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03/09/2024 às 11h46min - Atualizada em 03/09/2024 às 11h46min

80 toneladas de doações chegam ao Rio Grande do Sul

Itens arrecadadas em campanha feita no Canadá desembarcam entre junho e agosto no sul do Brasil e estão sendo entregues para as famílias afetadas pelas enchentes

Larissa Valença
Redação North News
À esquerda, o time em Toronto com Arnon Melo, organizando o carregamento. À direita, o carregamento em Eldorado do Sul, com Simone Boneberg de preto no caminhão e os demais voluntários | Fotos: Arquivo/Arnon Melo e Simone Boneberg
 
Não existem fronteiras para a solidariedade: Mais de 80.000 mil quilos de roupas arrecadadas em maio deste ano em mega campanha realizada concomitantemente nas principais cidades do Canadá como Toronto, Barrie, Montreal, Ottawa e Vancouver, organizada pela MELLOHAWK Logistics e pelo CONCID - Conselho Brasileiro de Cidadania de Ontario, chegaram ao seu destino final no Rio Grande do Sul nos meses de junho e agosto.
 
A super-tarefa montada em terras canadenses entre 13 e 17 de maio para ajudar parte das 876 mil pessoas que tiveram suas vidas devastadas pelas fortes chuvas no estado do Rio Grande do Sul teve seu desfecho feliz com a carga chegando para as famílias que foram afetadas pelas chuvas e enchentes, que causaram a maior tragédia vista no Rio Grande do Sul.
 
Dois carregamentos emergenciais com roupas de frio infantis e cobertores distribuídos em 182 caixas foram enviados em junho por avião, tendo em vista o frio que faz nessa região do país nessa época do ano, e os outros carregamentos com 3.254 caixas foram feitos via navio, desembarcando no Brasil no final de julho e chegando as entidades competentes pela distribuição em agosto.

As doações foram distribuídas por diversas regiões do sul do Brasil afetadas pelas fortes enchentes que aconteceram em maio deste ano. Os itens foram dirigidos à organizações sociais que estão realizando a distribuição das roupas para as famílias que perderam tudo. O idealizador da campanha no Canadá, Arnon Melo, presidente da MELLOHAWK Logistics, e também membro do CONCID e seu time no Canadá e no Brasil seguem acompanhando todos esses passos de perto para ter certeza que as doações estão chegando nas mãos de quem realmente precisa.

Arnon conta também que inicialmente as doações seriam dirigidas às instituições do governo do Rio Grande do Sul, as quais fariam a distribuição, porém os planos foram modificados. “Todas as doações foram em nome da Defesa Civil, Casa Militar, Governo do Rio Grande do Sul. Eles eram encarregados de receber e a liberação de alfandega foi feita em nome dessas organizações. Com o passar do tempo e como estávamos em contato direto com eles, desde do começo, essas organizações em comunicação com nossos colegas do nosso time em Porto Alegre, Paulo Orlandi- Trade Comissioner- do Consulado Canadense em Porto Alegre e Luciana Plackeck, que tem vasto conhecimento em logística, foram peças chaves, conexões importantes locais, porque a Defesa Civil e  outros órgãos do RS iam receber as doações e distribuir, mas com o passar do tempo eles ficaram sobrecarregados com tantas doações que chegaram e eles pediram a nossa ajuda. Esse grupo de pessoas formado por Paulo Orlandi, Luciana Plackeck e Kika Martinez, gaúcha que mora em Montreal que participou de toda a campanha comigo juntamente com a Aline Pecci foram fundamentais em encontrarem organizações idôneas em Porto Alegre e na região, nos colocando em contato com essas organizações sociais ”, detalha.

Arnon conta que a Defesa Civil, a casa militar e o governo do RS fizeram a aprovação para que as doações fossem entregues para as instituições, que prestam serviços sociais. “Todas as doações foram recebidas e aprovadas pelos órgãos do RS para as organizações sociais que nós recomendamos. Sendo elas: SOGIPA em Porto Alegre; Instituto Meu Malvado Favorito em Canoas; CUFA em Esteio; World Vision Brasil, em Canoas; SINDICATO DOS CONTADORES E TÉCNICOS EM CONTABILIDADE DO VALE DO TAQUARI, em Lajeado e Grupo Voluntario Nosso QG, em Eldorado do Sul. As instituições de cinco cidades diferentes receberam e têm feito a distribuição final”, relata.

Embarques e descarregamentos
O primeiro embarque aéreo, que saiu de Toronto chegou em Porto Alegre em 5 de Junho, contendo 74 caixas com artigos considerados urgentes com roupas infantis de frio e cobertores, foi entregue para a Organização SOGIPA, em Porto Alegre.

O segundo embarque aéreo que saiu de Montreal com 108 caixas, contendo itens urgentes como no primeiro embarque, tendo em vista o frio por ser inverno no Rio Grande do Sul, sendo eles roupas de frio infantis e cobertores, chegou em Canoas em 15 de junho e for entregue ao INSTITUTO SOCIAL MALVADO FAVORITO, que tem como responsável a presidente, Fabíola Silva.

Já os cinco containers marítimos chegaram ao Brasil no final de julho e foram para as mãos das instituições sociais em agosto. “Os containers, que demoraram um pouco mais para a chegar, primeiramente desembarcaram no porto de Itapoa, em Santa Catarina. Escolhemos esse local, por ter facilidade operacional, e também, o porto trabalhou comigo para isentar todas as taxas portuárias de todos os cinco containers que nós mandamos. Esses containers chegaram no porto no fim de julho e passaram por um processo de liberação que demorou mais ou menos de 1 semana a dez dias”, detalha Arnon Melo.

O primeiro marítimo, contendo 692 caixas foi entregue para o INSTITUTO SOCIAL CULTURAL DO RS / CUFA, localizado em Esteio, direcionado ao Junior Torres, diretor da organização no dia 07 de agosto.

O segundo container com 762 caixas chegou em Lajeado em 8 de agosto, direcionado ao SINDICATO DOS CONTADORES E TÉCNICOS EM CONTABILIDADE DO VALE DO TAQUARI para a responsável Nicole Schneider.

O terceiro container com 788 caixas foi entregue em Canoas para WORLD VISION BRASIL em 9 de Agosto, ao diretor Henrique Santos.

E os últimos quarto e quinto containers com 501 e 511 caixas respectivamente chegaram em Eldorado do Sul, direcionados para o Grupo Voluntario Nosso QG, dirigido por Simone Boneberg  em 9 de Agosto.

Nosso QG
Para o North News Simone conta que ela é responsável pela instituição Nosso QG que é um centro de acolhimento para as pessoas que perderam tudo nas enchentes.’’Temos o nosso espaço montado em um antigo supermercado que foi atingido pelas cheias e o proprietário cedeu esse local para ser um lugar solidário. E como é bem grande, nós conseguimos armazenar todas as doações que chegam até aqui para que possamos distribuir para a população que perdeu tudo. O nome é nosso QG por ser um lugar onde todas as pessoas são muito bem recebidas e saem levando tudo o que precisam, roupas, sapatos, cobertores, alimentos… Nós contamos com a ajuda da tecnologia do Instituto Bonanza para monitorar as famílias, que é ligado a TecnoPuc (Parque Científico e Tecnológico da PUCRS), esse órgão nos traz a tecnologia necessária para triar as famílias, ver o que eles estão precisando, o que está faltando e o que eles têm de recebidos. Atendemos a população todos os dias, abrimos as portas do nosso QG para todos que necessitam’’, afirma.

Simone revela que a instituição já havia recebido muitas roupas de verão, pois todo o Brasil se uniu a essa causa solidária, porém havia poucos itens de inverno.’’Sabemos que na maior parte do Brasil temos o calor e o frio é típico do sul e como nossa região, que foi basicamente 80% atingida pelas cheias, ninguém tinha como doar roupa de frio porque todos perdemos esses itens, dessa forma nós começamos a receber muita roupa de verão porque era o que as pessoas tinham e infelizmente não tínhamos roupa de frio, e a população continuava pedindo por trajes de inverno, e nós não tínhamos. E quando chegou essa carga do Canadá foi realmente um refrigério para todos nós, porque nessa carga vieram essas roupas de inverno que tanto precisávamos”, destaca.

“Então quando vocês olham os vídeos dá para ver a alegria da população, dizendo olha nunca vesti um casaco assim tão quentinho, uma roupa tão maravilhosa, nunca dormi em um lençol ou edredrom tão espetacular. Tudo o que veio do Canadá veio com uma qualidade, um cuidado, uma triagem, tudo surreal, realmente impecável. A gente abrindo as cartinhas se emocionando com os depoimento das pessoas, nos dando palavras de apoio, foi demais. Eu como canal, responsável por ligar a carga à população, digo que fui a mais agraciada porque eu pude ver as pessoas recebendo esses itens e a alegria delas ao receber essas doações tão especiais. Foi incrível e nós só temos a agradecer por essa ajuda destinada a toda população eldoradense”, enfatiza Simone com bastante alegria.

Em vídeos próximo ao carregamento ela agradece dizendo: “Essas doações vieram para as mãos certas, de pessoas que estão verdadeiramente necessitadas. A nossa cidade foi 90% afetada, a nossa população perdeu tudo. E com esse ato de tanta generosidade e amor que vocês estão tendo do outro lado da América, vão trazer muita alegria para a comunidade Eldoradense. Muito obrigada”.

Simone conta que mais de 300 famílias foram beneficiadas com as doações até então. Sendo que em cada casa há aproximadamente 4 pessoas. Ela relata que as doações ainda estão sendo feitas diariamente, então ainda não há um relatório final de quantas pessoas no total foram contempladas com as doações vindas do Canadá. “Esse número só aumenta a cada dia”, reforça.

Dever cumprido
Arnon menciona que o descarregamento das mercadorias nas instituições foram acompanhadas por Paulo Orlandi e Luciana Plackeck. “Então sabíamos muito bem para onde estava indo cada embarque, quem era o responsável dessas organizações, a hora e o dia que o caminhão chegou para descarregar, os nossos parceiros em Porto Alegre estavam sempre presentes. Essas organizações sabiam muito bem da onde a carga estava vindo e eu coloquei em cada container em diversas caixas cartas dizendo que esse embarque tinha sido feito com muito amor e carinho embalado por centenas de colaboradores e voluntários do CONCID, do Canadá todo, e que era para eles receberem o nosso amor e carinho dentro de cada caixa. E também em alguns dos containers eu coloquei uma carta com meu cartão de visita e air tags dizendo que quem recebesse aquela roupa entrasse em contato comigo e me mandasse um oi. Então, ficamos sabendo da chegada das mercadorias em cada lugar, fomos contactados, recebemos fotos e vídeos, porque tinhamos essa equipe em Porto Alegre, trabalhando conosco com o CONCID e a Mellohawk desde do início antes mesmo de processar as roupas lá no Canadá”, ratifica.

A União faz a força
Arnon enfatiza que esse trabalho só deu certo devido, desde do começo, ter sido feito com  a união de dezenas de pessoas. “Aqui no Canadá com a Mellohawk e o time que estava lá no Brasil, se comunicando com a Defesa Civil, pedindo as autorizações e indo nas organizações quando a carga chegou, acompanhando a descarga mandando para a gente as fotos, os agradecimentos de todos por receber roupas tão quentes, cobertores, roupa de criança, lençóis que foram embalados com tanto amor e carinho. É incrível ver que o esforço de centenas de pessoas do Canadá, pessoas que nem se conhecem, trabalhando em diversos pontos, desde Vancouver, Winnipeg, Toronto e região, Ottawa, e Montreal para o bem comum para ajudar os nossos irmãos e irmãs no Rio Grande do Sul. É muito bonito poder ver o final de todo esse esforço, que levou no total três meses para ser construído, desde que fizemos a coleta, a separação-triagem, o empacotamento, o carregamento e subsequente o envio dos containers e embaque aéreo para o sul. Foram três meses de muito trabalho e follow-up para ter certeza que tudo o que fizemos aqui chegasse nas mãos das pessoas mais necessitadas”, descreve com emoção.

Arnon agradece com tom de voz muito feliz e relembra todos os colaboradores da megacampanha: ‘’Quero dizer meu muito obrigado a todos os voluntários do Canadá, todos que colaboram nessa missão, iniciada pelo CONCID Ontario em cooperação com tantos brasileiros maravilhosos, em especial eu tenho que agradecer ao meu time do CONCID em Ontario, que trabalhou comigo dia e noite; Kika Martinez; Melissa Honorato e Sandra Tedesco; Anne Mourao que comandou Barrie e região; Cibelle, Maria Celia, Corine, Thales, Eduardo, Elisa, Carolina Hack, Carolina Pombo, Michele, Gustavo Macedo, Bruno, Guilherme; Laila que está em Ottawa; Marcia Carvalho da BRINCA em Ottawa e toda a minha equipe da Mellohawk, que trabalhou por uma semana no nosso armazém paralizando as nossas atividades. Não posso deixar de agradecer Paulo Orlandi, Trade Comissioner – do Consulado Canadense em Porto Alegre, e Luciana Plackeck, minha grande amiga- super experiente em logística, que nos  ajudaram muito nessa comunicação de último minuto e desde do começo procurando e buscando se certificar sobre a idoneidade das instituições que a gente acabou entregando todas as roupas. Um trabalho de equipe e muita dedicação, centenas de pessoas do Canadá a Porto Alegre conectados e ajudando. Deixo meu muito obrigado a todos”.

Campanha Monetária
Uma campanha monetária também foi feita pelo CONCID para ajudar as famílias desabastecidas no Rio Grande do Sul por cerca de dois meses, do dia 10 de maio a 12 de julho. Os valores monetários foram todos depositados via Interact e-Transfer, numa conta criada para o propósito na instituição “Brasil Remittance” em Toronto. Ao finalizar, o total de $3410.00 CAD funds = R$ 13,367.20 Reais foi arrecadado e doado para “SOS RS” Instituicao: “Banrisul”. O depósito foi realizado no dia 19 de Julho pela Anne Mourao, membra do CONCID Ontario.

“Também gostaria de reportar sobre nossa campanha monetária. Essa foi a nossa primeira atitude para ajudar as vítimas das enchentes já que no primeiro momento doações físicas não eram permitidas de serem enviadas ao Brasil . O CONCID Ontario entrou em contato com o CONCID de Winnipeg, e de Montreal e juntos fizemos uma ação nacional para arrecadar fundos. No dia 10 de Maio, 2024 o CONCID Ontario realizou um happy hour em Toronto para divulgar a campanha”, relembra e celebra o sucesso das campanhas Arnon.

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