Considerações Iniciais Estimados leitores lusófonos do
Portal North News, com certeza, a pandemia da COVID-19 provocou impactos devastadores no setor de turismo internacional, transformando o ano de 2020 no pior já registrado na história desse relevante segmento econômico. As restrições de viagens e o fechamento de fronteiras geraram uma crise sem precedentes, afetando trabalhadores e empresas ao redor do mundo.
Com o início da vacinação contra o coronavírus, os rumos do turismo mundial começaram a mudar gradualmente. Esse processo culminou com a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o fim da pandemia da COVID-19, em 5 de maio de 2023.
O presente artigo analisa os números do turismo no mundo, no Brasil, no Nordeste, na Paraíba (PB) e, sobretudo, em João Pessoa, a capital do estado da PB, no ano de 2024, com foco nas chegadas de turistas internacionais, nas receitas turísticas em dólares americanos e na geração de empregos diretos.
Números do Turismo no Mundo De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), entre janeiro e dezembro de 2020, houve uma redução de 1,059 milhão de turistas internacionais no mundo, um queda de 72,29% em relação ao ano de 2019, resultando em uma perda de US$ 929 bilhões em receitas turísticas — o que representou um recuo de 62,35% em comparação com 2019.
A recuperação do turismo internacional, embora gradual, ganhou força com o avanço da vacinação global e a reabertura das fronteiras. Durante a maior crise sanitária da história da humanidade, em 2020, registrou-se um total de apenas 406 milhões de turistas internacionais. Em 2023, esse número saltou para 1,305 bilhão, e em 2024 atingiu 1,445 bilhão, representando um crescimento de 10,73% em relação ao ano anterior. Desde 2020, o turismo internacional apresentou um expressivo crescimento acumulado de 255,91%, de acordo com dados da OMT.
Os cinco países que mais receberam turistas internacionais em 2024, segundo a OMT, foram a França (89,4 milhões); Espanha (83,7 milhões); Estados Unidos (79,3 milhões); China (65,7 milhões); e Itália (64,5 milhões). A França ocupa também a sétima posição no ranking mundial das dez maiores economias, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 3,17 trilhões. Já os Estados Unidos, China e Itália são a primeira, a segunda e a oitava maior economia do planeta, com PIBs de US$ 29,17 trilhões, US$ 18,27 trilhões e US$ 2,38 trilhões, respectivamente, segundo os dados de 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI). A Espanha, por sua vez, ocupa a 15ª colocação no ranking global, com um PIB nominal de US$ 1,73 trilhões em 2024.
As receitas turísticas com o turismo internacional alcançaram US$ 1,526 bilhão em 2023, aumentando para US$ 1,590 bilhão em 2024, ou seja, um crescimento relativo de 4,19%, conforme a OMT. As receitas turísticas subiram de US$ 561 milhões em 2020 para US$ 1,590 bilhão em 2024, ou seja, uma acréscimo de US$ 1,029 bilhão nos últimos cinco anos.
Números do Turismo no Brasil O Brasil é a décima maior economia do mundo, com um PIB nominal de 2,19 trilhões de dólares americanos. O país sul-americano recebeu 6,7 milhões de turistas estrangeiros em 2024, representando um crescimento de 13,6% em relação ao ano de 2023 (5,9 milhões de turistas internacionais), segundo o Ministério do Turismo (MTUR), a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (EMBRATUR) e a Polícia Federal (PF).
O ano de 2024 (6.773.619 turistas estrangeiros) foi o melhor ano da série histórica iniciada em 1970 (249.900 turistas internacionais), pela EMBRATUR, com uma evolução de 2.610,53% nos últimos 54 anos.
O turismo internacional gerou receitas nominais de US$ 6,9 bilhões em 2023, um valor que subiu para US$ 7,3 bilhões em 2024, ou seja, um aumento de 5,8% em relação a 2023. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor de turismo corresponde a 8,0% do PIB total do Brasil, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As cinco principais chegadas anuais de turistas internacionais por país em 2024 foram a Argentina (1,9 milhão); Estados Unidos (728,5 mil); Chile (653,8 mil); Paraguai (465,0 mil); e Uruguai (388,4 mil).
Os cinco estados brasileiros que mais atraíram turistas internacionais foram São Paulo (2,2 milhões); Rio de Janeiro (1,5 milhão); Paraná (912,2 mil); Rio Grande do Sul (883,6 mil); e Santa Catarina (495,3 mil).
É preciso destacar também que o turismo também vem gerando vários empregos formais nas cinco regiões do Brasil. Em 2024, o turismo gerou 191.296 empregos formais no Brasil, de acordo com o Ministério do Turismo (MTUR). Desde 2023, o setor já acumula a abertura de mais de 405 mil postos de trabalho formais nas cinco regiões do país, sobretudo, na região Nordeste.
Números do Turismo no Nordeste No Nordeste, os empreendimentos turísticos na região aumentaram 52% ao longo dos últimos três anos. A região Nordeste teve um desempenho notável em 2024, com um aumento de 40,7% nos turistas internacionais e a região superou os 345 mil turistas estrangeiros ao longo do ano.
Os cinco principais destinos dos turistas internacionais em 2024 no Nordeste foram a Bahia (143,6 mil) e tradicionalmente um dos destinos turísticos mais cobiçados da região Nordeste; Ceará (96,8 mil); Pernambuco (70,6 mil); Rio Grande do Norte (25,9 mil); e Alagoas (8,7 mil), com destaque para os cruzeiros marítimos no Porto de Maceió.
Números do Turismo na Paraíba A Paraíba bateu recorde histórico de movimentação econômica com o turismo em 2024, com R$ 917,9 milhões, um aumento de 4,6% em relação a 2023, de acordo com os dados da Empresa de Turismo da Paraíba S.A. (PBTUR).
De acordo com os dados divulgados pela AENA Brasil referentes ao ano de 2024, no Aeroporto Internacional de João Pessoa (Presidente Castro Pinto) desembarcou 1.605.805 passageiros, representando um crescimento de 12,2% em comparação a 2023. Enquanto isso, o Aeroporto Internacional de Campina Grande (Presidente João Suassuna) registrou a movimentação de 260.294 passageiros, um aumento de 15,0% em relação ao ano anterior. No total, a Paraíba desembarcou mais de 1,8 milhão de passageiros em 2024.
Contudo, o setor turístico paraibano enfrenta o desafio de reivindicar os voos diretos internacionais, com o objetivo de conectar os turistas provenientes da Europa, África e América de maneira mais rápida e eficiente. Além de reduzir o tempo de viagem, essa estratégia contribuirá para a diminuição da emissão de dióxido de carbono, alinhando-se a práticas sustentáveis e fortalecendo a posição geográfica da Paraíba, a terra onde o sol nasce primeiro nas Américas.
O turismo paraibano enfrenta os desafios de aprimorar suas vias de acesso para a chegada de turistas internacionais, abrangendo os modais aéreo, marítimo (Porto de Cabedelo) e terrestre nos próximos anos. No setor aéreo, os aeroportos internacionais de João Pessoa (Presidente Castro Pinto) e de Campina Grande (Presidente João Suassuna), administrados pela AENA Brasil, desempenham papel crucial. Desde que assumiu a gestão em 2020, a AENA tem investido em melhorias estruturais, com o objetivo de aumentar a capacidade operacional e modernizar as instalações aeroportuárias. Esses esforços incluem reformas na única pista de pouso e decolagem, ampliação dos terminais e implementação de tecnologias para maior eficiência e conforto dos passageiros. Tais iniciativas privadas são essenciais para consolidar a Paraíba como um destino turístico competitivo no cenário internacional.
Na Paraíba, no ano de 2024, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), o setor de turismo (alimentação, meios de hospedagem, meios de transporte, agências de turismo, atividades culturais e desportivas) registrou 14.482 contratações e 13.080 demissões, com saldo positivo de 1.402 postos de trabalho com carteira assinada no ano passado.
Números do Turismo em João Pessoa João Pessoa, com suas belas praias e de águas mornas, saborosa culinária, rico artesanato e secular história, se consolidou como um dos principais destinos turísticos urbanos do Brasil. Em 2024, a taxa de ocupação hoteleira chegou a mais de 72%, com picos de 100% durante feriados como o da Independência e o de Finados.
Conforme os dados da PBTUR, a capital paraibana recebeu 1,4 milhão de turistas em 2024. Janeiro destacou-se como o mês de maior ocupação hoteleira, com a recepção de 158,6 mil visitantes. Em contrapartida, maio registrou a menor ocupação hoteleira, com 104,4 mil turistas.
Em 2014, a cidade de João Pessoa recebeu 1.158.910 turistas, registrando um aumento para 1.440.334 turistas em 2024, de acordo com a PBTUR. Isso representa um crescimento absoluto de 281.424 turistas ao longo de uma década, equivalente a um aumento relativo de 24,28% nos últimos dez anos. Esse avanço destaca o fortalecimento da infraestrutura turística e a promoção de João Pessoa como um destino cada vez mais atrativo no cenário nacional e internacional.
Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Paraíba (FECOMÉRCIO-PB), as cinco principais atrações turísticas de João Pessoa na alta estação, em janeiro de 2025, foram a Feirinha de Tambaú (54,73%); Mercado de Artesanato Paraibano (44,89%); Farol do Cabo Branco (25,38%); Centro Histórico de João Pessoa (24,24%); e Parque Sólon de Lucena (17,79%), como também, que 98,09% dos turistas pretendem voltar a João Pessoa, na última pesquisa anual do FECOMÉRCIO.
É preciso destacar o Polo Turístico do Cabo Branco, que abrange uma área de 654 hectares, abrigará nove
empreendimentos turísticos, que juntos representam, hoje, investimentos de R$ 2,4 bilhões, na construção de 13.909 leitos hoteleiros e na geração de mais de 19 mil empregos formais na capital paraibana. João Pessoa tem mais de 12 mil leitos distribuídos entre hotéis, pousadas, hostels, entre outros meios de hospedagens e representa mais de 39% do estado.
Em João Pessoa, no ano de 2024, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, registrou 9.646 contratações e 8.611 demissões, com saldo positivo de 1.045 postos de trabalho com carteira assinada no ano passado.
Considerações Finais Concluindo, os números apresentados refletem não apenas os impactos da pandemia da COVID-19, mas, sobretudo, a impressionante capacidade de resiliência e recuperação do setor turístico global, nacional, regional, estadual e, sobretudo, municipal. A retomada do turismo é essencial para a economia mundial, brasileira, nordestina, paraibana e, principalmente, pessoense, pois gera empregos formais e renda.
As viagens de curta distância realizadas pelas classes C, D e E impulsionaram a recuperação do turismo brasileiro no período pós-pandemia. Optando por meios de transporte terrestre e por hospedagens mais acessíveis, essas classes econômicas contribuíram diretamente para o fortalecimento da cadeia produtiva do turismo no Brasil, sobretudo, em João Pessoa, que segue em constante crescimento em plena guerra comercial dos Estados Unidos contra o resto do mundo, por enquanto.
Já observa-se uma queda significativa no número de turistas canadenses, mexicanos, europeus e asiáticos que chegaram aos aeroportos dos Estados Unidos no mês de março de 2025, conforme a OMT. Esse forte declínio está relacionado às tarifas protecionistas implementadas pelo presidente norte-americano Donald Trump, que têm como objetivo proteger a indústria nacional e fortalecer a economia americana.
Infelizmente, a guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump representa uma nova ameaça ao turismo mundial. As tarifas protecionistas impostas pelos Estados Unidos, que incluem taxas elevadas sobre produtos de 185 países, têm gerado impactos também no setor de turismo. Essas medidas resultaram em uma queda no número de turistas internacionais, especialmente de países como Canadá, México e China, que enfrentam tarifas recíprocas mais altas e evitam viagens de negócio ao quarto maior país do mundo e o terceiro mais populoso do planeta.
De acordo com economistas, essas tarifas protecionistas têm consequências econômicas amplas, como a desaceleração do comércio global, o aumento da incerteza econômica e a possibilidade de uma recessão mundial. Os impactos são sentidos em setores correlatos, como hotelaria, gastronomia, aviação e agência de viagens, além de comprometer eventos globais futuros, como a Copa do Mundo de 2026, a ser realizada no México, Canadá e Estados Unidos em conjunto.
Em suma, eu penso que o futuro do turismo no mundo dependerá cada vez mais de estratégias inovadoras e inclusivas, com foco na inteligência artificial (IA), preservação ambiental, qualificação profissional e valorização das culturas locais, como o forró nordestino. O turismo do futuro será, acima de tudo, mais sustentável. Por exemplo, a poluição dos oceanos causada pelo despejo irregular de esgotos clandestinos ameaça ecossistemas inteiros, prejudica a saúde humana e impacta a economia. Logo, a poluição dos oceanos constitui um dos mais graves desafios ambientais. Portanto, é imprescindível que haja esforços conjuntos entre governos, empresas, organizações não governamentais (ONGs), cooperativas e cidadãos para enfrentar esse problema de maneira sustentável o mais rápido possível.
(*) Economista paraibano, conselheiro efetivo do CORECON-PB, diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba e apresentador do programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência, na Paraíba. WhatsApp para entrevistas e palestras: +55 (83) 98122-7221. (**) Não perca, hoje, às 16h, a minha entrevista e da turismóloga Alessandra Lontra no Podcast Momentos de Turismo, na capital paraibana:
https://www.youtube.com/live/qy-oZtIwMbA