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15/07/2024 às 11h10min - Atualizada em 15/07/2024 às 11h10min

Thomas Matthew Crooks: o que sabemos sobre o homem que tentou matar Donald Trump, segundo o FBI

Ex-presidente dos EUA Donald Trump esteva a centímetros da morte; jovens locais que estudaram com o atirador descreveram como um solitário, que sofria bullying frequentemente e às vezes usava “roupas de caça para ir à escola”

Redação North News
com informações BBC News
Atirador foi visto em cima de um prédio | TMZ e CBS/Reprodução
 
O homem que atirou no ex-presidente dos EUA Donald Trump se chama Thomas Matthew Crooks e tinha 20 anos, segundo o FBI.

O suspeito, que trabalhava como auxiliar de cozinha, foi morto a tiros no local por um atirador do Serviço Secreto dos Estados Unidos, disse o porta-voz da agência, Anthony Guglielmi.

Crooks era de Bethel Park, também Pensilvânia, a cerca de 70 km do local da tentativa de assassinato.


Segundo a imprensa americana, ele era filiado ao Partido Republicano, conforme registros de eleitores.

Mas, segundo o jornal The New York Times, ele também fez em janeiro de 2021 uma doação de US$ 15 ao Progressive Turnout Project, grupo que apoia candidatos do Partido Democrata, por meio de uma plataforma de doações do partido chamada ActBlue.

Crooks se formou em 2022 na escola Bethel Park High, segundo declaração da instituição à CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos. Na ocasião, ele recebeu um prêmio de US$ 500 da National Math and Science Initiative, organização sem fins lucrativos que incentiva o estudo de matemática e ciências, segundo o jornal Pittsburgh Tribune-Review.

“O distrito escolar expressar seus sinceros desejos de uma recuperação rápida e completa para o sr. Trump e para aqueles presentes no evento de sábado que podem ter sido fisicamente feridos ou emocionalmente afetados por estes trágicos acontecimentos”, disse a escola Bethel Park High, após o atentado.

Crooks morava com os pais e trabalhava como auxiliar de cozinha numa casa de repouso para idosos. Ele não carregava um documento de identidade no comício, então os investigadores usaram DNA para identificá-lo, disse o FBI.

O Pentágono informou que Crooks não tinha formação militar.

“Confirmamos com cada um dos ramos do serviço militar que não há afiliação ao serviço militar para o suspeito com esse nome ou data de nascimento em qualquer ramo, componente ativo ou de reserva em seus respectivos bancos de dados”, disse o porta-voz do Pentágono, o major-general Patrick S Ryder.

Trump foi baleado durante um comício na Pensilvânia. Agentes do Serviço Secreto retiraram o ex-presidente do palco após uma série de tiros.

Ele foi visto com sangue na orelha e chegou a erguer punho depois de se levantar do chão. Em seguida, entrou em um veículo e, após receber atendimento médico, retornou à sua casa em Nova Jersey.

O FBI afirma que está tratando o incidente como uma "tentativa de assassinato". A declaração do FBI acrescenta que o incidente é uma “investigação ativa e em andamento”.

Autoridades locais confirmaram, no domingo, que havia "dispositivos suspeitos" no veículo de Thomas Crooks A imprensa local também informou que a área ao redor da casa de Crooks foi fechada e moradores precisaram deixar a região, por causa da suspeita de que haveria explosivos no local.

Técnicos especializados em bombas foram acionados para investigar o caso.

Motivação
As autoridades estão investigando os possíveis motivos do ataque e se mais alguém estava envolvido.

“Atualmente não temos um motivo identificado”, disse Kevin Rojek, agente especial responsável pelo FBI em Pittsburgh, em uma entrevista coletiva na noite de sábado.

A investigação sobre o que aconteceu pode durar meses, e os investigadores trabalharão “incansavelmente” para identificar qual foi a motivação de Crooks, disse Rojek.

Em declarações à CNN, o pai de Crooks, Matthew Crooks, disse que estava tentando descobrir “o que diabos está acontecendo”, mas que “esperaria até falar com as autoridades” antes de dar declarações sobre seu filho.

Em declarações ao meio de comunicação local KDKA, alguns jovens locais que estudaram com ele o descreveram como um solitário, que sofria bullying frequentemente e às vezes usava “roupas de caça para ir à escola”.

Outro ex-colega dele, Summer Barkley, o definiu de forma diferente, dizendo à BBC que ele "sempre tirava boas notas nas provas" e era "muito apaixonado por história".

“Ele parecia saber qualquer coisa sobre governo e história”, disse ele. "Mas não era nada fora do comum... ele sempre foi legal."

Outros simplesmente se lembravam dele como alguém quieto.

“Ele estava lá, mas não consigo lembrar de ninguém que o conhecesse bem”, disse à BBC um ex-colega de classe, que pediu anonimato. “Ele simplesmente não é um cara em quem eu realmente penso. Mas ele parecia legal.

Rejeitado em time de rifles
Crooks foi membro de um clube de tiros local, o Clairton Sportsmen's Club, por pelo menos um ano.

As autoridades acreditam que a arma usada para atirar em Donald Trump foi comprada pelo pai dele, segundo a agência de notícias Associated Press.

Falando sob condição de anonimato, dois policiais disseram à AP que o pai de Crooks comprou a arma há pelo menos seis meses.

De acordo com relatos da imprensa norte-americana, no dia em que atirou em Trump, Crooks vestia uma camiseta do Demolition Ranch, um canal do YouTube com milhões de inscritos, conhecido pelo conteúdo sobre armas e artefatos explosivos.

Quando ainda frequentava a escola, Crooks foi rejeitado pelo time de rifles do ensino médio.

Um colega de classe disse à ABC News que pediram a ele que não retornasse ao time após uma sessão de pré-temporada.

"Ele não apenas não entrou para o time, como foi convidado a não voltar mais, porque, por ser um atirador ruim, era considerado um risco", disse Jameson Myers.

Outro membro do time lembrou como Thomas Crooks "atirava terrivelmente" e "não era adequado para integrar o time de rifles".

O distrito escolar, por sua vez, disse não haver registro de que Crooks tenha tentado entrar para o time de rifles.

Quantas pessoas ficaram feridas?
Uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas no tiroteio. Todas as três vítimas são homens adultos e membros do público presente no evento, segundo a CBS News. Seus nomes não foram divulgados.

Em uma postagem em sua plataforma Truth Social, Trump disse que foi “baleado por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita”.

“Eu soube imediatamente que algo estava errado, pois ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele”, escreveu Trump. "Ocorreu muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo."

O sangue era claramente visível na orelha e no rosto de Trump enquanto os agentes o afastavam do local.

Trump está “bem” e grato aos agentes, de acordo com um comunicado publicado no site do Comitê Nacional Republicano.

A que distância estava o suposto atirador de Donald Trump?
Uma testemunha disse à BBC que viu um homem com um fuzil no telhado de um prédio antes de Trump ser baleado.

A BBC Verify analisou as imagens e confirmou que o atirador abriu fogo do topo de um armazém a menos de 200 metros do ex-presidente.

Imagens de vídeo obtidas pelo site TMZ mostram o momento em que o tiroteio começou.

O agressor abriu fogo com “um fuzil estilo AR-15”, relata a CBS News.

Os serviços de segurança afirmam que um AR-15 foi recuperado do local. No entanto, o FBI diz que não foi possível determinar imediatamente que tipo de arma de fogo o atirador usou ou quantos tiros foram disparados.

Um atirador do Serviço Secreto respondeu aos disparos e matou o atirador, disse a agência.

Imagens posteriores mostram policiais armados se aproximando de um corpo no telhado do prédio.

As autoridades acreditam que a arma usada para atirar em Trump foi comprada pelo pai de Thomas Crook, informou a agência de notícias Associated Press.

Falando sob condição de anonimato, dois policiais disseram à AP que o pai de Crooks comprou uma arma há pelo menos seis meses.

Uma imagem feita por um fotógrafo do New York Times, mostra o que parece ser uma bala em pleno voo, passando direto pela cabeça de Trump.

Então, o que sabemos sobre a arma usada no ataque, os danos que pode causar e quão perto Donald Trump esteve da morte?

O AR-15 esteve envolvido em vários tiroteios em massa.

Geralmente dispara um cartucho de 5,56 mm, o padrão da a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora possa ser convertido para disparar outros calibres. O AR-15 seria facilmente capaz de matar a essa distância, como evidenciado por uma morte (pelo menos) na multidão.

Segundo o analista de segurança Justin Crump, para que os fuzis de assalto causem o dano máximo “a energia do tiro tem que se dissipar, o que exige uma parada brusca”.

É a transferência de energia, e não apenas o deslocamento físico causado pela bala, que torna os fuzis de assalto tão devastadores.

O fato de a bala ter passado pela orelha de Trump significa que a energia potencial devastadora contida na bala não foi transferida.

No entanto, não deve deixar de causar consequências, de acordo com Crump. “A onda de choque que passou pelo tímpano não terá sido tranquila e pode deixar uma cicatriz”, diz ele.

Se a bala tivesse sido apenas um centímetro para a direita, ou se a cabeça do ex-presidente estivesse num ângulo ligeiramente diferente, toda aquela energia cinética teria sido transferida para ele, com consequências devastadoras.

Em suma, Trump estava a centímetros da morte.

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