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22/06/2024 às 06h19min - Atualizada em 22/06/2024 às 06h16min

O Brasil é um dos Líderes Mundiais na Produção e Exportação de Açúcar e Etanol

Paulo Galvão Júnior (*)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, palestrante, autor de 17 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e sócio do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Considerações Iniciais
O Brasil é reconhecido como um dos líderes mundiais na produção e exportação de açúcar e etanol, uma liderança sustentada por uma série de fatores endógenos e exógenos que contribuem para a produção, produtividade, competitividade e eficiência da indústria sucroalcooleira nacional.
 
Desde o ciclo da cana-de-açúcar no Brasil colonial, que teve início no século XVI, a ex-colônia portuguesa já se destacava como o maior produtor e exportador mundial de açúcar. O Brasil é de longe o maior produtor de cana-de-açúcar do planeta, e os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Alagoas são os maiores produtores brasileiros.
 
Fatores Endógenos
Os fatores endógenos, originários dentro do país ou do setor, desempenham papel crucial na indústria sucroalcooleira brasileira. Incluem condições climáticas favoráveis, tecnologia avançada, capacidade produtiva expansiva, programas governamentais e expertise em exportação.
 
As condições naturais, como clima tropical e solos férteis nas regiões Nordeste, Sudeste Centro-Oeste e Sul, proporcionam colheitas abundantes e de alta qualidade de cana-de-açúcar. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, seguido por Índia, Tailândia, China, Paquistão e México.
 
A indústria sucroalcooleira é marcada pela alta mecanização e inovação contínua, com investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para melhorar a produtividade e sustentabilidade. A adoção de colheitadeiras, tratores, tecnologias avançadas e práticas agrícolas modernas maximiza os rendimentos e minimiza os impactos ambientais.
 
O Brasil possui vastas áreas de terras agricultáveis, permitindo a expansão contínua das plantações de cana-de-açúcar. Atualmente, é o maior produtor de açúcar (23,0% da produção mundial) e o principal exportador (51,3% das exportações globais) do planeta.
 
O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. A República Federativa do Brasil é um dos líderes mundiais nas exportações de etanol, com vendas significativas para Coreia do Sul, Estados Unidos, China, Países Baixos e Japão, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX).
 
Programas governamentais como o Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) incentivaram a produção de álcool e desenvolveram a infraestrutura necessária para sua comercialização, fortalecendo a liderança do Brasil no mercado mundial.
 
Lançado em 1975, o Pró-Álcool foi fundamental para promover o álcool como alternativa à gasolina após a Primeira Crise do Petróleo em 1973. Idealizado pelo engenheiro civil, físico e professor universitário José Walter Bautista Vidal (1934-2013), o programa impulsionou a produção de álcool e inaugurou a liderança global do Brasil.
 
Com o aumento do preço do barril de petróleo em dólares americanos, houve uma elevação significativa do preço da gasolina nos postos de combustíveis em todas as cinco regiões do país. A substituição de carros com motores a gasolina por veículos movidos a álcool foi crucial para impulsionar o crescimento da cadeia produtiva do setor e diminuir significativamente as importações de petróleo dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
 
Posteriormente, a introdução de veículos Flex Fuel em 2003 ampliou a demanda por etanol, destacando-o como fonte renovável com menor pegada de dióxido de carbono (CO2) comparada aos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), além de apostar mais na energia da biomassa pelo bagaço de cana.
 
Séculos de expertise em exportação de açúcar e décadas de experiência em exportação de etanol consolidaram a competitividade internacional da indústria brasileira, que possui a matriz energética mais renovável do mundo e é o segundo maior produtor de biocombustíveis, atrás apenas dos Estados Unidos.
 
Fatores Exógenos
Fatores exógenos, originários fora do país ou do setor, como a demanda mundial, preços internacionais, acordos comerciais, concorrência global e regulamentações internacionais, impactam a indústria sucroalcooleira brasileira.
 
A demanda mundial por açúcar e etanol é influenciada por investimentos em energia renovável e consumo global. Os principais consumidores de açúcar são Índia, China, União Europeia e Estados Unidos pela alta demanda por bebidas açucaradas, alimentos açucarados e doces.
 
A volatilidade dos preços internacionais do açúcar e do petróleo afeta a competitividade do etanol como combustível alternativo. A busca por soluções sustentáveis e a inovação contínua são essenciais para manter a liderança mundial do Brasil nesse setor. Índia e Brasil estão transformando o etanol numa commodity global, sendo o etanol o biocombustível mais limpo do planeta.
 
Atualmente, o Brasil tem um número relativamente baixo de acordos bilaterais em comparação com outras economias emergentes como o Chile. A ausência desses acordos comerciais limita a capacidade do país de acessar mercados estratégicos com tarifas preferenciais e termos comerciais mais favoráveis. Os acordos bilaterais são cruciais para reduzir barreiras tarifárias e não tarifárias, facilitando o comércio de produtos como o açúcar.
 
As quotas de importação de açúcar, especialmente impostas por países desenvolvidos como a França, representam uma barreira significativa para os produtores brasileiros. Essas quotas limitam a quantidade de açúcar que o Brasil pode exportar para determinados mercados sem incorrer em tarifas elevadas. Como resultado, o açúcar brasileiro enfrenta os custos adicionais que tornam o produto menos atraente em termos de preço para os importadores.
 
Apesar da liderança, a indústria enfrenta desafios como a concorrência global e restrições à liberdade econômica. As usinas de açúcar e as destilarias de etanol fomentam a economia brasileira, com a produção também de álcool 70° de um litro.
 
A indústria sucroalcooleira brasileira é significativamente impactada por diversas regulamentações internacionais. Essas regulamentações abrangem aspectos ambientais, sociais e econômicos que afetam tanto a produção quanto a exportação de açúcar e etanol.
 
Os principais pontos chave sobre como essas regulamentações impactam a indústria, como os acordos climáticos internacionais. Compromissos como o Acordo de Paris impõem metas de redução de emissões de GEE, incentivando a produção de biocombustíveis como o etanol.
 
As certificações internacionais, como a Bonsucro, exigem que a produção de açúcar e etanol seja sustentável, minimizando impactos ambientais e garantindo condições de trabalho justas. O cumprimento desses padrões é essencial para acessar mercados exigentes como o europeu.
 
As barreiras tarifárias e não-tarifárias como tarifas de importação, quotas de exportação e regulamentações fitossanitárias podem afetar a competitividade do açúcar e etanol brasileiros no mercado global. Por exemplo, a União Europeia impõe tarifas sobre o açúcar importado, o que pode limitar o acesso dos produtos brasileiros.
 
As normas de trabalho com regulamentações internacionais sobre condições de trabalho e direitos humanos, como aquelas definidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), influenciam a indústria. A conformidade com essas normas é crucial para evitar sanções e manter uma boa reputação internacional.
 
Fortes padrões de qualidade, com regulamentos internacionais sobre segurança alimentar exigem que o açúcar e o etanol atendam a padrões rigorosos de qualidade e segurança. Isso inclui controles sobre resíduos de pesticidas, contaminantes e aditivos.
 
Portanto, inovação contínua e soluções sustentáveis são essenciais para manter a liderança global do Brasil. A utilização de energia solar e irrigação por gotejamento por usinas de açúcar e destilarias de etanol exemplificam esforços nessa direção.
 
Considerações Finais
Em síntese, a posição de liderança mundial do Brasil na produção e exportação de açúcar e etanol oriundo da cana-de-açúcar resulta de fatores endógenos e exógenos que fortalecem a indústria sucroalcooleira ao longo de décadas, gerando milhares de empregos.
 
OBSERVAÇÃO: Este artigo tem o patrocínio da COMPANHIA USINA SÃO JOÃO, fundada em 1888, no município de Santa Rita, na Paraíba, Brasil: Telefone comercial: 55 (83) 2106-7500.
 
(*) Paulo Galvão Júnior é economista brasileiro, professor de economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, palestrante, colunista do Portal North News (Canadá), escritor e apresentador do programa Economia em Alta da Rádio Alta Potência. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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