As companhias aéreas e as empresas de viagens estão vendo as reservas para os Estados Unidos despencarem à medida que os canadenses repensam seus planos em meio à 'raiva' sobre a guerra comercial desencadeada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, bem como um dólar canadense fraco, ou loonie, como é chamado.
A agência de viagens Flight Centre Travel Group Canada diz que as reservas de lazer para cidades americanas caíram 40% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2024, enquanto um em cada cinco clientes cancelou suas viagens para os EUA nos últimos três meses.
“Estamos fazendo essas escolhas para viajar para destinos que realmente se alinham mais com nossos valores”, disse a porta-voz da Flight Centre, Amra Durakovic.
A Air Canada anunciou no mês passado que reduziria em 10% os voos para a Flórida, Las Vegas e Arizona a partir de março - normalmente os destinos mais procurados durante a temporada de férias de primavera.
A WestJet disse em um e-mail que houve uma mudança nas reservas dos EUA para outros destinos ensolarados, como o México e o Caribe.
A aversão repentina dos canadenses ao seu vizinho do sul marca uma reação às tarifas abrangentes contra os produtos canadenses - apresentadas como uma ameaça desde o primeiro dia de Trump no cargo e que entraram em vigor nesta terça-feira - disse Martin Firestone, presidente da Travel Secure Inc., empresa de seguros com sede em Toronto.
Ele enfatizou o sentimento de traição por parte de um país que o Canadá considerava seu aliado mais próximo.
“Esse sentimento anti-Trump está realmente desempenhando um grande papel aqui, onde as pessoas estão dizendo: 'Eu não vou para os EUA, simplesmente não vou viajar para lá com base no que ele está fazendo conosco no Canadá'”, disse Firestone da Flórida.
A rejeição das viagens aos EUA ocorre em meio a uma onda mais ampla de patriotismo econômico no Canadá, já que os consumidores procuram comprar produtos e serviços canadenses e evitar produtos do maior parceiro comercial do país.
Isso também coincide com um aumento nas listagens de imóveis de canadenses no sul, especialmente na Flórida, já que o loonie baixo aumenta o custo de vida e incentiva a venda de casas, o que se converte em grandes ganhos devido ao dólar americano forte.
“Isso se torna muito assustador para os snowbirds, e é por isso que vamos perder muitos deles”, disse Firestone.
Durakovic concordou que a diferença cambial era uma parte fundamental da equação.
Ela voou de Toronto para o aeroporto de Newark, em Nova Jersey, em janeiro, em uma viagem de negócios para a cidade de Nova York, pegando um táxi na chegada para chegar ao centro de Manhattan.
“Quando paguei os pedágios, o táxi e a gorjeta, foram 135 dólares americanos por uma viagem de 15 minutos. Isso equivale a cerca de 200 dólares canadenses. Quem tem esse dinheiro para gastar em um traslado de ida e volta para o aeroporto?”
O loonie tem oscilado em torno de 70 centavos de dólar nos últimos meses.
