O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, protestou nesta sexta-feira contra o que chamou de "tarifas canadenses tremendamente altas" sobre laticínios e madeira, e disse que seu governo poderia impor tarifas recíprocas sobre produtos canadenses já nesta sexta-feira.
“O Canadá vem nos enganando há anos com tarifas sobre madeira e produtos lácteos”, disse ele aos repórteres no Salão Oval. “Eles receberão exatamente as mesmas tarifas, a menos que desistam, e (...) talvez façamos isso já hoje ou esperemos até segunda ou terça-feira”.
Trump também mencionou as altas tarifas da Índia, mas disse que a Índia havia concordado em reduzir suas taxas de importação.
Nesta quinta-feira, Trump suspendeu as tarifas de 25% impostas esta semana sobre a maioria dos produtos do Canadá e do México.
Em uma entrevista à Fox Business Network, que foi ao ar nesta sexta-feira, ele disse que queria implementar a pausa de 30 dias para produtos que estivessem em conformidade com um acordo regional de livre comércio para ajudar as montadoras. Mas acrescentou que a suspensão era uma medida de curto prazo e que as tarifas poderiam aumentar com o tempo.
“Achei que seria uma atitude justa e, portanto, dei a eles uma pequena pausa por esse curto período de tempo”, disse Trump na entrevista.
Trump disse que, em 2 de abril, tarifas recíprocas seriam implementadas para equalizar quaisquer taxas alfandegárias entre os três países.
De acordo com o Acordo EUA-México-Canadá de 2020 sobre comércio que ele negociou e assinou, quase não há tarifas sobre produtos que cruzam as fronteiras da América do Norte.
Entre as poucas exceções estão as altas tarifas do Canadá sobre produtos lácteos para proteger os agricultores nacionais.
“Eu queria ajudar as montadoras americanas até 2 de abril”, disse Trump. “Em 2 de abril, tudo se tornará recíproco. O que eles nos cobram, nós cobramos deles. É um grande negócio”.
Fluxos de fentanil
O principal assessor econômico de Trump na Casa Branca, Kevin Hassett, disse que as tarifas de 25% parcialmente suspensas sobre os produtos canadenses e mexicanos ainda estão em vigor para pressionar os países a interromper os fluxos de fentanil para os EUA.
Ele disse à CNN que, se Trump acha que o progresso em relação ao fentanil “não tem sido tão impressionante”, as tarifas de 25% permanecerão em vigor após 2 de abril, além de quaisquer aumentos dos planos tarifários recíprocos de Trump. O alívio para automóveis e outros produtos compatíveis com o USMCA também terminará nessa data.
Ajuste de tarifas
O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse à CNBC que, de acordo com o plano tarifário recíproco, os EUA igualarão as taxas tarifárias de outros países e as barreiras não tarifárias.
Navarro disse que os ajustes tarifários dos EUA refletiriam “no conjunto, a injustiça embutida nas tarifas mais altas e nas barreiras não tarifárias que os países nos impõem”, disse Navarro.
Ele acrescentou que esses ajustes tarifários seriam feitos por meio de investigações específicas por setor e por país.
Perguntado na entrevista à Fox Business se as empresas poderiam ter clareza sobre seu plano tarifário, Trump disse: “Bem, acho que sim. Mas, você sabe, os termos podem aumentar com o passar do tempo, e podem aumentar e, você sabe, eu não sei se isso é previsível.”
Há várias outras ações tarifárias de Trump em jogo.
Na próxima quarta-feira, o governo de Trump aumentará efetivamente as tarifas sobre o aço e o alumínio, rescindindo isenções de longa data para tarifas de 25% sobre o aço e aumentando a taxa para 25% para o alumínio. Isso aumentará as tarifas sobre as importações do Canadá e do México, os maiores fornecedores estrangeiros dos metais.
A medida também sujeita centenas de produtos derivados a essas tarifas, desde fios de aço e estruturas fabricadas até lâminas de escavadeiras.
O ministro da indústria do Canadá, Francois-Philippe Champagne, disse à CNBC que Ottawa estava tendo dificuldades para entender o que precisava ser feito para evitar as tarifas dos EUA.
“Parece que as traves da meta continuam se movendo, e é isso que dificulta as coisas”, disse Champagne. “Portanto, acho que precisamos voltar a uma situação de normalidade em nosso relacionamento entre o Canadá e os Estados Unidos.”
Ele disse que o Canadá estava disposto a se envolver com Trump na renegociação do USMCA, conforme previsto para 2026, mas que havia um processo para isso que precisava ser seguido.
“O que precisamos é de estabilidade e previsibilidade em ambos os lados da fronteira”, disse Champagne.
