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21/12/2024 às 10h07min - Atualizada em 21/12/2024 às 10h07min

Intercâmbio no Canadá: país costuma ser um dos destinos mais buscados por intercambistas brasileiros para a realização desse grande sonho

Historicamente, de acordo com a Belta, Associação de Agências de Intercâmbio, o Canadá lidera essa lista há mais de 20 anos, ocupando o pódio de destino favorito dos brasileiros para fazer intercâmbio

Larissa Valença
especial para o North News
Gabrielle na escola de inglês junto com um colega (Fotos: Arquivo Pessoal)
 
Intercâmbio é sinônimo de realização pessoal, aprendizados e muitos desafios. E o Canadá é o destino mais procurado pelos brasileiros, quando o assunto é intercâmbio, segundo dados de uma pesquisa realizada em 2023 pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio divulgada em maio de 2024 que ouviu aproximadamente mil estudantes.

Historicamente, de acordo com a Belta, Associação de Agências de Intercâmbio, o Canadá lidera essa lista há mais de 20 anos, ocupando o pódio de destino favorito dos brasileiros para fazer intercâmbio. 

Ainda segundo a pesquisa, o motivo pelo qual os alunos buscam um programa de intercâmbio é primeiramente a realização de um curso de idiomas, o qual não necessita de permissão de estudo no Canadá, sendo a língua mais buscada o inglês, um dos idiomas oficiais do país. No Brasil, o setor de intercâmbios, de acordo com Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, tem previsão de movimentar entre 3.8 e 4.5 bilhões de reais. 


De acordo com o estudo da Belta, em 2022, cerca de 455.480 estudantes brasileiros fizeram um intercâmbio. 

Porém em se tratando de estudantes internacionais que decidem ir estudar em um college em um curso de graduação, agora a situação está sendo diferente já que eles sofrem com os impactos das recentes mudanças na lei que, por exemplo, limitou os vistos de estudo por 2 anos de forma temporária. Neste ano, para estudantes estrangeiros de bacharelado e graduação, o governo pretende emitir cerca de 360 mil permissões de estudo na graduação, o que mostra uma redução de 35% quando comparado a 2023.

No Canadá, o setor do turismo  estava previsto para movimentar em 2024 cerca de 182 bilhões de dólares, o que representa um aumento de 4.6%. Esse setor é impactado pelos brasileiros intercambistas. 

Já em se tratando do setor da educação no Canadá, segundo dados do Statistcs Canada, os lucros das universidades canadenses cresceram 2.2 bilhões de dólares, chegando a marca de 47.5 bilhões de dólares em 2022/2023. Ou seja, o intercâmbio, seja através do estudo do inglês ou até mesmo de um ensino superior, movimenta bastante a economia do país.

Planejar um intercâmbio para o Canadá envolve organização, para isso é necessário analisar o custo de vida local, se atentando aos gastos voltados à moradia, ao transporte e à alimentação, possuir um passaporte e visto para o Canadá válidos.

Visando ter uma experiência positiva e bem sucedida durante o intercâmbio, a maioria dos estudantes buscam o auxílio de uma agência para ajudá-los a encontrar uma hospedagem para o período, que pode ser através do AirBnB, aluguel de um quarto ou casa/apartamento ou do modo mais tradicional que é se hospedar em casa de famílias locais, chamada de homestay, podendo assim imergir na cultura do país e praticar mais o idioma. Fora isso a agência também é responsável por auxilia-los na escolha da escola de inglês, quando o curso escolhido for de idiomas ou se for um curso em um college de graduação ou pós graduação.

Para ir além dos números, o North News conversou com um proprietário de uma agência de intercâmbios do Canadá, que optou por manter anonimato. A empresa está no mercado há 10 anos, desde 2014. O dono da agência relatou que o setor está enfraquecido neste momento. “O governo tem delimitado muitas restrições para os estudantes internacionais e isso tem dificultado a vida dos alunos. Então, a demanda não está tão veloz como nos últimos anos. Em termos de college, não vejo mais vindo muitos brasileiros com família para estudar no Canadá, já que o cônjuge não consegue trabalhar, exceto em casos específicos, como de mestrado, o que antes abrangia um público bem maior, houve redução na quantidade de aprovação dos vistos de estudo e aumentou a comprovação de renda para 20 mil dólares. Quase todo mês é lançada uma novidade ou melhor um problema, um desafio, na vida do estudante internacional”, completa.

O proprietário da agência de turismo, que é brasileiro, conta que 2019 foi o ano em que houve a maior demanda e que o verão é o período preferido dos intercambistas que vem estudar inglês nas terras Canadenses. “Entre junho e julho, indiscutivelmente, são os meses com mais demanda, em escolas de idioma grandes como EC e Ilac há uns anos atrás em junho essas escolas já estavam com a sua capacidade máxima atingida e não conseguíamos mais matricular alunos. Posso dizer que está lento não só pela experiência de mercado com a minha empresa, mas também devido ao meu contato direto com as escolas de inglês. Além disso, há muitos colleges fechando, principalemnte os que são PPP- Parceria Público Privada. Até mesmo o Seneca que é um college conceituado fechou uma unidade em uma cidade próxima de Toronto”, relata.

A fonte que preferiu manter o anonimato conta também sobre o dia a dia da empresa de intercâmbios e turismo no Canadá: ‘’No geral, conseguimos trabalhar com 4 a 5 alunos por mês, isso inclui fechamento de pacotes de intercâmbios, novas apólices de seguros e renovação de seguros também’’, relata.

Memórias criadas no intercâmbio que são eternas
Gabrielle Palmejani Dias foi uma das intercambistas que visitou o Canadá em pleno inverno, em janeiro de 2024 para aprimorar o inglês e imergir na cultura canadense. Ela conta ao North News que escolheu o intercâmbio para o Canadá pois é um país que desde os 6 anos de idade sempre teve o sonho de visitar o local e estudar. Além disso, ela sempre nutriu um sonho grande de estudar o inglês fora do Brasil. “Fui juntando um sonho com o outro: de conhecer o Canadá e de estudar fora e depois de muitos anos lutando em relação à questão financeira, eu consegui realizar isso aos meus 24 anos”, revela.

Gabrielle conta que o planejamento foi bem movimentado, apesar de ter tido esse desejo por um longo período. “Corri atrás de coisas relacionadas ao intercâmbio por dois anos. Em 2022, eu fechei o pacote com a SILA Intercambio, quando optei por fechar com uma agência própria para isso, aí venho a escolha da escola de idiomas, acomodação, passagens, preparação de dinheiro, fazer o visto, sendo que o passaporte eu já possuía”, relembra o processo.

Gabrielle que trabalha como compradora no Brasil e é formada em administração de empresas descreve a sua experiência no Canadá como incrível e mágica. “Assim que eu cheguei no Canadá eu fiquei encantada e emocionada por finalmente estar conhecendo o país dos meus sonhos e impressionada do quão frio era, porque eu não conhecia um lugar tão frio no Brasil, (ela reside em São Paulo, capital). Já que o Brasil é um país tropical, quando sai do aeroporto canadense tive esse choque, já estava 0 graus. Fiquei impressionada com a quantidade de culturas diferentes que eu já fui vendo ali dentro do aeroporto mesmo, muitos imigrantes de diversos países, no caminho do aeroporto eu já fui me deparando com várias coisas lindas e já ia me sentindo tão, bem como se eu já estivesse em casa”, destaca.

Ela relata que a sua jornada no Canadá foi marcada por supresas boas, aprendizados, superação, novos sabores e intercâmbio cultural. “Eu fiquei 1 mês em Toronto, frequentando a escola de idiomas RCIIS que foi a escola que eu escolhi. Todas as pessoas que eu conheci e me acolheram foram maravilhosas, conheci todos os lugares que queria ter conhecido no Canadá, vi a neve pela primeira vez, me virei em um idioma no qual eu não tinha tanta prática assim e eu fui lá para estudar, aprendi a me virar sozinha e fazer coisas sozinhas as quais nunca havia feito. O intercâmbio é uma experiencia muito pessoal e acredito que toda pessoa deveria viver isso uma vez na vida. Porque não é só para aprender o idioma, é para aprender coisas da vida. Eu me senti extremamente bem no Canadá, me senti em casa, e não vejo a hora de voltar num futuro próximo. Sem dúvidas, a realização do meu maior sonho”, enfatiza.

“Eu tive sorte com a homestay, que era uma mulher incrível, que era das Filipinas e mora no Canadá com duas filhas e o marido e aluga o basement para acomodação de intercambistas do mundo inteiro. Ela era simpática, acolhedora, me ajudou em tudo, me levou e também os outros intercambistas para conhecer vários lugares maravilhosos de Toronto. Também, tive a sorte de ter mais brasileiros na casa, os quais tenho amizade até hoje. E também tive a sorte de conseguir uma casa próxima da minha prima, que mora em Toronto. E não foi nada planejado tudo por pura coincidência, o que deixou as coisas ainda mais mágicas”, conclui Gabrielle emocionada.

Eduardo Avelar e a sua a namorada Juliana Delgado também escolheram Toronto para fazer o sonhado intercâmbio, que aconteceu no verão de 2023, por três meses, de junho a setembro. Ele conta que o período foi crucial para o aprimoramento da língua inglesa. “A gente realmente adorou. Para aprender inglês, foi algo surreal, poder falar com um nativo ou estar em um país que só se fala outra língua, com isso o aprendizado é infinitamente maior. Voltamos para o Brasil com níveis de inglês muito acima, coisa que não conseguiríamos se ficassemos só estudando por aqui. Depois eu tive oportunidade de fazer reuniões no meu trabalho com o pessoal da Suécia e foi bem tranquilo, deu certo”, detalha.

Eduardo e Juliana são mineiros, mas vivem em São Paulo. ‘’Foi a nossa primeira vez fora do Brasil, então, estávamos com um pouco de medo, mas pela experiência de viver em São Paulo foi tranquilo, pois já sabemos nos virar em uma cidade grande, gostamos bastante e achamos a cidade bem bonita. Adoramos conhecer pessoas de vários países, fizemos bastante amizade, algumas mantemos até hoje. Encontramos vários brasileiros, que mantemos contato por lá em inglês e temos amizade até hoje. Temos amigos na Espanha, Coréia do Sul, Peru, na Colombia, em vários lugares do mundo… Isso para mim foi o mais interessante, conhecer várias culturas”, completa.

Eduardo considera Toronto bastante parecida com São Paulo, mas não no mesmo tamanho e proporção. “No primeiro mês, passou tudo muito rápido, aquela coisa de conhecer tudo. No segundo mês, começamos a aproveitar com as amizades que ja tínhamos feito, viajamos pelo Canadá. E no terceiro mês, já estávamos com saudades do Brasil. Mas, foi bem legal, porque na prática, vimos que não é tão difícil como pensávamos e Toronto é uma cidade bacana, multicultural, e os canadenses bem educados”, conclui.

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