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07/02/2024 às 09h38min - Atualizada em 07/02/2024 às 09h38min

Estudantes internacionais no Canadá precisam se atentar às novas regulamentações; entenda

Fique atento as novas medidas

Larissa Valença
especial para o North News
Victor Portella, que cursa Business, em Toronto (Larissa Valença)
 
Desde de o final de 2023, uma série de medidas estão sendo aplicadas pelo IRCC, órgão de imigração canadense, que estão afetando o planejamento e a vida dos estudantes internacionais no Canadá, agora, é necessário ter uma maior comprovação de renda para realizar as aplicações para o visto de estudo. E a última atualização, que foi anunciada no mês de janeiro de 2024, que resultará na admissão reduzida de estudantes internacionais no país pelos próximos 2 anos. Confira abaixo mais detalhes sobre as medidas, a justificativa dada pelo governo e também a opinião de quem estuda e sofre na pele com essas modificações. 

No início de dezembro de 2023 foram anunciadas medidas pelo IRCC, órgão de imigração canadense, que impactam na vida de quem pretende aplicar para um visto de estudo ou até mesmo para uma extensão do visto de estudante. A partir do dia 01 de janeiro de 2024 a comprovação financeira exigida para um estudante internacional, que antes era no valor de CAD$10.000, agora passa a ser no valor de CAD$20.635.00. Esse valor está relacionado ao custo de vida no Canadá, que foi atualizado depois de 2 décadas e sofrerá reajustes anuais baseados na referência de custo de vida- estabelecida pelo órgão de estatística do país, chamado Statistics Canada. O valor deve ser apresentado juntamente com a comprovação financeira referente ao primeiro ano de estudo do aluno e das suas despesas de viagem. 

O ajuste vale para todo o Canadá, inclusive para o Quebec, que possui valores diferentes, 1 aplicante menor de 18 anos deve comprovar agora o valor de CAD $7,541,00, já um aplicante maior de 18 anos deve apresentar CAD$15.078.00.

Isso com certeza reduzirá o número de aplicações, mas certos especialistas apontam que isso pode ajudar a certificar-se que quem está aplicando estará preparado para a realidade econômica do país e pode deixar os estudantes menos vulneráveis à explorações tanto pelo empregador, bem como pelas instituições de ensino.

Outra medida que dessa vez, de certa forma, beneficia os estudantes internacionais, que foi estendida até 30 de abril de 2024, é a política temporária na qual eles podem trabalhar mais de 20 horas por semana, fora do campus. 

A última medida anunciada pelo IRCC, órgão de imigração canadense, no último dia 22 de janeiro, é que o país vai limitar a quantidade de estudantes internacionais nos próximos 2 anos. 

Em uma coletiva de imprensa, o ministro da imigração canadense, Marc Miller, disse que vai diminuir a quantidade de estudantes internacionais no país em 35% já no ano de 2024, resultando em aproximadamente 364 mil autorizações de estudo que devem ser aprovadas em 2024. A medida deve ficar válida pelos próximos 2 anos. 

A estimativa é que em algumas províncias, por serem mais populosas, possam ter uma diminuição maior que 35%, como Ontario, que pode chegar até 50% na redução de estudantes internacionais. 

Segundo dados do site de estatística do país, Em 2023, mais de 1 milhão de permissões de estudo foram emitidas no Canadá. A estimativa para 2024 eram de 950 mil estudantes aceitos. 

Segundo comunicado publicado no dia 22 de Janeiro no site do governo, o país entende a importância dos estudantes internacionais tanto no aspecto social, cultural e econômico. Porém, nos anos mais recentes, a integridade do Sistema estudantil internacional tem sido ameaçada. Algumas instituições de ensino têm aumentado significativamente as turmas e cursos, focando apenas nos lucros e muitos estudantes chegaram no Canadá sem o suporte adequado para serem bem sucedidos. O aumento considerável de estudantes internacionais no Canadá também coloca pressão no mercado imobiliário, sistema público de saúde e outros serviços. Como estamos trabalhando para proteger os estudantes internacionais de gente mal intencionada e dar suporte ao crescimento populacional sustentável do Canadá, o governo está tomando essas medidas para estabilizar o número de estudantes internacionais no país.

Victor Portela, brasileiro natural do Ceará, que chegou em Toronto, a maior cidade do Canadá,  em abril do ano passado, para dar início a sua jornada de estudante internacional no país. Um sonho que ele precisou adiar por alguns anos por conta da pandemia. Ele cursou Project Management, no Fleming College Toronto e nesse ano de 2024, está cursando Business Administrator, no Georgian College. Então,  a medida relacionada à comprovar o dobro dos fundos para obter o visto de estudo impactou bastante em sua vida como um todo. “A nova medida foi um banho de água fria para mim. A dificuldade de ter uma moeda desvalorizada em relação ao dólar já tornava uma grande barreira para vir pro Canadá. Esse ano preciso extender meu visto de estudante para o meu segundo college e me deparei com essa barreira em tamanho dobrado”, relata.
 
Ainda no dia 22 de janeiro de 2024, mais medidas foram anunciadas, dentre elas a Permissão de Trabalho pós estudos, chamada de PGWP, também sofrerá alterações, ficará restrita apenas para colleges 100% públicos, excluindo as instituições público-privadas. Essa medida entrará em vigor a partir de 1 de setembro de 2024. 

Já o visto de trabalho aberto (Open Work Permit) concedido aos cônjuges de estudantes internacionais, também, será afetado, e o visto passa a ser voltado apenas aos cônjuges de estudantes de pós-graduação, como mestrado, doutorado ou cursos como medicina e direito. A medida passará a valer em algumas semanas após ter sido anunciada, porém até o fechamento dessa edição a data de implementação ainda não tinha sido divulgada.

Victor conta que sua família no Brasil tem sido seu maior suporte, tanto emocional quanto financeiro. “Graças a Deus meu pai tem tido sucesso no trabalho pra continuar me ajudando com essa comprovação. Minha irmã Natália, que já é residente permanente no Canadá, também está me dando aquela ajuda extra na comprovação financeira. Acredito e espero que isso, juntamente com o meu trabalho aqui seja o suficiente para conseguir a extensão”, coloca.

Ele menciona que tinha uma ideia diferente do Canadá antes de viver por aqui, e somente quando chegou e começou a vivenciar os desafios do cotidiano é que teve dimensão de como funcionam as coisas na país. “Desde que cheguei no Canadá e ingressei no college eu percebi o quanto minha visão sobre o país estava equivocada. Sabe aquela expressão, “só sabe vivendo” ? Então, é basicamente isso. O nível de educação achei um pouco inferior comparado a faculdade que fiz no Brasil. Falta de organização e despreparo de alguns professores também foram um desafio enorme que tive que superar para conquistar o meu certificado”, diz o estudante internacional, que é bacharel em Direito. 

O aluno acredita que agora está mais acostumado com o Canadá depois de terminar o seu primeiro college público, repleto de trabalhos e atividades. Em um dos semestres finais, Victor teve que entregar 17 trabalhos complexos, muitos deles em grupos escolhidos pelos professores, em apenas uma semana, e ele assim como todos os estudantes internacionais têm que conciliar essa vida puxada de se dedicar aos estudos e ao trabalho part-time para tentar se sustentar em uma das cidades mais caras do Canadá, Toronto, onde o aluguel de um único quarto pode custar mil dólares. 

Victor acaba de iniciar o seu segundo college e se mostra esperançoso e positivista em relação ao futuro. “Acho que me sinto mais preparado para enfrentar outro college. Apenas espero que os problemas sejam menos desgastantes dessa vez”, finaliza.

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