Donald Trump anunciou uma nova rodada de tarifas recíprocas abrangentes, igualando as taxas mais altas que outras nações cobram para importar produtos americanos.
O presidente dos Estados Unidos fez o anúncio em uma postagem com todas as letras maiúsculas no Truth Social, nesta quinta-feira.
“TRÊS ÓTIMAS SEMANAS, TALVEZ AS MELHORES DE TODOS OS TEMPOS, MAS HOJE É A GRANDE SEMANA: TARIFAS RECÍPROCAS!!! FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!!!”, escreveu Trump na postagem.
As tarifas recíprocas foram uma das principais promessas de campanha de Trump, um método para acertar as contas com nações estrangeiras que cobram impostos sobre produtos americanos e para resolver o que ele disse serem práticas comerciais injustas.
“De forma muito simples, se eles cobram dos EUA, nós cobramos deles”, disse Trump no último domingo, explicando as tarifas recíprocas. Ele deve compartilhar mais detalhes sobre as tarifas antes de sua visita ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, aos repórteres ontem.
Leavitt fez eco à mensagem de Trump nesta quarta-feira.
“Isso é algo em que ele acredita firmemente, e é uma lógica muito simples a razão pela qual o presidente quer impor tarifas recíprocas”. Outras nações têm “roubado” os EUA, disse ela, “e é por isso que o presidente acredita que essa será uma ótima política que beneficiará os trabalhadores americanos e melhorará nossa segurança nacional”.
Ainda assim, não se sabe exatamente como será o anúncio desta quinta-feira. Ele já foi adiado duas vezes, já que havia sido originalmente prometido para terça ou quarta-feira.
E os assessores econômicos de Trump, Peter Navarro e Kevin Hassett, falaram com a CNN, tentando amenizar as expectativas sobre os planos desta semana. Hassett disse que as negociações ainda estavam em andamento, e Navarro disse que o anúncio desta semana poderia ser para ordenar uma investigação sobre como implementar tarifas recíprocas, em vez de uma diretriz para colocá-las em vigor de forma generalizada.
As tarifas são uma parte importante do plano de Trump para aumentar a receita para pagar a extensão de seu corte de impostos de 2017, além de outros cortes de impostos prometidos. Mas o ônus das tarifas pode acabar recaindo sobre os consumidores americanos, dizem os economistas. Os importadores tributados repassam os custos para os varejistas, que, por sua vez, aumentam os preços para os consumidores.
Diferença de tarifas de país para país
É provável que as tarifas atinjam mais duramente os países em desenvolvimento, especialmente Índia, Brasil, Vietnã e outros países do sudeste asiático e da África, uma vez que eles têm algumas das maiores diferenças nas taxas tarifárias cobradas sobre os produtos americanos trazidos para seus países em comparação com o que os EUA cobram deles.
Por exemplo, em 2022, a taxa tarifária média dos EUA sobre as importações da Índia foi de 3%, enquanto a taxa tarifária média da Índia sobre as importações dos EUA foi de 9,5%, de acordo com dados do Banco Mundial.
No entanto, como Trump se reunirá com Modi ainda hoje, os dois líderes poderão chegar a um acordo que evite ou atrase novas tarifas sobre as exportações indianas para os EUA.
No ano passado, a Índia exportou $87 bilhões em mercadorias para os EUA, enquanto os EUA exportaram $42 bilhões em mercadorias, de acordo com dados do Departamento de Comércio.
As tarifas recíprocas se juntam à tarifa geral de 10% que entrou em vigor na semana passada, além de outras tarifas sobre produtos chineses e tarifas mais rígidas de 25% sobre aço e alumínio que Trump anunciou na segunda-feira.
Se Trump levar adiante as tarifas de 25% sobre o México e o Canadá, que foram adiadas para 1º de março, o custo direto total dos impostos de importação sobre produtos chineses, mexicanos e canadenses representaria um aumento de mais de $1.200 por ano para a família americana típica, segundo pesquisadores do Peterson Institute. As tarifas recíprocas provavelmente aumentariam esse número.
O que pode ficar mais caro?
Os Estados Unidos importam produtos que são mais baratos no exterior ou que podem até ser impossíveis de produzir em solo americano.
Luvas de grau médico, bem como resistores e capacitores - componentes minúsculos encontrados em micro-ondas e máquinas de lavar - estão entre os produtos que podem sofrer um aumento de preço, de acordo com Greg Husisian, sócio do escritório de advocacia Foley & Lardner, especializado em questões de comércio internacional.
Os carros europeus, que atualmente estão sujeitos a uma tarifa de 2,5% nos EUA, também devem ficar muito mais caros com as tarifas dólar por dólar. Em contrapartida, os carros americanos exportados para países da União Europeia estão sujeitos a uma tarifa de 10%.
Se os americanos não puderem mudar para alternativas mais baratas, provavelmente acabarão pagando o custo das tarifas, disse Justin Weidner, economista do Deutsche Bank. Mas isso também dependerá da capacidade dos fabricantes, varejistas ou outras empresas ao longo da cadeia de suprimentos de absorverem qualquer um desses custos.
