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30/04/2025 às 07h34min - Atualizada em 30/04/2025 às 07h30min

Os 80 Anos do Fim da Segunda Guerra Mundial na Europa

Por Paulo Francisco Monteiro Galvão Júnior (*)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Roberto Ferreira.
Considerações Iniciais

Estimados leitores lusófonos do Portal North News, no próximo 8 de maio de 2025, o mundo comemorará os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) na Europa, marcado pela rendição da Alemanha nazista aos Aliados em Berlim, encerrando um dos períodos mais sombrios da história mundial.

Será um evento histórico, conhecido como o Dia da Vitória na Europa (Victory in Europe Day – VE-Day, na sigla em inglês), que simbolizou o término de um dos conflitos mais sangrentos da história da humanidade, mas também representou o início de uma nova era global, caracterizada por reconstruções e reconfigurações políticas, sociais e econômicas.

Oito décadas depois, as memórias das batalhas no continente europeu, dos horrores e da esperança por dias melhores que moldaram o mundo ainda ecoam em nossas vidas. O presente artigo busca refletir sobre os principais impactos da II Guerra Mundial, sem nunca esquecer o sofrimento e as lições geradas pela guerra.

A Segunda Guerra Mundial na Europa

A Segunda Guerra Mundial foi um dos conflitos mais devastadores da história, resultando em mais de 60 milhões de mortes, das quais mais de 20 milhões eram de militares e mais de 40 milhões de civis. O conflito envolveu 26 nações espalhadas por cinco continentes, deixando um rastro de destruição sem precedentes. No front europeu, a guerra teve início em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, e estendeu-se até 8 de maio de 1945, quando ocorreu a rendição do Terceiro Reich (1933-1945).

A queda do regime nazista foi acelerada pelo suicídio de Adolf Hitler, ocorrido no Führerbunker subterrâneo em 30 de abril de 1945, em Berlim. Esse acontecimento provocou o início da derrota da Alemanha nazista e do triunfo dos Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido (RU), França e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Durante o conflito mundial ocorreram batalhas icônicas, como o Cerco de Leningrado (que perdurou por 869 dias, de 8 de setembro de 1941 a 27 de janeiro de 1944) e a Batalha de Stalingrado (que durou 164 dias, de 23 de agosto de 1942 a 2 de fevereiro de 1943), na URSS. Ao todo, 27 milhões de cidadãos soviéticos perderam suas vidas no front oriental, enfrentando o poderoso exército alemão.

O Dia D, ocorrido nas praias da Normandia, no norte da França, em 6 de junho de 1944, é considerado a batalha culminante da II Guerra Mundial, quando tropas aliadas realizaram uma operação estratégica para invadir a França ocupada, com o objetivo de libertar a Europa do domínio nazista. As forças americanas desembarcaram nas praias de Omaha e Utah, enquanto as tropas britânicas avançaram pelas praias de Gold e Sword, e as forças canadenses invadiram a praia de Juno. Estima-se que cerca de 4.414 soldados aliados perderam a vida na invasão. Além disso, aproximadamente 1.000 soldados alemães também morreram na feroz resistência.

Em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou os prisioneiros dos campos de concentração de Auschwitz e de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Esses campos foram palco de atrocidades com mais de 1 milhão de vítimas entre os 6 milhões de judeus assassinados durante o Holocausto, a maioria em câmaras de gás. Adolf Hitler, como líder (Führer) do Partido Nazista, defendia uma ideologia de supremacia da raça ariana e implementou políticas genocidas que culminaram na chamada "Solução Final", um plano sistemático para a eliminação da população judaica na Europa, um dos momentos mais sombrios da história da humanidade.

Em 2 de maio de 1945, soldados do Exército Vermelho hastearam a bandeira vermelha da URSS sobre o Reichstag, a sede do parlamento alemão. Este marco histórico tornou-se um poderoso símbolo do colapso do Terceiro Reich e da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. O ato ocorreu nos instantes finais da Batalha de Berlim, sob a liderança estratégica do marechal soviético Georgy Zhukov, consolidando a derrota das forças leais à bandeira vermelha com disco branco centralizado e uma suástica preta no centro, que resistiram até os últimos momentos da guerra em solo europeu.

A Participação do Brasil e a FEB na Itália Fascista

Apesar da distância geográfica, o Brasil teve uma participação marcante na Segunda Guerra Mundial, especialmente a partir de 22 de agosto de 1942, quando declarou guerra ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão) após ataques submarinos alemães contra navios mercantes brasileiros, motivando o país sul-americano a abandonar sua neutralidade e juntar-se aos Aliados, como o Canadá e a China. No total, 36 embarcações brasileiras foram afundadas.

Os marinheiros brasileiros tiveram um papel essencial nos combates navais realizados no Oceano Atlântico durante a II Guerra Mundial. Enfrentaram corajosamente submarinos e navios de guerra alemães e italianos, operando tanto em embarcações de guerra quanto em submarinos da Marinha do Brasil. Esses esforços foram cruciais para proteger os navios mercantes e garantir a segurança das rotas marítimas estratégicas, contribuindo decisivamente para a vitória dos Aliados contra as forças armadas da Alemanha Nazista, a Wehrmacht, que desempenhou um papel central nas campanhas militares do Terceiro Reich, incluindo a Blitzkrieg (guerra relâmpago), que combinava ataques rápidos e coordenados de tanques, infantaria e apoio aéreo.

A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi a principal contribuição militar do Brasil, composta por 25 mil soldados e 73 enfermeiras que participaram da campanha aliada na Itália fascista, sob o regime totalitário do líder (Duce) Benito Mussolini. Sob o lema "A cobra vai fumar", a FEB desempenhou um papel crucial em batalhas como Monte Castello e Montese, no sul da Itália, enfrentando adversidades, como neve, o frio intenso e o terreno montanhoso. A coragem e a bravura dos pracinhas no Velho Mundo foram exemplares, deixando um legado de heroísmo durante os enormes desafios da Segunda Guerra Mundial.

A participação do Brasil na II Guerra Mundial, além de seu impacto militar, enfraqueceu o regime do Estado Novo de Getúlio Vargas, instaurado em 10 de novembro de 1937. Este enfraquecimento contribuiu para o processo de redemocratização, que teve início em 29 de outubro de 1945. Apesar disso, o Brasil não exerceu um papel direto na divisão da Alemanha devastada pela guerra, seja por meio de negociações oficiais ou em ações nos bastidores.

Essa divisão da Alemanha foi conduzida pelos EUA, URSS, RU e França. Essas potências aliadas e vencedoras estabeleceram quatro zonas de ocupação no território alemão, o que culminou na separação entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental. Da mesma forma, Berlim foi dividida em Berlim Ocidental e Berlim Oriental. No lado soviético, o Muro de Berlim foi erguido em 13 de agosto de 1961 e permaneceu por 10.389 dias, até ser derrubado em 9 de novembro de 1989. Durante mais de 28 anos, o Muro de Berlim gerou um elevado contingente de pessoas mortas, feridas e traumatizadas pela repressão comunista.

A divisão da Alemanha nazista abriu caminho para o surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU) em 24 de outubro de 1945, com sede em Nova York, nos EUA. Além disso, esse evento geopolítico mundial marcou o início da Guerra Fria, que dividiu o mundo em dois blocos distintos: o bloco ocidental e capitalista, liderado pelos EUA, e o bloco oriental e comunista, comandado pela URSS. Essa polarização ideológica moldou as relações internacionais de 1945 até 1991, com a dissolução da URSS, e, consequentemente, influenciou eventos políticos, econômicos, sociais e militares em escala global.

Considerações Finais

Concluindo, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, 80 anos depois, nos inspira a celebrar o triunfo sobre regimes totalitários, como do ditador nazista Adolf Hitler, e, sobretudo, a prestar um tributo a FEB na Itália fascista.

É essencial destacar que, durante os combates terrestres na Itália, 465 pracinhas da FEB perderam a vida. Além disso, nos navios mercantes brasileiros afundados por torpedos de submarinos alemães e italianos, mais de 1.050 pessoas mortas, incluindo tripulantes e passageiros, entre os quais estavam mulheres e crianças brasileiras.

O Monumento aos Expedicionários, localizado em Santa Luzia, no Sertão da Paraíba, presta uma homenagem aos pracinhas da FEB e ex-combatentes que lutaram durante a II Guerra Mundial. Santa Luzia do Sabugy, A Terra dos Pracinhas (foto) é o Monumento que celebra os Expedicionários paraibanos que atuaram no sul da Itália e na proteção da Costa do Brasil. Localizado na Rua Abel Coelho, no bairro Antônio Bento de Morais, às margens da BR-230, e inaugurado em 28 de novembro de 2014, o Monumento simboliza o compromisso com a liberdade e a democracia, é um tributo a coragem, bravura e patriotismo dos Expedicionários.

Após oito décadas, relembramos a assinatura da rendição incondicional da Alemanha nazista, ocorrida em 8 de maio de 1945, em Berlim, pelo marechal de campo alemão Wilhelm Keitel. Esse VE-Day foi um marco histórico, pois decretou o fim do maior conflito armado no continente europeu e que durou 2.077 dias.

Na Ásia, a II Guerra Mundial prolongou-se até 2 de setembro de 1945, quando ocorreu a rendição formal do Japão, liderado pelo Imperador Hirohito, fortemente influenciado pelas bombas atômicas lançadas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente. Os dois ataques atômicos, executados por aeronaves dos EUA, causaram uma devastação mortífera sem precedentes na história da humanidade e marcaram os últimos momentos de um conflito global que durou exatamente seis anos e um dia.

É preciso revelar para os leitores mais jovens que o médico alemão Josef Mengele, o “Anjo da Morte”, devido às atrocidades que cometeu no campo de concentração de Auschwitz, viveu clandestinamente no Brasil após o término da II Guerra Mundial. Após se refugiar na Argentina e no Paraguai, Mengele com identidade falsa se estabeleceu nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Ele faleceu em 7 de fevereiro de 1979, em Bertioga, no litoral de São Paulo, vítima de um derrame enquanto nadava. Sua morte marcou o fim da busca por um dos criminosos mais infames do Holocausto.

Hoje, mais do que nunca, é nossa responsabilidade garantir que o Holocausto, o Shoah, jamais seja esquecido. É essencial preservar a memória das vítimas que, marcadas pela estrela de Davi, enfrentaram a brutalidade e o ódio nazista. As duras lições dessa inesquecível tragédia devem permanecer como um guia histórico para as gerações presentes e futuras, assegurando que erros semelhantes nunca mais voltem a ocorrer na Europa e no mundo.

(1) Economista brasileiro e morador na Avenida Capitão João Freire, 684, no bairro dos Expedicionários, na capital paraibana, Brasil, desde 1975. Dedico este histórico artigo aos saudosos pracinhas da FEB, em especial, o Capitão João Freire, o economista paraibano Celso Monteiro Furtado (1920-2004), o Sargento Rigoberto de Souza (herói da II Guerra Mundial), como também, os meus saudosos vizinhos e ex-combatentes que guarneceram a Costa do Brasil contra ataques nazifascitas, José Alexandre Confessor (Motorista do Exército) e Mário Ferreira de Medeiros (Sargento do Exército e um dos idealizadores na construção do Monumento aos Expedicionários no município paraibano de Santa Luzia).
Lista dos nomes dos pracinhas da FEB: https://dokumen.pub/lista-dos-militares-da-feb-com-o-nome-dos-pracinhas.html
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