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17/11/2024 às 15h54min - Atualizada em 17/11/2024 às 15h42min

Desempenho Econômico do Nordeste em 2022: Desafios e Oportunidades

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Livraria LDM.
Considerações Iniciais

O Nordeste, uma das cinco regiões do Brasil, é mundialmente reconhecido por sua rica diversidade histórica, cultural, gastronômica e econômica. É composto por nove estados: Alagoas (AL), Bahia (BA), Ceará (CE), Maranhão (MA), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Rio Grande do Norte (RN) e Sergipe (SE). A população atual do Nordeste é de 54,6 milhões de habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A região Nordeste se destaca como um dos principais destinos turísticos do país. Sua atratividade é impulsionada pela beleza natural do extenso litoral, caracterizada por praias paradisíacas de águas mornas, ar puro, clima tropical, além das danças e festas tradicionais e da hospitalidade de seu povo. O Nordeste também tem sido uma excelente escolha de turistas, tanto nacionais quanto internacionais, devido à relação custo-benefício, especialmente em momentos de variação cambial, como a cotação do dólar turismo em R$ 5,99 durante o Dia da Proclamação da República.

A região Nordeste desempenha um papel relevante na economia brasileira e representa 13,86% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro que atingiu R$ 10,1 trilhões em 2022, de acordo com o IBGE. O PIB nominal é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região (país, estado ou município) em determinado período de tempo, avaliados a preços de mercado correntes.

O presente artigo tem como objetivo principal analisar o desempenho econômico dos nove estados nordestinos em 2022, com foco em seus PIBs nominais e suas respectivas participações na economia regional, utilizando os dados mais recentes do IBGE. Além disso, este artigo visa verificar o PIB per capita de cada estado nordestino, destacando os desafios e oportunidades para fortalecer a economia nordestina, em especial, a economia paraibana.

Desempenho Econômico dos Estados Nordestinos em 2022

Segundo o IBGE, o PIB total do Nordeste alcançou R$ 1,388 trilhão em 2022, com a Bahia liderando o ranking regional e Sergipe na última colocação. O Quadro 1 apresenta o PIB nominal de cada estado nordestino e sua participação no PIB do Nordeste no ano de 2022:
 
Quadro 1. PIB Nominal e Participação dos Estados Nordestinos em 2022.
Fonte: IBGE, 2024.
RANKING ESTADO PIB NOMINAL PARTICIPAÇÃO (%)
1° BAHIA R$ 402,6 bilhões 29,01
2° PERNAMBUCO R$ 245,8 bilhões 17,71
3° CEARÁ R$ 213,6 bilhões 15,39
4° MARANHÃO R$ 139,8 bilhões 10,07
5° RIO GRANDE DO NORTE R$ 93,8 bilhões 6,76
6° PARAÍBA R$ 86,1 bilhões 6,20
7° ALAGOAS R$ 76,1 bilhões 5,48
8° PIAUÍ R$ 72,8 bilhões 5,25
9° SERGIPE R$ 57,4 bilhões 4,13
PIB TOTAL DO NORDESTE R$ 1,388 trilhão 100
 
 
A Bahia se destaca como o principal motor econômico da região Nordeste, concentrando 29,01% do PIB nordestino. A força da economia baiana encontra-se na indústria petroquímica, no agronegócio, na energia renovável e no turismo.

Pernambuco e Ceará também possuem economias dinâmicas, com participações de 17,71% e 15,39%, respectivamente. Esses três estados (BA, PE e CE) somam 62,11% da economia nordestina, enquanto os outros seis (MA, RN, PB, AL, PI e SE) contribuem com os 37,89% restantes.

Por outro lado, os menores PIBs da região Nordeste são de Sergipe, Piauí e Alagoas, que juntos respondem por apenas 14,86% do total. Esses três estados enfrentam desafios como baixa diversificação econômica e menor capacidade de atrair investimentos externos diretos (IEDs).

Convém lembrar que a concentração econômica nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará reflete fatores como a presença de indústrias consolidadas, infraestrutura logística mais desenvolvida e uma maior capacidade de atrair IEDs.

É importante destacar que os estados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba têm demonstrado potencial de crescimento econômico em setores estratégicos, como energia renovável, turismo e agronegócio. O Maranhão, por exemplo, destaca-se por sua posição logística privilegiada e pelo crescimento forte na exportação de milho, soja, algodão, alumina, minério de ferro e celulose, pelo Porto de Itaqui, Terminal Marítimo de Ponta da Madeira e Terminal Portuário da ALUMAR.

Pode-se afirmar que os menores PIBs nordestinos são de Sergipe, Piauí e Alagoas. Para tentar superar o PIB relativamente baixo, esses três estados nordestinos necessitam de políticas públicas voltadas à redução das desigualdades sociais. Esses três estados enfrentam desafios estruturais, como menor diversificação econômica e limitações de infraestrutura logística, que restringem o crescimento do PIB estadual. Todavia, o estado mais pobre do Nordeste avança para se consolidar como líder regional na produção de Hidrogênio Verde.

A Paraíba é a Sexta Maior Economia do Nordeste no ano de 2022

A Paraíba, sexta maior economia do Nordeste, obteve um PIB nominal de R$ 86,1 bilhões no ano de 2022, representando 6,20% do PIB regional. Apesar de estar bem abaixo das três principais economias nordestinas, como também, mais próxima dos PIBs do Rio Grande do Norte e do Maranhão, o estado da Paraíba apresenta crescimento em setores estratégicos como energia renovável, turismo, construção civil e agropecuária, fundamentais para consolidar sua relevância econômica na secular região.

Apesar de seu potencial econômico, a Paraíba ainda enfrenta desafios estruturais que dificultam o pleno desenvolvimento de sua economia. Entre os principais entraves há uma infraestrutura logística insuficiente, que restringe o escoamento da produção agrícola, mineral e industrial, e uma elevada desigualdade econômica, que limita o acesso de grande parte da população a oportunidades de emprego qualificado e melhoria da qualidade de vida. Além disso, problemas relacionados à baixa diversificação da economia e à escassez de investimentos em inovação tecnológica.

Análise do PIB per capita nos Estados Nordestinos em 2022

Visto por outro ângulo, o PIB per capita, que resulta da divisão do PIB nominal pela população total, é um indicador fundamental para avaliar a geração de riqueza em relação ao tamanho populacional de um determinado país, estado ou município. Este indicador não reflete apenas o desempenho econômico, mas também é utilizado como referência para comparações entre países, regiões, estados e municípios, destacando disparidades no padrão de vida da população.

Com base nos dados mais recentes de 2022, divulgados pelo IBGE, o Quadro 2 apresenta a renda per capita de cada estado nordestino, evidenciando variações significativas que refletem as diferenças estruturais e produtivas entre os nove estados da região:
 
Quadro 2. PIB per capita dos Estados Nordestinos em 2022.
Fonte: IBGE, 2024.
RANKING ESTADO PIB per capita
1° BAHIA R$ 28.472
2° RIO GRANDE DO NORTE R$ 28.406
3° PERNAMBUCO R$ 27.136
4° SERGIPE R$ 25.960
5° ALAGOAS R$ 24.320
6° CEARÁ R$ 24.286
7° PIAUÍ R$ 22.265
8° PARAÍBA R$ 21.660
9° MARANHÃO R$ 20.627
 
 
Conforme o IBGE, que verifica os dados de 2022 do PIB per capita, o estado da Bahia é o líder entre os nove estados nordestinos, com R$ 28.472. A força da economia baiana é oriunda de sua ampla base econômica, que combina setores agropecuários, industriais e de serviços.

A Bahia se destaca como o principal polo industrial do Nordeste, com indústrias químicas, petroquímicas, automobilísticas, de bebidas, de pneus e de fertilizantes localizadas no Polo Industrial de Camaçari. Além disso, a agropecuária tem forte presença, com a produção de cacau, soja, algodão e leite de vaca no estado. A Bahia é o maior produtor de frutas do Nordeste.

A Bahia tem destinos turísticos inesquecíveis como Porto Seguro, o local onde começou o Brasil em 22 de abril de 1500; Ilhéus, cidade rica em cacau, de praias deslumbrantes e destacada pela presença literária de lugares e personagens marcantes do escritor baiano Jorge Amado; Juazeiro, município localizado a beira do Rio São Francisco, rico em mangas e terra das Carrancas e de João Gilberto, um dos líderes da Bossa Nova; e Salvador, a primeira capital do Brasil e terra de Gilberto Gil, um dos líderes do Tropicalismo.

Em segundo e terceiro lugares, encontram-se os estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, com R$ 28.406 e R$ 27.136, respectivamente. Enquanto, o Maranhão é o estado com o menor PIB per capita do Nordeste, com apenas R$ 20.627.

A Paraíba é o Segundo Estado com Pior PIB per capita do Nordeste no ano de 2022

O desempenho pífio da Paraíba em termos de PIB per capita, com R$ 21.660, revela que é o segundo estado mais pobre do Nordeste no critério de renda per capita. Em outras palavras, o estado da PB é o segundo estado com pior PIB per capita da região, refletindo desafios históricos, como menor diversificação econômica e desigualdade econômica alta que limitam o potencial de crescimento do PIB paraibano.

O desempenho econômico da Paraíba no ano de 2022 destaca a necessidade de investimentos direcionados a setores estratégicos estruturais, capazes de contribuir para a renda média da população e melhorar o ranking do estado no PIB per capita nordestino. Entre os setores prioritários, destacam-se a infraestrutura logística, fundamental para integrar mercados e facilitar o escoamento da produção; a educação, essencial para formar uma mão de obra qualificada e adaptada às atuais e futuras demandas do mercado; e a inovação tecnológica, que pode estimular a diversificação econômica e atrair IEDs.

A pequena, linda e amada Paraíba, terra que deu ao Brasil nomes icônicos como Celso Furtado, Ariano Suassuna, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Augusto dos Anjos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Pedro Américo, Assis Chateaubriand, Margarida Alves, Marinês, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Genival Lacerda e Herbert Vianna, oferece as melhores oportunidades de investimentos no turismo, energia renovável, criação de novas startups, agropecuária, setor sucroalcooleiro, construção civil, indústria de alimentos, de bebidas, de produtos cerâmicos, de têxteis e de calçados, pesca, aquicultura, além de serviços voltados à educação da Primeira Infância e a saúde de idosos.

É fundamental atrair mais investimentos estatais e privados, tanto nacionais quantos internacionais, para retirar a Paraíba do segundo pior PIB per capita do Nordeste e do Brasil e do pior Índice de Gini da região Nordeste e do país, com Coeficiente de Gini de 0,558 em 2022. Esses números preocupantes não definem o futuro do estado de bandeira rubro-negra, mas sim, a urgência de mudanças estruturais e educacionais.

Não podemos aceitar passivamente, naturalmente, que a Paraíba, onde o sol nasce primeiro nas Américas, registre a segunda menor renda per capita da região Nordeste e do país em 2022, e ao mesmo tempo, no ano seguinte, a terceira maior taxa de analfabetismo do Nordeste e do Brasil, alcançando 13,2% em 2023. Esse desempenho econômico desfavorável reflete também na precariedade educacional no estado da PB, evidenciada pelo contingente de 417 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade totalmente incapacitados de ler e escrever.

É essencial investir em educação de qualidade, priorizando a erradicação do analfabetismo. Além disso, é indispensável promover a construção de novas bibliotecas públicas e privadas nos 223 municípios, criando espaços que democratizem o acesso à leitura e ao conhecimento, assim, preservando e fortalecendo a riqueza da cultura nordestina, tão bem expressa na célebre frase do poeta, escritor, dramaturgo e professor paraibano Ariano Suassuna: “Não troco o meu oxente pelo ok de ninguém!”.

Considerações Finais

O desempenho econômico do Nordeste em 2022 destaca a Bahia, Pernambuco e Ceará como as três principais forças econômicas da região, enquanto, estados como Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba buscam consolidar seu crescimento econômico. Por outro lado, Sergipe, Piauí e Alagoas são os três mais pobres da região Nordeste.

Já no critério do PIB per capita, Maranhão, Paraíba e Piauí enfrentam desafios mais intensos, como infraestrutura logística precária e baixa diversificação econômica. Enquanto, os estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco são os três estados mais ricos do Nordeste.

Apesar da disparidade econômica entre os estados nordestinos, oportunidades podem surgir com investimentos em infraestrutura logística, qualificação profissional e inovação tecnológica. O crescimento de setores como saneamento básico, energia renovável, agronegócio, construção civil, turismo, telecomunicações e inteligência artificial (IA) tem o potencial de melhorar o PIB e a renda per capita de cada estado nordestino.

Finalmente, compreender as dinâmicas do PIB e do PIB per capita nordestino é crucial para embasar o planejamento de políticas públicas eficientes e estratégias eficazes do setor privado que promovam não apenas o crescimento econômico, mas também a inclusão social, a redução das desigualdades econômicas e da pobreza (4,6 milhões de pessoas moram em favelas) e a proteção ao meio ambiente, com a interiorização do desenvolvimento sustentável em plena Quarta Revolução Industrial.

(1) Economista paraibano, Conselheiro Efetivo do CORECON-PB e Diretor Secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba. WhatsApp: 55 (83) 98122-7221.
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