trabalhadores da área de saúde em Ontário, afirma que os dados apontam para uma crise de pessoal que só pode piorar se a província não intervir.

"Os resultados dessa pesquisa são alarmantes", disse Sharon Richer, secretária-tesoureira do Conselho de Sindicatos de Hospitais de Ontário da CUPE (OCHU/CUPE). "Isso ilustra a gravidade da crise de pessoal que vem se arrastando há anos, mas que agora está chegando a um novo ponto de ruptura."

"Ela confirma que os trabalhadores estão profundamente insatisfeitos com as condições de trabalho, com consequências profundas em sua saúde mental."

A pesquisa revela que quase 4 em cada 5 (79%) trabalhadores não estão confiantes de que o governo da província melhorará o sistema de saúde em 2024.

"Como vamos manter nossos hospitais funcionando sem funcionários?" disse Richer. "É chocante notar que o governo não tem um plano de retenção."

"Todo o sistema depende dos trabalhadores e, ainda assim, suas necessidades continuam sendo negligenciadas."

Os líderes sindicais dizem que a província precisa investir mais $1,25 bilhão anualmente nos próximos cinco anos para ajudar a melhorar os níveis de pessoal e aumentar a capacidade. O OCHU/CUPE está propondo a implementação de proporções de funcionários por paciente nos hospitais de Ontário para ajudar nas condições de trabalho.

"As proporções de pessoal fariam uma enorme diferença ao estabelecer um padrão mínimo de atendimento", disse Dave Verch, primeiro vice-presidente do OCHU/CUPE, em um comunicado. "Isso ofereceria um vislumbre de esperança de que o governo está levando a sério a solução dessa crise."

Além disso, Verch está pedindo uma melhor remuneração e um aumento nos empregos de tempo integral no setor.

Em uma declaração ao CityNews, o Ministério da Saúde diz que a província conseguiu adicionar 15.000 novos enfermeiros no ano passado e continua a crescer e apoiar o setor de saúde.

"Nós derrubamos barreiras para facilitar o registro e a prática de enfermeiros com formação internacional e interprovincial em Ontário", disse a porta-voz do ministério, Hannah Jensen, acrescentando que "os enfermeiros de Ontário são uma das forças de trabalho de enfermagem mais bem pagas do país".

A líder da oposição do NDP, Marit Stiles, diz que o governo Ford precisa atender ao apelo dos sindicatos e parar de "subinvestir" nos hospitais.

"Há uma crise generalizada em nossos hospitais e os conservadores estão fingindo que tudo está bem - a realidade está longe disso", disse Stiles em um comunicado. "Os tempos de espera estão piorando e os conservadores transformaram o sistema de saúde do corredor dos liberais na nova norma. As salas de emergência estão fechando em um ritmo sem precedentes."

No mês passado, o auditor geral interino da província constatou que Ontário não tinha um plano central para ajudar os hospitais a lidar com a escassez de enfermeiros que leva ao fechamento temporário dos departamentos de emergência. Houve mais de 200 fechamentos temporários não planejados de departamentos de emergência em 23 hospitais de Ontário entre julho de 2022 e junho de 2023.

A recente pesquisa da Nanos entrevistou 774 funcionários de hospitais de toda a província.