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27/03/2025 às 23h59min - Atualizada em 27/03/2025 às 23h58min

DIA MUNDIAL DO TEATRO: UMA SINGELA HOMENAGEM A DOIS GRANDES MESTRES

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Priscilla Rodrigues Galvão.
Considerações Iniciais

Prezado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, hoje é o Dia Mundial do Teatro, celebrado em 27 de março, uma data que homenageia essa arte e todos os profissionais que fazem dela um instrumento de transformação social, econômica e cultural.

Entre os grandes dramaturgos que marcaram a História da humanidade, na minha singela opinião, dois nomes se destacam por suas valiosas contribuições: William Shakespeare, o mestre inglês da tragédia e da comédia, e Ariano Suassuna, o mestre brasileiro do Teatro Popular do Nordeste.

O teatro é uma das formas de expressão artística mais antigas e impactantes da humanidade. O teatro surgiu na Grécia Antiga por volta de 550 a.C. e transcendeu o tempo e as culturas, e serve como reflexo da sociedade e veículo poderoso de críticas, emoções e conhecimento.

O presente artigo tem como principal objetivo explorar as influências e contribuições inestimáveis para a dramaturgia mundial de William Shakespeare e Ariano Suassuna.

William Shakespeare: O Mestre da Tragédia e da Comédia

William Shakespeare (1564-1616) é, sem dúvida, o mais influente dramaturgo da História da humanidade. Nascido e falecido na cidade inglesa de Stratford-upon-Avon, em 23 de abril, Shakespeare viveu 52 anos e deixou um legado inestimável para o teatro mundial.

Suas peças, que transitam entre a tragédia e a comédia, capturam a essência da condição humana com profundidade e universalidade. Obras como Sonho de Uma Noite de Verão (1595), O Mercador de Veneza (1596), A Megera Domada (1594), Romeu e Julieta (1597), Hamlet: O Príncipe da Dinamarca (1600), Macbeth (1606) e A Tempestade (1611) exploram temas como poder, amor, ambição e destino, dialogando com gerações de espectadores ao longo dos séculos.

Seu uso magistral da linguagem, a complexidade psicológica de seus personagens e sua habilidade em entrelaçar o cômico com o trágico, uma referência incontestável na dramaturgia britânica e mundial. William Shakespeare escreveu em 1600: “To be, or not be, that is the question”.

O impacto de Shakespeare no teatro é imensurável. Seu trabalho influenciou diversas correntes artísticas e continua a ser encenado globalmente, adaptado para cinema e televisão. A universalidade de seus temas faz com que suas obras permaneçam sempre atuais, servindo de inspiração para escritores, diretores e atores em todo o mundo.

Ariano Suassuna: O Mestre do Teatro Popular do Nordeste

Ariano Vilar Suassuna (1927-2014) destacou-se como o maior dramaturgo brasileiro do século XX. Nascido na antiga Parahyba (desde 4 de setembro de 1930 chamada de João Pessoa), capital da Paraíba, e falecido no Recife, capital de Pernambuco, aos 87 anos, Suassuna deixou um legado inigualável para a dramaturgia.

Sua obra é profundamente enraizada na cultura nordestina, trazendo uma mescla única de tradição popular e erudição. Sua obra-prima, Auto da Compadecida (1955), é um exemplo magistral de sua capacidade de unir humor, crítica social e religiosidade popular em uma narrativa envolvente e acessível no sertão nordestino.

A peça de teatro Auto da Compadecida tem dois personagens inesquecíveis, um esperto outro mentiroso, João Grilo (o esperto) e Chicó (o mentiroso), que conquistaram com muito riso o público brasileiro na televisão e no cinema.

Suassuna escreveu outras obras marcantes como Uma Mulher Vestida de Sol (1947), O Santo e a Porca (1957) e Farsa da Boa Preguiça (1960). Ele defendia a valorização da cultura brasileira autêntica, combatendo a influência massiva das produções estrangeiras e exaltando as raízes populares do país. Sua dramaturgia incorpora elementos do teatro medieval ibérico, das tradições populares do sertão e da literatura de cordel, criando um estilo singular que marcou profundamente a identidade teatral brasileira até os dias atuais.
 
Possível Comparação entre Shakespeare e Suassuna

Embora Shakespeare e Suassuna tenham vivido em países diferentes, contextos socioeconômicos divergentes e épocas distintas, ambos compartilham características fundamentais que os tornam grandes mestres da dramaturgia. Primeiramente, ambos exploram com maestria os dilemas humanos universais – o amor, a ambição, o poder e a moralidade – utilizando uma linguagem rica e personagens inesquecíveis.

Contudo, enquanto Shakespeare navegava entre o realismo psicológico e o simbolismo trágico, Suassuna optava por uma abordagem cômica e satírica, inspirada na cultura popular nordestina. Se Shakespeare escrevia para um público variado da Inglaterra elisabetana, Suassuna buscava resgatar e enaltecer o Teatro Popular do Nordeste, tornando-se um verdadeiro porta-voz das tradições e valores do Brasil.

Ambos os autores também se destacaram pelo uso inovador da linguagem. Shakespeare elevou a língua inglesa a novos patamares literários, criando expressões e metáforas que ainda hoje permeiam o vocabulário global. Suassuna, por sua vez, utilizou a oralidade e a riqueza da fala sertaneja para compor um teatro repleto de profundidade filosófica e social.

É precisar ressaltar que em 1611, 414 anos atrás, de “Jaqueta preta e gola branca” William Shakespeare escreveu: "Somos feitos da mesma substância dos sonhos". Em 1971, 360 anos depois do Bardo do Avon, de “Sport fino” Ariano Suassuna escreveu: "Nós somos prisioneiros dos sonhos".

Considerações Finais

O Dia Mundial do Teatro é uma oportunidade ímpar para celebrar essa arte imortal. Shakespeare e Suassuna, cada um a sua maneira, contribuíram imensamente para o desenvolvimento do teatro, provando que essa forma de expressão continua a ser uma das mais poderosas e relevantes para a sociedade em pleno século XXI.

Sejam nos palcos britânicos ou nos tablados nordestinos, o teatro permanece vivo, reinventando-se e dialogando com as tragédias e as comédias da atualidade. Por exemplo, em Areia, cidade histórica do interior da Paraíba, foi construído o Teatro Minerva, o primeiro teatro do estado, em 1859. Até hoje, revela artistas paraibanos que, por meio da arte, abordam diversos contextos sociais e, principalmente, utilizam esse espaço extraordinário para a comunicação e divulgação de um conjunto grande de ideias, valores e sentimentos da sociedade nordestina.

Portanto, celebrar o teatro é reconhecer sua enorme capacidade de emocionar, questionar e transformar a vida. É celebrar os grandes mestres, como Shakespeare e Suassuna, que dedicaram suas vidas a essa nobre arte.

Feliz Dia Mundial do Teatro! Viva Shakespeare! Viva Suassuna!

(1) Economista paraibano, autor de um e-book de poesias intitulado O Eclipse, de um e-book de ficção denominado Trinta Anos Sem Tom Jobim No Rio de Janeiro, e do futuro romance intitulado Um Passeio Romântico em Petrópolis, nas comemorações alusivas aos 200 anos de nascimento de Dom Pedro II.
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