Considerações Iniciais Prezado leitor do Portal North News, em Toronto, na província de Ontário, recentemente, na Rádio Alta Potência, uma rádio web localizada na capital paraibana, entrevistei no meu programa Economia em Alta, o presidente do Sistema Organização das Cooperativas do Estado da Paraíba (OCB-PB), o renomado médico André Pacelli, sobre o papel do cooperativismo no desenvolvimento sustentável na Paraíba (PB).
O presidente André Pacelli conhece bem as províncias canadenses de Quebec e British Columbia (BC). Vale destacar que ele visitou tecnicamente a Cooperativa Desjardins, uma das maiores cooperativas de crédito do Canadá e da América do Norte, com sede na província francófona de Quebec. Durante a entrevista, ele foi preciso em suas respostas sobre como o cooperativismo tem desempenhado um papel significativo no desenvolvimento sustentável na PB, abordando aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Este papel do cooperativismo pode ser analisado em vários setores e segmentos econômicos, além de iniciativas que mostram como as cooperativas contribuem para o desenvolvimento sustentável no estado da PB, promovendo uma economia de baixo carbono e o uso de energia limpa.
Várias cooperativas já incorporam os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança) na Paraíba. A maioria das cooperativas paraibanas está trabalhando para alcançar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), validados na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
O que é o Cooperativismo? A origem da palavra "cooperativismo" vem do prefixo "coop", que significa cooperação em inglês, ou seja, a união de pessoas em torno de um objetivo comum. No cooperativismo, busca-se distribuir as sobras financeiras, melhorar a vida das pessoas, colocando-as em primeiro lugar, e não existe o termo lucro.
O cooperativismo é um modelo econômico e social baseado na cooperação entre pessoas para atingir objetivos comuns em uma mesma atividade econômica. As cooperativas são organizações democráticas controladas por seus membros, que são ao mesmo tempo proprietários e usuários dos serviços oferecidos, os cooperados.
No cooperativismo, o foco está em melhorar a vida das pessoas envolvidas, colocando-as em primeiro lugar, em vez de visar lucros como as empresas tradicionais. Ao invés de lucros, as cooperativas distribuem "sobras", que são os resultados financeiros positivos gerados ao final do exercício, proporcionalmente ao uso que cada membro fez da cooperativa. Essas sobras são frequentemente reinvestidas na própria cooperativa ou distribuídas entre os cooperados.
O cooperativismo tem sete ramos distintos: Agropecuário, Crédito, Consumo, Saúde, Infraestrutura, Transporte, e Trabalho, Produção de Bens e Serviços. Os princípios fundamentais do cooperativismo, defendidos e divulgados pela OCB-PB desde 1972, incluem:
Adesão Voluntária e Livre: Qualquer pessoa pode se tornar membro da cooperativa, independentemente de gênero, condição social, raça, posição política ou crença religiosa;
Gestão Democrática pelos Membros: As cooperativas são organizações democráticas controladas por seus membros, que participam ativamente na formulação de políticas e na tomada de decisões;
Participação Econômica dos Membros: Os membros contribuem equitativamente para o capital da cooperativa e participam democraticamente do controle desse capital;
Autonomia e Independência: As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas por seus membros;
Educação, Formação e Informação: As cooperativas fornecem educação e formação para seus membros, representantes eleitos, gestores e funcionários, para que possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento da cooperativa;
Intercooperação: As cooperativas servem de maneira mais eficaz aos seus membros e fortalecem o movimento cooperativo trabalhando juntas através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais;
Compromisso com a Comunidade: Um dos princípios do cooperativismo é o compromisso com a comunidade, e as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentável de suas comunidades locais através de políticas cooperativistas aprovadas por seus membros.
O cooperativismo tem suas raízes no século XIX, com um dos marcos históricos mais significativos sendo a criação da Sociedade dos Probos de Rochdale, em 1844, na Inglaterra. Em plena Revolução Industrial, este grupo de tecelões estabeleceu as bases do que viria a ser o moderno movimento cooperativo, com princípios que ainda são seguidos pelas cooperativas ao redor do mundo.
Aspectos Econômicos A geração de emprego e renda é fundamental no cooperativismo. As 91 cooperativas filiadas à OCB-PB reúnem mais de 75 mil cooperados na Paraíba e geram aproximadamente três mil empregos diretos.
Por exemplo, a UNIMED João Pessoa é a união de médicos e profissionais da área da saúde em uma estrutura cooperativa. A cooperativa gera dois mil empregos diretos e milhares de empregos indiretos em vários bairros de João Pessoa, sobretudo nos bairros da Torre e dos Expedicionários.
As cooperativas agrícolas ajudam pequenos agricultores a comercializar seus produtos de forma mais eficaz e a preços justos, sendo cruciais para o desenvolvimento local. Geralmente enraizadas nas comunidades, elas investem as sobras na própria comunidade, promovendo o desenvolvimento regional.
As cooperativas de crédito oferecem serviços financeiros a populações que, de outra forma, estariam excluídas do sistema bancário tradicional. Por exemplo, o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB) e o Sistema de Crédito Cooperativo (SICREDI) Evolução.
Outro exemplo é a Cresol Paraíba, uma cooperativa de crédito que oferece serviços financeiros inclusivos, contribuindo para a inclusão financeira de populações rurais e urbanas de baixa renda. Estas cooperativas de crédito permitem que pequenos produtores e trabalhadores autônomos se unam para ganhar poder de negociação, acesso a mercados e compartilhamento de recursos financeiros.
Aspectos Sociais As cooperativas promovem a inclusão social, especialmente em comunidades rurais e marginalizadas, proporcionando acesso a serviços essenciais e melhorando a qualidade de vida.
As cooperativas de artesanato e produção familiar capacitam mulheres e grupos minoritários. Um exemplo significativo de cooperativismo voltado para a valorização da produção artesanal e local no interior da Paraíba é a Cooperativa de Produtores e Artesãos de Couro (ARTEZA) em Cabaceiras. Fundada em 1998, a cooperativa vende seus produtos de couro na Festa do Bode Rei, em Cabaceiras, no salão de artesanato do Maior São João do Mundo, em Campina Grande, e por vendas online para todo o Brasil.
Investir em educação e formação é uma prática comum nas cooperativas, melhorando as habilidades e capacidades de seus membros para gestão e inovação, como programas de formação para agricultores sobre práticas agrícolas sustentáveis e gestão de negócios.
Aspectos Ambientais Muitas cooperativas na Paraíba adotam práticas sustentáveis em suas operações, promovendo a agricultura orgânica, a gestão responsável de recursos naturais e a redução de impactos ambientais. Cooperativas agroecológicas promovem a produção orgânica e a conservação da biodiversidade. Iniciativas de cooperativas voltadas para a conservação dos recursos naturais, como água e solo, contribuem significativamente para a sustentabilidade ambiental.
A Cooperativa de Trabalho dos Agricultores Familiares da Paraíba (Cooperar-PB) é um exemplo de como o cooperativismo pode fomentar o desenvolvimento sustentável, trabalhando com agricultores familiares para promover práticas agrícolas sustentáveis e acesso a mercados.
Projetos de reflorestamento e preservação de nascentes realizados por cooperativas agropecuárias são exemplos concretos de como essas entidades contribuem para a sustentabilidade ambiental.
Considerações Finais O cooperativismo na Paraíba tem se mostrado uma ferramenta poderosa para promover o desenvolvimento sustentável. E o presidente André Pacelli é uma relevante liderança do cooperativismo na PB e no Brasil. Ao combinar esforços econômicos, sociais e ambientais, as cooperativas não só melhoram a qualidade de vida de seus associados, mas também contribuem para a resiliência e sustentabilidade das comunidades locais.
Com o fortalecimento do cooperativismo, a Paraíba pode continuar a avançar em direção a um desenvolvimento sustentável em plena Quarta Revolução Industrial e, sobretudo, contribuir significativamente para reduzir a elevada desigualdade econômica que persiste no estado nordestino.
Links Úteis: Link do SISTEMA OCB-PB:
https://www.paraibacooperativo.coop.br Link da Loja ARTEZA:
https://www.lojaarteza.com.br/ (1) Economista brasileiro, Professor de Economia no UNIESP, Conselheiro Efetivo no CORECON-PB, Sócio Efetivo no Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, Palestrante, Colunista do Portal North News, Autor e co-autor de mais de 325 artigos de Economia, Autor de 17 e-books de Economia e Apresentador do Programa Economia em Alta na Rádio Alta Potência.
WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
Fonte: RÁDIO ALTA POTÊNCIA.
