Considerações Iniciais
A Paraíba, o estado brasileiro mais próximo da África, enfrenta desafios significativos em plena Quarta Revolução Industrial. Diante da recente declaração de emergência de saúde internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido à disseminação global do vírus Monkeypox, com destaque para a variante Clado 1b (mais contagiosa e letal) em comparação com as variantes Clado 1 (mais transmissível) e Clado 2 (menos severa) do Mpox, na República Democrática do Congo (RDC) e em países vizinhos da África Central, torna-se crucial uma análise crítica dos principais indicadores socioeconômicos da Paraíba na atualidade.
A Paraíba é um pequeno estado situado na região Nordeste, que vem enfrentando desafios estruturais que impactam significativamente sua economia e sociedade. Este artigo é dedicado ao estimado professor Rômulo Soares Polari, ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ex-presidente do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, ex-secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal de João Pessoa, a capital do estado da Paraíba, e renomado economista paraibano, cuja obra A Paraíba que Podemos Ser: Da Crítica a Ação Contra o Atraso oferece uma compreensão profunda sobre a situação socioeconômica do estado da Paraíba.
É fundamental compartilhar uma visão crítica sobre a economia paraibana, abordando temas como desigualdade de renda, crescimento econômico, analfabetismo, pobreza, desemprego e qualidade de vida. Desta forma, destacamos os principais indicadores que evidenciam a realidade socioeconômica da Paraíba.
Principais Indicadores Socioeconômicos da Paraíba
A Paraíba possui uma área territorial de 56,4 mil km², correspondendo a 0,7% da área total do Brasil continental. Apesar de sua pequena extensão territorial, com 87,1% de sua área localizada no bioma Caatinga, a Paraíba abriga uma população de 3,9 milhões de habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Paraíba ocupa a posição de sexta maior economia do Nordeste, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de R$ 77,4 bilhões em 2021, conforme os dados do IBGE. Esse desempenho econômico reflete a diversificação das atividades produtivas no estado, com destaque para o setor de serviços, que representa 80,4% do PIB paraibano, seguido pela indústria (14,9%) e pela agropecuária (4,7%).
Embora a Paraíba ocupe a sexta posição em termos de PIB no Nordeste, o estado tem um potencial considerável para avançar no ranking nordestino. Entretanto, enfrenta desafios estruturais significativos que demandam investimentos robustos em áreas estratégicas, como infraestrutura logística, saneamento básico, agronegócio, energias renováveis, turismo e, sobretudo, na indústria. A implementação desses investimentos é fundamental para elevar a produção, produtividade e competitividade do estado.
O estado da Paraíba é composto por 223 municípios, e os principais indicadores socioeconômicos abordados neste artigo incluem o Índice de Gini, o PIB per capita, a taxa de analfabetismo, a taxa de pobreza, a taxa de extrema pobreza, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e a taxa de desemprego. Também é analisada a posição atual da Paraíba no ranking nacional.
O Pior Índice de Gini do Brasil
O Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, posiciona a Paraíba na pior situação entre os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Com um Coeficiente de Gini de 0,558 em 2022, segundo o IBGE, o estado revela uma acentuada disparidade na distribuição de renda.
A extrema concentração de renda dificulta o acesso da população mais pobre a oportunidades de ascensão social. Esse índice indica uma profunda desigualdade econômica, com a renda concentrada em uma pequena parcela da população.
O 2º Menor PIB per capita do País
O PIB per capita é o PIB dividido pela população residente no estado, é uma medida fundamental para avaliar a capacidade econômica de um estado. Na Paraíba, em 2021, a renda per capita de R$ 19.081,81 é a segunda mais baixa do Brasil, evidenciando uma economia com baixa capacidade de gerar riqueza média por pessoa. Esse indicador reflete um crescimento econômico pífio, revelando um baixo padrão de vida médio dos habitantes do estado.
A 3ª Maior Taxa de Analfabetismo do Brasil
A educação é essencial para o desenvolvimento sustentável na Paraíba, mas o estado enfrenta um grande obstáculo com uma taxa de analfabetismo de 13,2% em 2023, a terceira mais elevada do Brasil. Esta realidade limita o acesso de 417 mil pessoas acima de 15 anos que não sabem ler nem escrever a melhores oportunidades de emprego e participação ativa na sociedade, demonstrando graves deficiências no sistema educacional e prejudicando diretamente as chances de ascensão socioeconômica.
A 5ª Maior Taxa de Pobreza do País
Quase metade da população paraibana vive em condições de pobreza, colocando o estado na quinta posição entre os mais pobres do Brasil. Com uma taxa de pobreza de 47,5% em 2023, este indicador reflete a incapacidade da economia estadual em oferecer uma qualidade de vida digna para a maioria dos seus cidadãos, sendo um reflexo direto da desigualdade de renda e da baixa geração de riqueza.
A 7ª Maior Taxa de Extrema Pobreza do Brasil
A Paraíba enfrenta desafios significativos em seu desenvolvimento econômico, com uma taxa de extrema pobreza de 11,1% em 2022, a sétima maior do Brasil, segundo dados do IBGE. Muitos paraibanos sobrevivem com menos de R$ 209,00 por mês, o que reflete as dificuldades socioeconômicas do estado nordestino.
O 7º Pior IDHM do País
O IDHM da Paraíba, que mede aspectos como saúde, educação e renda, é o sétimo pior entre os estados brasileiros, com um IDHM de 0,698 no ano de 2021, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este índice reflete um médio desenvolvimento humano do estado, devido às deficiências graves em áreas críticas como saúde (atualmente com uma esperança de vida ao nascer de 75,1 anos em 2023), educação e renda, logo, demandando ações urgentes para reverter essa preocupante realidade.
A 8ª Maior Taxa de Desemprego do Brasil
A Paraíba apresenta uma taxa de desemprego de 8,6% da população economicamente ativa (PEA), no segundo trimestre de 2024, ocupando a oitava posição no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE. Este indicador revela a dificuldade do mercado de trabalho local em absorver a força de trabalho disponível, agravando as condições de vida de trabalhadores desocupados, e destaca a incapacidade de gerar mais empregos formais.
Considerações Finais
Os principais indicadores socioeconômicos da Paraíba são extremamente relevantes e revelam um cenário preocupante e desafiador. Para conquistar uma sociedade economicamente robusta, socialmente mais justa e ambientalmente sustentável, o estado necessita de políticas públicas eficientes e estratégias empresariais eficazes, capazes de reduzir o nível de pobreza observada na Paraíba, erradicar o analfabetismo, gerar empregos formais, melhorar a qualidade de vida e, principalmente, distribuir de forma mais justa a riqueza gerada.
Este artigo oferece uma análise crítica e direta dos desafios enfrentados pela economia paraibana na atualidade, por exemplo, a Paraíba teve a menor taxa de crescimento do PIB por estado brasileiro no ano de 2023, apenas 1,2%. É preciso contribuir para um desenvolvimento sustentável a longo prazo, reduzir o déficit habitacional, influenciar nas políticas públicas e nas estratégias empresarias de crescimento econômico do estado.
Além disso, garantir uma vida digna para cerca de quatro milhões de habitantes na Paraíba, o quinto estado mais populoso do Nordeste, além de ser o terceiro estado brasileiro com a maior proporção de domicílios com o Programa Bolsa Família, com 570 mil domicílios em 2023, ou seja, 38,8% dos lares paraibanos recebem o benefício do Bolsa Família a cada mês.
(*) Economista brasileiro (CORECON-PB 1392); Conselheiro Efetivo do CORECON-PB; Diretor Secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba; Apresentador do Programa "Economia em Alta" na Rádio Alta Potência; Autor de 17 livros de Economia; Autor e co-autor de mais de 330 artigos de Economia; Palestrante e Colunista no Portal MaisPB, Portal Valentina, NotíciaExtra.com, Revista Moçada que Agita e Revista Nordeste (João Pessoa), SAM Consultoria e Blue BI Solution (São Paulo), e Portal North News (Toronto).