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09/09/2023 às 11h44min - Atualizada em 09/09/2023 às 11h30min

A mentalidade do livre comércio no Canadá

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

Fonte: Expedia.com
A mentalidade do livre comércio no Canadá é amplamente próspera e está enraizada na história econômica do país. Dada a sua vasta extensão territorial, o Canadá historicamente traçou uma abordagem pró-comércio internacional, para garantir acesso a mercados estrangeiros e oportunidades de exportação, e essa relevante mentalidade continua a ser uma característica importante da economia canadense.
 
As cúpulas anuais entre organizações regionais como a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e países de fora da região como o Canadá, geralmente, têm como objetivo fortalecer laços diplomáticos, discutir questões de interesse mútuo e promover a cooperação econômica em diversas áreas, como o agronegócio, a indústria automobilística, e a energia limpa.
 
Na atualidade, os principais desafios globais são a insegurança alimentar mundial, as mudanças climáticas, o aumento da tensão geopolítica entre os dois países mais ricos do mundo, os Estados Unidos e a China, a Guerra na Ucrânia, a migração em massa, e a crise econômica que atinge a vários países há anos como a Argentina, a Venezuela, o Haiti, o Sudão e o Líbano.
 
No seu livro intitulado Sociedade Pós-Capitalista, de 1993, o economista austríaco naturalizado americano Peter Ferdinand Drucker (1909-2005) ressaltou que, “O conhecimento é o principal fator de produção do século XXI”. Em outras palavras, o conhecimento faz o país se desenvolver mais rápido, a pessoa acreditar em si mesmo. É o ouro do século XXI. E o Canadá é um excelente exemplo deste relevante fator de produção em plena Quarta Revolução Industrial.
 
Recentemente, em 6 de setembro de 2023, ocorreu uma Cimeira entre a ASEAN e o Canadá, em Jacarta, a capital da Indonésia. E o Canadá almeja finalizar um acordo de livre comércio com os 10 países integrantes da ASEAN: Tailândia, Filipinas, Malásia, Singapura, Indonésia, Brunei Darussalam, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja.
 
A ASEAN é uma organização intergovernamental regional no Sudeste da Ásia desde 8 de agosto de 1967 e criada contra o avanço do comunismo na região Ásia-Pacífico. É uma das regiões econômicas que mais cresce no planeta.
 
E os quatro principais parceiros comerciais do Canadá são os Estados Unidos, a China, o Japão e o México. Já entre os principais blocos econômicos destacam-se o United States-Mexico-Canada Agreement (sigla em inglês, USCMA), a União Europeia (UE) e a ASEAN.
 
Há 46 anos ocorrem diálogos comerciais entre a ASEAN e o Canadá. E desde 1977, o Canadá é um parceiro econômico forte e estável da ASEAN, no qual tem um enorme potencial para criar novas oportunidades para as empresas canadenses, e bons empregos para os trabalhadores canadenses.
 
Na atualidade, as maiores empresas canadenses como Brookfield Asset Management, Manulife, Power Corporation of Canada, Couche-Tard, George Weston, Magna International, Canadian National Railway, Bombardier, Air Canada, e Hydro-Québec estão empregando trabalhadores nos três setores da economia canadense. Mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Canadá provêm do setor terciário como comércio, turismo, transporte, e prestação de serviços públicos e privados.
 
A ASEAN tem como objetivo promover a cooperação econômica, política, social e cultural entre os seus dez países membros e fortalecer a paz e a estabilidade econômica na região. E a ASEAN reforça a sua cooperação econômica com o parceiro formal e estratégico como o Canadá, o segundo maior país do mundo, o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) na América e a oitava maior economia do planeta.
 
No ano de 2022, as exportações do Canadá para a ASEAN aumentaram 29% e o comércio bilateral alcançou US$ 40,6 bilhões. E a relevante Cimeira ASEAN-Canadá proporcionará benefícios econômicos aos 40,0 milhões de canadenses e as 662 milhões de pessoas do bloco econômico regional formado por dez nações asiáticas.
 
A Parceria Estratégica ASEAN-Canadá colaborará para continuar o progresso econômico, cujo PIB nominal do Canadá é de US$ 2,2 trilhões, enquanto, o PIB nominal da ASEAN já atingiu US$ 3,2 trilhões. Infelizmente, no segundo trimestre de 2023, a taxa de crescimento do PIB canadense desacelerou em 0,2%, a taxa de desemprego é de 5,5% em agosto de 2023, e a taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses é de 3,3%, em julho de 2023, de acordo com a Statistics Canada.
 
A nova Parceria Estratégica ASEAN-Canadá assegurará o livre comércio. Conforme o Professor Paulo Sandroni (2014, p. 489,) o livre comércio significa a “Doutrina econômica segundo a qual o fluxo de mercadorias e serviços entre os países não deve ser submetido a tarifas, a restrições quantitativas, ou a quaisquer outros impedimentos criados ou encorajados por intervenção governamental direta”. Logo, o livre comércio, na economia globalizada, oferece vários benefícios para os países que incluem promover o crescimento econômico inclusivo e preservar uma boa qualidade de vida.
 
O Canadá é um país continental localizado na América do Norte. É o segundo maior país em área territorial do mundo, cobrindo aproximadamente 9,9 milhões de quilômetros quadrados. Faz fronteira com os Estados Unidos ao sul e é cercado pelo Oceano Atlântico a leste, o Oceano Pacífico a oeste e o Oceano Ártico ao norte.
 
O Canadá tem dez províncias e três territórios e a capital é Ottawa. E a província de Ontário é a maior do Canadá em termos de PIB e de população, e abriga a cidade de Toronto, que é a maior, a mais populosa e a mais rica cidade canadense, um centro econômico de destaque na América do Norte, todavia, com diversos problemas, como homeless, violência e alto custo de vida.
 
Em Toronto, localizada às margens do Lago Ontário, é conhecida como o centro financeiro do Canadá, que abriga a Bolsa de Valores de Toronto (TSX) e sendo a sede dos cinco maiores bancos canadenses, como o Royal Bank of Canada (RBC), o Toronto-Dominion Bank (TD Bank), o Scotiabank, o Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), e o Bank of Montreal (BMO), que têm presença internacional, são considerados sólidos, e desempenham um papel fundamental na economia canadense.
 
O Canadá é um país frio, uma nação pouco povoada, e que falta mão de obra qualificada. A população canadense está envelhecendo, todavia, o livre comércio é fundamental para a economia do Canadá, altamente orientada para o comércio exterior, e tem uma longa história de participação em acordos de livre comércio, tanto com os Estados Unidos e o México, quanto com outras nações, como o Chile e o Japão.
 
O lindo Canadá tem a maior quantidade de lagos do mundo, e o belíssimo Lake Louise é um dos lugares mais bonitos de Alberta, do Canadá e do mundo. O desenvolvido Canadá atrai a cada ano mais estudantes internacionais, mais turistas estrangeiros para conhecer as Montanhas Rochosas, as Cataratas do Niágara, o Cirque du Soleil, a CN Tower, o Parliament Hill, o Science World, e a Basílica de Notre-Dame.
 
É preciso destacar que o bilíngue Canadá tem um acordo de livre comércio com a UE desde 21 de setembro de 2017, por ambos, chamado Acordo Econômico e Comercial Abrangente (CETA), que dá às empresas canadenses um comércio de mercadorias quase livre de tarifas alfandegárias, eliminando ou reduzindo tarifas e outras barreiras comerciais em uma ampla variedade de produtos e setores, facilitando o comércio de bens e serviços.
 
A economia do Canadá é uma das mais avançadas do mundo, caracterizada por enormes recursos naturais (petróleo, gás natural, água doce, níquel, cobre, e ouro), setores de serviços bem desenvolvidos (setor financeiro, turismo, setor de educação e setor de tecnologia da informação) e uma economia de mercado estável (propriedade privada, liberdade econômica, livre concorrência, regulação governamental moderada, transparência, e regras claras).
 
É preciso destacar que o continental Canadá possui uma das maiores extensões de florestas do mundo, cobrindo cerca de 38% de sua área total. Essas florestas fornecem uma abundância de madeira, celulose e produtos de papel para as indústrias canadenses. Além disso, as florestas canadenses são importantes para a biodiversidade e a regulação do clima. Infelizmente, neste verão, os incêndios florestais em cerca de 14 milhões de hectares provocaram pessoas mortas, feridas, evacuadas de suas residências, e com sérios problemas de saúde, devido às fumaças e a má qualidade do ar, além de gigantescos prejuízos materiais.
 
Finalizando, os canadenses e os imigrantes estão defendendo as trocas necessárias de produtos Made in Canada por bens produzidos pelo resto do mundo, pois eles valorizam a cooperação econômica internacional mais concreta e abrangente, e a busca de oportunidades de comércio global, pois reconhecem os benefícios que o livre comércio traz para a economia canadense e para a sociedade multicultural do Canadá.
 
REFERÊNCIAS
ASEAN. Indicadores. Disponível em: https://data.aseanstats.org/. Acesso em: 08 Set. 2023.
DRUCKER, Peter F. Sociedade Pós-Capitalista. 3ª. ed. São Paulo: Pioneira, 2003.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 8ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
STATISTICS CANADA. Principais indicadores. Disponível em: https://www.statcan.gc.ca/en/start. Acesso em: 08 Set. 2023.
 
(1) Economista brasileiro, graduado em Ciências Econômicas pela UFPB, com especialização em Gestão em RH pela UNINTER. Professor de Economia no UNIESP. Economista do Ano 2019 na Paraíba. Professor Destaque do UNIESP 2022. Professor de Economia Destaque no Ano 2023. Atual conselheiro suplente do CORECON-PB e sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba. Autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP. E autor e co-autor de mais de 290 artigos de Economia. E-mail: [email protected] Instagram: @paulogalvaojunior e PIX: 738.451.244-15.
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