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14/01/2024 às 05h53min - Atualizada em 14/01/2024 às 05h25min

BRICS NA ATUALIDADE

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente artigo trata da necessidade de conhecer mais sobre os dez países membros do grupo BRICS na atualidade, e, fornecer informações gerais, importantes e mais recentes, no qual a China desempenha um papel central na dinâmica econômica do seleto grupo de países emergentes.
 
O BRICS não é um bloco econômico, é um grupo econômico, é um mecanismo oficial de cooperação econômica entre dez países emergentes. E o BRICS não possui um estatuto formal de regras ou uma carta de princípios, e também não possui um secretariado fixo ou uma sede própria.
 
E o BRICS tem três pilares distintos: i) Cooperação política e segurança; ii) Cooperação financeira e econômica; e iii) Cooperação educacional e cultural. E o objetivo principal do BRICS é alterar o sistema de governança global, em especial, destacam-se: a) Reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU); b) Novas alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial; e c) Fomento de economias emergentes via Novo Banco de Desenvolvimento (NDB).
 
2. O QUE É BRIC?
O termo BRIC é um acrônimo, ou seja, a junção das iniciais em inglês de Brazil, Russia, India and China. O criador do BRIC é o economista britânico Jim O'Neill, do banco de investimentos americano Goldman Sachs, em 2001, no paper intitulado Building Better Global Economic BRICs.

A Goldman Sachs ressaltou a importância dos investimentos externos diretos (IEDs) em países emergentes como a China, que será a maior economia do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) nominal de US$ 44,4 trilhões em 2050, a Índia que será a terceira maior do planeta (PIB de US$ 27,8 trilhões), e Brazil e Rússia, que serão a quinta e a sexta maior, com PIBs de US$ 6,0 trilhões e US$ 5,8 trilhões, respectivamente.
 
De sigla de investidores internacionais passou para a sigla política de países emergentes e o grupo BRIC originou-se em negociações diplomáticas à margem da Assembleia Geral da ONU em 2006. Depois da Crise de 2008, os chefes de Estado e de Governo do Brasil, Rússia, Índia e China se encontram anualmente em cúpulas desde 2009.
 
A I Cúpula do BRIC foi 16 de junho de 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia, com a presença de líderes de quatro países emergentes, que desejavam atrair mais IEDs e mais cooperação econômica para a reforma do sistema financeiro internacional.
 
3. O QUE É BRICS?
Em 14 de abril de 2011, com a entrada da South Africa (África do Sul) no BRIC, adicionada a sigla a letra S, surgiu então o grupo BRICS, ou seja, as iniciais em inglês de Brazil, Russia, India, China and South Africa. Posteriormente, em 15 de julho de 2014, foi criado o New Development Bank (NDB), popularmente conhecido como Banco do BRICS, cuja sede é localizada em Xangai, China.
 
A partir de 1 de janeiro de 2024, os dez países membros do grupo BRICS são: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mais cinco novos países emergentes, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Irã, Egito e Etiópia.
 
O BRICS Plus (BRICS+) não é a sigla oficial do relevante grupo econômico dos principais países emergentes. E é bem distinto do relevante Grupo dos Sete (G7), formado por Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Itália e Canadá, os principais países desenvolvidos.
 
O presidente argentino Javier Milei por carta não aderiu à entrada da Argentina no BRICS, que foi comemorada pelo então presidente Alberto Fernández em 24 de agosto de 2023. Posteriormente, em 22 de dezembro de 2023, o presidente Milei comunicou por carta, de uma única página, aos líderes que a Argentina não fará parte do BRICS em 1 de janeiro de 2024, conforme sua promessa eleitoral.
 
A renúncia da Argentina é preocupante em relação aos rumos das relações comerciais com o BRICS, em especial, com a China e o Brasil, os seus dois maiores parceiros comerciais.
 
4. BRICS NA ATUALIDADE
A presidência do BRICS passou da África do Sul para a Rússia em 1º de janeiro de 2024. E a próxima e XVI Cúpula do BRICS será realizada na milenar cidade russa de Kazan, em outubro do ano de 2024.
 
O presidente russo Vladimir Putin, em Moscou, já ressaltou que, “Fortalecimento do multilateralismo para um desenvolvimento global equitativo e segurança” será o tema central da Cúpula do BRICS Plus, em Kazan, localizada a 808 quilômetros a leste de Moscou.
 
Kazan é uma cidade localizada na margem esquerda do rio Volga, capital da República do Tartaristão, importante centro econômico e cultural da Rússia. É a sexta cidade mais populosa da Federação Russa, com mais de 1,2 milhão de habitantes, atrás apenas de Moscou, São Petersburgo, Novosibirsk, Ecaterimburgo e Nizhny Novgorod.
 
E os dez países que compõem o BRICS+, com suas respectivas capitais e moedas, são: China (Pequim, renminbi), Índia (Nova Delhi, rúpia indiana), Brasil (Brasília, real), Rússia (Moscou, rublo), Arábia Saudita (Riade, riyal), EAU (Abu Dhabi, dirham), África do Sul (Pretória, capital executiva, rand), Egito (Cairo, libra egípcia), Irã (Teerã, rial iraniano) e Etiópia (Adis Abeba, birr etíope).
 
Cada país membro do BRICS+ tem influência no cenário global ou regional. E agora, temos geograficamente, Brasil na América, África do Sul, Egito e Etiópia na África, Rússia na Europa e Ásia, e Arábia Saudita, EAU, Irã, Índia e China na Ásia.
 
5. OS PRINCIPAIS INDICADORES DO BRICS PLUS
Os BRICS Plus são dez países com grandes desigualdades econômicas e sociais. Apesar disso, eles têm melhorado os principais indicadores nos últimos 18 anos. Por isso, é muito importante, analisar os dez principais indicadores como o PIB, população, área territorial, produção de petróleo e de gás natural, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), esperança de vida ao nascer, média de anos de estudo, renda nacional bruta (RNB) e Índice de Gini.
 
PAÍS PIB
China US$ 17,7 trilhões
Índia US$ 3,7 trilhões
Brasil US$ 2,1 trilhões
Rússia US$ 1,8 trilhão
Arábia Saudita US$ 1,0 trilhão
EAU US$ 498,9 bilhões
África do Sul US$ 399,3 bilhões
Egito US$ 387,1 bilhões
Irã US$ 367,5 bilhões
Etiópia US$ 156,8 bilhões
BRICS+ US$ 28,2 trilhões
BRICS+ no mundo 27% do PIB mundial
Quadro 1. Os dez países mais ricos do BRICS Plus.
Fonte: FMI.
 
Os dez países mais ricos do grupo BRICS+ com base no critério do PIB são a China (US$ 17,7 trilhões), Índia (US$ 3,7 trilhões), Brasil (US$ 2,1 trilhões), Rússia (US$ 1,8 trilhão), Arábia Saudita (US$ 1,0 trilhão), EAU (US$ 498,9 bilhões), África do Sul (US$ 399,3 bilhões), Egito (US$ 387,1 bilhões), Irã (US$ 367,5 bilhões), e Etiópia (US$ 156,8 bilhões), de acordo com os dados do FMI.
 
A China é a maior economia do grupo BRICS+ e a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com um PIB de US$ 17,7 trilhões. O rápido crescimento econômico ao longo das últimas décadas posicionou a China como uma potência econômica global. Setores como manufatura, tecnologia e comércio internacional desempenham um papel significativo em sua economia socialista de mercado.
 
A Índia ocupa a segunda posição no BRICS+, com um PIB de US$ 3,7 trilhões e ocupa também a quinta maior economia do mundo, devido ao grande mercado interno e aos setores como tecnologia da informação (TI), serviços e agronegócio, que são componentes importantes da economia indiana.
 
O Brasil é a maior economia da América Latina, a nona maior do mundo e a terceira maior do BRICS Plus, com um PIB de US$ 2,1 trilhões. O país sul-americano desempenha um papel importante dentro do grupo e possui uma economia diversificada, incluindo setores como agronegócio, mineração, indústria e serviços.
 
A Rússia é a décima primeira maior do mundo, e a quarta maior do BRICS Plus, com um PIB de US$ 1,8 trilhão, porque os recursos naturais, como petróleo e gás natural, desempenham um papel crucial na economia russa. Setores como energia, mineração (níquel, cobalto, cobre, urânio, lítio, manganês, ouro, entre outros minérios) e indústria (bélica, metalúrgica, química, automobilística, aeroespacial) têm um papel importante na economia russa.
 
A Arábia Saudita é a décima nona maior economia do planeta e a quinta maior do grupo BRICS+, com um PIB de US$ 1,0 trilhão. E o país asiático é rico em petróleo e gás natural, sendo essas suas principais fontes de riqueza. Já a África do Sul tem uma economia diversificada, incluindo setores como mineração, manufatura e serviços financeiros. Embora seja a sétima maior economia dentro do BRICS Plus em termos de PIB, a África do Sul desempenha um papel importante no continente africano.
 
É importante notar que a riqueza de um país pode ser medida de várias maneiras, incluindo o PIB, o PIB per capita, entre outros indicadores econômicos, como a RNB. Das 20 maiores economias do mundo em 2023, em termos de PIB nominal, cinco países são do BRICS+, China, Índia, Brasil, Rússia e Arábia Saudita.

E com um PIB nominal de US$ 156,8 bilhões, o país mais pobre do BRICS Plus é a Etiópia, a sede atual da União Africana (UA) e nova integrante do Grupo dos Vinte (G20).
 
PAÍS POPULAÇÃO
Índia 1,429 bilhão de hab.
China 1,426 bilhão de hab.
Brasil 203,1 milhões de hab.
Rússia 148,2 milhões de hab.
Etiópia 115,3 milhões de hab.
Egito 109,2 milhões de hab.
Irã 87,0 milhões de hab.
África do Sul 59,3 milhões de hab.
Arábia Saudita 35,4 milhões de hab.
EAU 9,1 milhões de hab.
BRICS+ 3,6 bilhões de hab.
BRICS+ no mundo 43% da população mundial
Quadro 2. Os dez países mais populosos do BRICS Plus.
Fonte: FMI.
 
Os BRICS+ são um grupo de países emergentes e conhecidos por suas grandes populações. No Quadro 2 observa-se a lista do BRICS Plus de ordem decrescente de população total, com a liderança da Índia com 1,429 bilhão de habitantes (hab.) na atualidade. Nessa lista verifica-se também a China (1,426 bilhão de hab.), Brasil (203,1 milhões de hab.), Rússia (148,2 milhões de hab.), Etiópia (115,3 milhões de hab.) e Egito (109,2 milhões de hab.), os seis países mais populosos do BRICS+, com mais de 100 milhões de habitantes.
 
A Índia é o país mais populoso do mundo e lidera o BRICS Plus, com mais de 1,429 bilhão de habitantes. A China é o segundo país mais populoso do mundo e ocupa a segunda posição do BRICS+, com uma população significativa que ultrapassa 1,4 bilhão de pessoas.
 
O Brasil é o quinto país mais populoso do mundo e o terceiro dentro do BRICS Plus, com uma população considerável, mas significativamente menor em comparação com China e Índia. E a Rússia é o nono país mais populoso do planeta e o quarto mais populoso do BRICS+ na atualidade.
 
A África do Sul tem uma população menor em comparação com os outros membros do BRICS Plus, sendo o 25º país mais populoso do mundo e o sétimo mais populoso dentro do grupo econômico. Os EAU com 9,1 milhões de habitantes, são o país menos populoso do BRICS+ na atualidade.
 
PAÍS ÁREA TERRITORIAL
Rússia 17,1 milhões de km²
China 9,6 milhões de km²
Brasil 8,5 milhões de km²
Índia 3,3 milhões de km²
Arábia Saudita 2,1 milhões de km²
Irã 1,6 milhão de km²
África do Sul 1,2 milhão de km²
Etiópia 1,1 milhão de km²
Egito 1,0 milhão de km²
EAU 83.600 km²
BRICS+ 45,6 milhões de km²
BRICS+ no mundo 35% da superfície da Terra
Quadro 3. Os dez países mais extensos do BRICS Plus.
Fonte: Banco Mundial.
 
A Rússia é reconhecida mundialmente como o país mais extenso do planeta e do BRICS+, cobrindo uma vasta área territorial na Europa e na Ásia, com 17,1 milhões de quilômetros quadrados (km²).

A China é o terceiro maior país do mundo e o segundo do BRICS Plus, com uma extensão considerável na Ásia Oriental. E o Brasil é o quinto maior país do mundo e o terceiro do BRICS+, em termos de área, abrangendo grande parte da América do Sul. Ressalta-se que os três são nações continentais.
 
A Índia, situada no sul da Ásia, é o sétimo maior país do mundo e o quarto do BRICS+. Sua posição geográfica e extensão territorial contribuem para sua influência no cenário global. Já a África do Sul é um país extenso no sul da África, ocupando uma posição significativa no continente africano, e o quinto maior do BRICS Plus e a 23ª colocação no mundo.
 
Os EAU são o menor país do BRICS+ em termos de área territorial, cobrindo 83.600 km², e o 117° colocado no planeta. Apesar de sua pequena extensão territorial, os EAU são reconhecidos por sua importância econômica na região do Oriente Médio, conforme dados do Banco Mundial.
 
PAÍS PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
Arábia Saudita 12,0 milhões de bpd
Rússia 11,3 milhões de bpd
China 3,8 milhões de bpd
EAU 3,0 milhões de bpd
Brasil 2,6 milhões de bpd
Irã 2,2 milhões de bpd
Egito 640 mil bpd
Índia 860 mil bpd
África do Sul 191 mil bpd
Etiópia Sem produção de petróleo
BRICS+ 36,4 milhões de bpd
BRICS+ no mundo 42% da produção mundial
Quadro 4. Os maiores produtores de petróleo do BRICS Plus.
Fonte: EIA.
 
A Arábia Saudita é o principal produtor de petróleo dentro do grupo BRICS+ e encontra-se entre os maiores produtores mundiais e é a líder na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), contribuindo substancialmente para a produção global, com 12,0 milhões de barris por dia (bpd), de acordo com a Energy Information Administration (EIA).

A Rússia é o segundo principal produtor de petróleo do grupo BRICS+ e encontra-se entre os maiores produtores globais, com 11,3 milhões de barris por dia, conforme a EIA. Além de contribuir significativamente para as exportações mundiais de petróleo.
 
A China é um consumidor massivo de petróleo, o ouro negro, mas não é tão proeminente em termos de produção quanto à vizinha Rússia. E a China depende fortemente das importações russas para atender à sua demanda crescente. No entanto, há um crescimento notável na produção de carros elétricos e veículos verdes na República Popular da China, visando mercados interno e externo.
 
O Brasil é um produtor considerável de petróleo, especialmente devido às suas vastas reservas offshore na Bacia de Santos. E a produção brasileira de petróleo tem contribuído para sua posição como um importante player no mercado de energia e o quinto maior dentro do BRICS+.

Apesar das sanções econômicas que afetaram sua produção de petróleo, o Irã continua sendo um produtor significativo de petróleo, um país membro da OPEP e agora uma nação integrante do BRICS+, com 2,2 milhões de barris por dia.

A Índia e a África do Sul não são tão proeminentes como produtores de petróleo em comparação com os três primeiros (Rússia, Arábia Saudita e EAU). É preciso destacar que a Etiópia não produz petróleo em território africano.
 
PAÍS PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL
Rússia 598,6 milhões de m³
Irã 184,8 milhões de m³
China 138,4 milhões de m³
Arábia Saudita 102,3 milhões de m³
EAU 60,1 milhões de m³
Índia 26,2 milhões de m³
Brasil 20,4 milhões de m³
Egito 3,6 milhões de m³
África do Sul 1,1 milhão de m³
Etiópia Sem produção de gás natural
BRICS+ 1,135 trilhões de m³
BRICS+ no mundo 62% da produção mundial
Quadro 5. Os maiores produtores de gás natural do BRICS Plus.
Fonte: EIA.
 
Os países do BRICS+ têm diferentes níveis de produção de gás natural. A Rússia é um dos maiores produtores de gás natural do mundo, e com vastas reservas. A Gazprom é uma empresa estatal que desempenha um papel central na produção e exportação de gás natural da Rússia, a líder dos países integrantes do BRICS+. E a Rússia tem potencial para abastecer a Europa com gás natural através de quatro gasodutos, incluindo o Nord Stream 1 e o Nord Stream 2.
 
O Irã está oficialmente no BRICS Plus, e possui vastas reservas de gás natural, incluindo o maior campo de gás do mundo, o Campo de Gás South Pars, compartilhado com o Catar, sendo o segundo maior produtor de gás natural do BRICS+, com 184,8 milhões de metros cúbicos (m³), conforme a EIA.
 
A China tem aumentado sua produção de gás natural para atender à crescente demanda interna. Já o Brasil é um produtor de gás natural, mas sua produção é menor em comparação com alguns outros membros do BRICS Plus. E a produção brasileira de gás natural está relacionada principalmente às atividades de exploração offshore na Bacia de Santos.
 
A Índia produz gás natural, mas sua produção é relativamente modesta em comparação com a demanda crescente. E a Índia também depende significativamente das importações russas para atender às suas necessidades de gás natural.
 
A África do Sul possui reservas modestas de gás natural, e a produção é limitada em comparação com outros membros do BRICS+. Todavia, as dinâmicas na produção de gás natural podem evoluir ao longo do tempo, influenciadas por descobertas de novas reservas, desenvolvimento de tecnologias, políticas governamentais e condições de mercado. Assim como no caso da produção de petróleo, a Etiópia não produz gás natural em seu vasto território.
 
PAÍS IDH
EAU 0,911
Arábia Saudita 0,875
Rússia 0,822
Irã 0,774
China 0,768
Brasil 0,754
Egito 0,731
África do Sul 0,713
Índia 0,633
Etiópia 0,498
BRICS+ 0,745
BRICS+ no mundo IDH alto
Quadro 6. Os dez melhores IDHs do BRICS Plus.
Fonte: PNUD.
 
O IDH é uma medida que avalia o desenvolvimento humano com base em indicadores como saúde (expectativa de vida ao nascer), educação (média de anos de estudo e anos esperados de estudo) e padrão de vida (RNB).
 
Os EAU, a Arábia Saudita e a Rússia são os três países do grupo BRICS+ com IDH muito elevado, ou seja, acima de 0,800, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
 
O IDH da Rússia, de 0,822, é considerado muito alto, pois o país tem investido em diversos setores, incluindo educação e saúde, ao longo dos anos. Foi desde o início do grupo BRIC em 2006, o melhor IDH, até 1 de janeiro de 2024, com a entrada dos EAU ao relevante grupo econômico.
 
A China alcançou um progresso notável em seu IDH ao longo das últimas décadas, com melhorias significativas na expectativa de vida e acesso à educação. E o Brasil tem um IDH considerado alto. Apesar de desafios socioeconômicos, o país demonstrou melhorias ao longo do tempo, especialmente na redução da pobreza e nas melhorias na educação.

O IDH do Egito foi de 0,731 em 2021, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, publicado pelo PNUD. O Egito encontra-se na nonagésima sétima posição no ranking mundial e no sétimo lugar dentro do BRICS+.

E a África do Sul possui um IDH considerado alto, de 0,713, e o país africano enfrenta desafios em relação à desigualdade, mas tem trabalhado para melhorar o acesso à educação e à saúde. E a Índia tem um IDH médio, de 0,633, e o país asiático enfrenta desafios complexos, mas, houve progressos notáveis, especialmente, no acesso à educação.
 
É importante observar que o pior IDH do BRICS+ é da Etiópia (0,498), um IDH baixo, conforme o PNUD. Ao longo do tempo, o país africano vem buscando melhorias em várias áreas para elevar seu IDH.
 
PAÍS ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER
EAU 78,7 anos
China 78,2 anos
Arábia Saudita 76,9 anos
Irã 73,9 anos
Brasil 72,8 anos
Egito 70,2 anos
Rússia 69,4 anos
Índia 67,2 anos
Etiópia 65,0 anos
África do Sul 62,3 anos
BRICS+ 71,5 anos
BRICS+ no mundo Média expectativa de vida ao nascer
Quadro 7. As melhores esperança de vida ao nascer do BRICS Plus.
Fonte: PNUD.
 
Apesar de ser um novo país membro do BRICS+, EAU é o país asiático com a mais alta esperança de vida ao nascer do grupo econômico, com a expectativa de vida ao nascer de 78,7 anos. Já a China experimentou um aumento significativo na esperança de vida ao nascer ao longo das últimas décadas, refletindo melhorias nas condições de saúde, cuidados médicos e padrões de vida.
 
A Rússia testemunha um queda na esperança de vida ao nascer, e enfrenta desafios demográficos como a baixa taxa de natalidade. O país implementou medidas para melhorar os cuidados de saúde e abordar questões relacionadas à expectativa de vida, mas, sofre com a estúpida Guerra na Ucrânia.
 
O Brasil tem mostrado progressos na esperança de vida ao nascer. Melhorias em infraestrutura de saúde, programas de vacinação e acesso a cuidados médicos têm contribuído para esses avanços. Já a Índia tem observado um aumento gradual na esperança de vida. Avanços em saúde pública, acesso a água potável e melhorias nas condições socioeconômicas contribuíram para esses ganhos.
 
Já a África do Sul é a pior esperança de vida ao nascer do BRICS+, com 62,3 anos, e vem enfrentando enormes desafios em relação à expectativa de vida, incluindo questões relacionadas ao HIV/AIDS e a desigualdade econômica. No entanto, melhorias em intervenções médicas e programas de prevenção têm impactado positivamente a esperança de vida no país africano nos últimos anos.
 
PAÍS MÉDIA DE ANOS DE ESTUDO
Rússia 12,8 anos
EAU 12,7 anos
África do Sul 11,4 anos
Arábia Saudita 11,3 anos
Irã 10,6 anos
Egito 9,6 anos
Brasil 8,1 anos
China 7,6 anos
Índia 6,7 anos
Etiópia 3,2 anos
BRICS+ 9,4 anos
BRICS+ no mundo Baixa média de anos de estudo
Quadro 8. As melhores média de anos de estudo do BRICS+.
Fonte: PNUD.
 

 A Rússia tem uma média de anos de estudo relativamente alta, de 12,8 anos, refletindo um sistema educacional historicamente robusto. E a China experimentou um aumento significativo na média de anos de estudo ao longo das últimas décadas, com enormes investimentos em educação.
 
O Brasil tem trabalhado para melhorar suas estatísticas educacionais, e a média de anos de estudo tem aumentado. No entanto, existem desafios em termos de desigualdades regionais e socioeconômicas. Já a Índia também tem visto melhorias na média de anos de estudo, especialmente com esforços para expandir o acesso à educação de qualidade, pois os desafios persistem em alguns estados indianos.
 
A África do Sul tem uma média de anos de estudo que reflete desafios e disparidades no sistema educacional, incluindo questões como acesso desigual e qualidade variável da educação. E a Etiópia tem a menor média de anos de estudo do BRICS+, com apenas 3,2 anos, conforme os dados do PNUD.
 
PAÍS RENDA NACIONAL BRUTA
EAU US$ 62.574 PPC
Arábia Saudita US$ 46.112 PPC
Rússia US$ 27.166 PPC
China US$ 17.504 PPC
Brasil US$ 14.370 PPC
Irã US$ 13.001 PPC
África do Sul US$ 12.948 PPC
Egito US$ 11.732 PPC
Índia US$ 6.590 PPC
Etiópia US$ 2.361 PPC
BRICS+ US$ 21.436 PPC
BRICS+ no mundo Média RNB
Quadro 9. As melhores RNB do BRICS Plus.
Fonte: PNUD.
 

As RNBs dos países do BRICS Plus variaram de US$ 62.574 em termos de paridade de poder de compra (PPC), do EAU, até US$ 2.361 PPC, da Etiópia, conforme os dados do PNUD.

A China é a quarta maior economia do BRICS+ em termos de RNB. E o país asiático experimentou um crescimento econômico significativo nas últimas décadas, impulsionado por reformas econômicas, industrialização e comércio internacional.
 
A Rússia tem uma RNB considerada média, impulsionada principalmente por setores como energia, mineração e indústria. As exportações de recursos naturais, como petróleo e gás, desempenham um papel significativo na economia russa.
 
O Brasil possui uma economia diversificada, com destaque para setores como agronegócio (líder mundial na exportação de café, açúcar, soja, milho, carne bovina, carne de frango, etanol, celulose, e suco de laranja concentrado e congelado), mineração, indústria e serviços. A RNB do Brasil reflete a extensão da sua economia e a sua posição como a quinta maior economia do BRICS+, com US$ 14.370 PPC.
 
Já a África do Sul possui uma economia diversificada, incluindo setores como mineração, manufatura e serviços financeiros. A RNB do país reflete sua posição econômica no continente africano, com US$ 12.948 PPC.

E a Índia tem uma economia em crescimento, e sua RNB tem aumentado ao longo dos anos. O país é conhecido por setores como TI, serviços e agronegócio. No BRICS Plus a Índia encontra-se em nono lugar, com US$ 6.590 PPC, segundo o PNUD.
 
PAÍS ÍNDICE DE GINI
África do Sul 63.0
Brasil 48.9
Irã 44.5
China 38.5
Índia 37.8
Etiópia 35.0
Arábia Saudita 32.0
Egito 31.5
EAU 31.0
Rússia 12.8
BRICS+ 33.7
BRICS+ no mundo Alta desigualdade econômica
Quadro 10. Os melhores Índice de Gini do BRICS Plus.
Fonte: PNUD.
 

O Índice de Gini é uma medida de desigualdade de renda, variando de 0 (igualdade perfeita) a 1 (desigualdade perfeita). E os Coeficientes de Gini variam nos países integrantes do BRICS+, sendo o pior da África do Sul (63.0) e o melhor da Rússia (12.8), conforme o PNUD.
 
O Índice de Gini da China tem variado ao longo dos anos, mas historicamente tem sido relativamente alto, indicando níveis significativos de desigualdade econômica. O Brasil tem sido historicamente conhecido por ter altos níveis de desigualdade de renda. No entanto, o Índice de Gini no país tem mostrado algumas melhorias ao longo do tempo, embora a desigualdade ainda seja um desafio.
 
A Índia também tem uma história de desigualdade de renda significativa. O Índice de Gini na Índia tem variado, e o governo implementou diversas iniciativas para abordar a desigualdade econômica. E o Irã experimentou mudanças significativas em seus níveis de desigualdade de renda ao longo das décadas. Embora o país ainda enfrente desafios relacionados a reduzir as disparidades econômicas.
 
E a África do Sul tem uma história de desigualdade acentuada, e o Índice de Gini reflete isso. O país tem implementado várias políticas para abordar questões de desigualdade econômica. É importante notar que a desigualdade de renda é um desafio complexo e multifacetado em cada país.
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, o artigo destaca a importância do BRICS na atualidade, seu papel na governança global, no Sul Global e suas metas de reforma em instituições como o Conselho de Segurança da ONU, FMI e Banco Mundial, além do estabelecimento do NBD, tema para o próximo artigo.
 
O artigo tratou também dos principais indicadores de cada país membro do grupo BRICS e na busca de uma nova ordem multipolar. Também foi mostrada a relevância global do BRICS Plus nos dias atuais, porque são dez países emergentes que representam 27% do PIB mundial, 43% da população global, 35% da superfície do planeta, 42% da produção mundial de petróleo e 62% da produção global de gás natural. E o grupo BRICS+ tem IDH alto (0,755), média expectativa de vida ao nascer (71,5 anos), baixa média de anos de estudo (9,4 anos), média RNB (US$ 21.436 PPC) e alta desigualdade econômica (33.7).
 
Finalizando, os BRICS+ abrigam três das dez maiores economias do mundo na atualidade, a China, a Índia e o Brasil (atual presidência do G20). A China, em particular, é a segunda maior economia global, a maior economia do BRICS Plus, com PIB nominal de US$ 17,7 trilhões e superior aos outros nove países membros, que juntos totalizam US$ 11,8 trilhões.
 
Neste artigo não analisamos os números do PIB em termos de PPC do BRICS+, mas, destacamos que a China já é a maior economia do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. A Índia já é a terceira maior economia do planeta, superando o Japão. E a Rússia tornou-se a quinta maior economia mundial e a primeira na Europa, ultrapassando a rica e desenvolvida Alemanha.
 
Alertamos para a nova expansão do BRICS que atrairá 15 países emergentes ao redor do mundo para ser os novos países membros na próxima cúpula de dez líderes do grupo BRICS, na Rússia, entre eles, destacamos Bangladesh (já país membro do NBD), Bolívia, Nigéria, Paquistão e Cazaquistão.
 
Logo, a cooperação econômica estratégica entre os países integrantes do BRICS Plus é fundamental para novos acordos comerciais, novos IEDs, assim criar as condições para o crescimento econômico global, além de promover a segurança alimentar, a segurança energética e a segurança ambiental. Enfim, almejamos a paz (Мир em russo, peace em inglês) no ano de 2024, assim melhorar as condições socioeconômicas para todos.
 
REFERÊNCIAS
FMI. Brasil. Disponível em: https://www.imf.org/en/Countries/BRA#countrydata. Acesso em: 11 jan. 2024.
PNUD. The Human Development Report 2021/2022. Disponível em: https://hdr.undp.org/system/files/documents/global-report-document/hdr2021-22pdf_1.pdf. Acesso em: 11 jan. 2024.
TRADING ECONOMICS. Brasil. Disponível em: https://pt.tradingeconomics.com/matrix. Acesso em: 11 jan. 2024.
 
(1) Economista brasileiro, professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba e apresentador do Podcast Economia em Alta na Rádio Alta Potência: https://www.youtube.com/watch?v=_D2cOnTpS6I
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