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09/02/2025 às 07h31min - Atualizada em 09/02/2025 às 07h24min

México e seus desafios e avanços socioeconômicos na atualidade

Por Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Fonte: Portal North News.
Considerações Iniciais
 
Estimado(a) leitor(a) lusófono(a) do Portal North News, os Estados Unidos Mexicanos têm uma área territorial de mais de 1,9 milhão de quilômetros quadrados e é o quinto maior país da América, atrás do Canadá, Estados Unidos da América (EUA), Brasil e Argentina. O México tem uma população de mais de 128 milhões de habitantes e é a terceira nação mais populosa do continente americano, atrás dos EUA e do Brasil.
 
O México tem um papel relevante no cenário socioeconômico da América Latina e do mundo. Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,781, é classificado como uma nação de alto desenvolvimento humano, conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). No entanto, o país latino-americano ainda enfrenta desafios relacionados à desigualdade econômica, evidenciada pelo Coeficiente de Gini de 45,4.
 
A economia mexicana é caracterizada por sua industrialização e integração comercial global, sendo um dos países membros do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), do Grupo dos Vinte (G20) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O México é uma das economias latino-americanas mais abertas do planeta.
 
No Índice de Liberdade Econômica (ILE), o México alcança uma pontuação de 63,2 em 2023, ocupando a 61ª posição no ranking entre 176 países, de acordo com Heritage Foundation. Apesar dos avanços na educação pública, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais de idade ainda é de 4,7% e a média de anos de escolaridade é de 9,2 anos em 2022, segundo o PNUD.
 
A Ascensão ao Poder da Presidenta Claudia Sheinbaum Pardo
 
Claudia Sheinbaum Pardo, aos 62 anos, de origem judia, assumiu a presidência da República dos Estados Unidos Mexicanos em 1º de outubro de 2024, sucedendo Andrés Manuel López Obrador. Antes de sua eleição, ela foi a governadora da Cidade do México de 2018 a 2023, destacando-se por sua implantação de teleféricos e sua dedicação às causas sociais, ambientais e compromisso com a justiça social, e, sobretudo, elevados investimentos na saúde pública em plena pandemia da COVID-19.
 
Claudia Sheinbaum é mestra e Ph.D em engenharia da energia e autora de mais de 100 artigos científicos sobre energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Ela foi prefeita de Tialpan, entre 1 de outubro de 2015 até 6 de dezembro de 2017. Ela foi também secretária de Meio Ambiente da Cidade do México de 5 de dezembro de 2000 até 15 de maio de 2006.
 
Hoje, chama muita atenção o seu histórico discurso político numa praça pública repleta de mexicanos e mexicanas: “La educación pública... ¡Es un derecho! El acceso a la salud... ¡Es un derecho! El salario justo... ¡Es un derecho. El empleo digno... ¡Es un derecho! El acceso a la vivenda digna... ¡Es un derecho! El acceso a la cultura... ¡Es un derecho! A la movilidad sustentable... ¡Es un derecho! A un medio ambiente sano... ¡Es um derecho! Son los derechos del pueblo del México!”.
 
No ano de 2024, o México alcançou um marco histórico com eleição de sua primeira mulher presidenta, Claudia Scheinbaum Pardo, após 214 anos da independência dos Estados Unidos Mexicanos em 1810. O México é um país milenar, com 62 povos indígenas e um dos principais pontos turísticos são as pirâmides, como a Pirâmide do Sol e a Pirâmide da Lua na cidade de Teotihuacán.
 
Em 2024, Claudia Scheinbaum foi eleita pela Revista Forbes, a quarta mulher mais poderosa do mundo. Logo, a mulher mais poderosa da América Latina. Acredito que todos nós, latino-americanos, estejamos felizes com a cientista mexicana ganhadora também do Prêmio Nobel da Paz de 2007, ao contribuir cientificamente com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ao lado de personalidades como o ex-vice-presidente dos EUA e ambientalista americano, Al Gore.
 
Números da Economia Mexicana
 
O México é o quarto país mais rico da América, atrás dos EUA, Canadá e Brasil. O México é um país industrializado, com um Produto Interno Bruto (PIB) nominal de 1,789 trilhão de dólares americanos em 2024, representando 1,7% do PIB global. O país latino-americano mantém uma taxa de desemprego baixa, de apenas 2,4%, a menor entre os membros do G20 e da OCDE.
 
A economia mexicana é fortemente impulsionada pela indústria automotiva, eletrônica e pelo setor de petróleo e turismo. No entanto, desafios como as tarifas protecionistas de 25% impostas pelos EUA, certamente, provocará desemprego entre os trabalhadores mexicanos e falências entre as empresas mexicanas, em diversos segmentos econômicos.
 
É preciso destacar também a necessidade de elevados investimentos em infraestrutura logística e inovação tecnológica, para melhorar o ILE, que permanecem no radar do governo mexicano. E o México tem reservas internacionais de US$ 225,8 milhões, a segunda maior da América Latina, atrás apenas do Brasil, com US$ 357,8 milhões.
 
O México é a segunda maior economia da América Latina, atrás apenas do Brasil. A economia mexicana cresceu 1,8% em 2024, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A projeção econômica do FMI para o crescimento do PIB mexicano no ano de 2025 é de 1,4%, ou seja, uma desaceleração econômica.
 
Os economistas latino-americanos estão preocupados com os rumos da economia mexicana no ano de 2025, devido às tarifas protecionistas de 25% de Donald Trump, que afetarão drasticamente as dez principais cidades mexicanas, como Cidade do México, Monterrey, Guadalajara, Puebla, Tijuana, Queretaro, Cancún, Mazatlan, Puerto Vallarta e San Luis Potisi.
 
É preciso revelar que nos últimos 30 anos, a taxa média de crescimento do PIB mexicano foi de 2,4% ao ano, como também, já está em operação um plano ambicioso do México para se tornar a décima maior economia do planeta no ano de 2030.
 
O Plano México: Visão para 2030
 
Com o objetivo de posicionar o México entre as dez maiores economias do mundo até 2030, a presidenta Claudia Sheinbaum lançou o Plano México, em 13 de janeiro de 2025. Os pilares dessa estratégia incluem, os investimentos em educação e pesquisa e desenvolvimento (P&D) para fortalecer setores estratégicos e reduzir a taxa de analfabetismo.
 
O Plano México é uma carta de navegação econômica do povo mexicano para gerar 1,5 milhão de novos empregos até 2030, através de 100 parques industriais e do turismo nos 32 estados federativos do México. Com investimentos em infraestrutura em todo o país, reforçando a presença do México no cenário global. A infraestrutura esportiva da Copa do Mundo de 2026 será um dos setores beneficiados, com investimentos em modernização de estádios e turismo.
 
Modernização da infraestrutura logística com obras em ferrovias, portos, aeroportos e rodovias nos 31 estados e na Cidade do México, a capital mexicana, com mais de nove milhões de habitantes. Os 31 estados mexicanos são Vera Cruz, Jalisco, Puebla, Guanajuato, Chiapas, Nuevo León, Michoacán, Oaxaca, Chihuahua, Guerrero, Tamaulipas, Baja California, Sinaloa, Coahuila, Hidaldo, Sonora, San Luis Potosí, Tabasco, Iucatã, Queretaro, Morelos, Durango, Zacatecas, Quintana Roo, Aguascalientes, Tiaxcala, Nayarit, Campeche, Colina e Baja California Sur.
 
Desde 2019, é preciso ressaltar que o México está construindo o maior projeto ferroviário em toda a América Latina, modernizando e ampliando o “Tren Maya”, um trem turístico que conectar cinco estados mexicanos, Tabasco, Chiapas, Yucatán, Campeche e Quintana Roo. São 34 estações ferroviárias em 1.554 km de trilhos, e a primeira estação de trem de passageiros é no Aeroporto Internacional de Cancún, cidade mexicana que mais recebe turistas internacionais.
 
Muitos programas de inclusão social, com foco na redução da desigualdade econômica e melhoria da qualidade de vida. Além disso, a sustentabilidade, com metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e proteção ambiental.
 
Não à Guerra Comercial, Sim ao Livre Comércio
 
Estamos à beira dos 249 anos da publicação da obra-prima de Adam Smith, A Riqueza das Nações (1776), em que o economista escocês se destacou como um grande defensor do livre comércio e um crítico ferrenho do protecionismo no século XVIII. Hoje, a expansão do livre comércio impulsiona a economia mexicana, fortalecendo os 12 tratados de livre comércio já firmados pelo país latino-americano e abrindo caminho para novas parcerias em cinco continentes. Como reflexo desse dinamismo, o México registrou um superávit comercial de US$ 2,6 bilhões em dezembro de 2024.
 
É fundamental enfatizar que, no livre comércio, não há espaço para o protecionismo. Os consumidores são os verdadeiros soberanos no livre comércio, enquanto as empresas exportadoras prosperam ao atenderem com eficiência às demandas dos consumidores, oferecendo bens e serviços de qualidade a preços cada vez mais competitivos. Caso contrário, são naturalmente excluídas do mercado global.
 
Há quase 249 anos, Adam Smith, em A Riqueza das Nações, publicada em 09 de março de 1776, no ano da Independência dos EUA, criticou severamente as políticas protecionistas e alfandegárias defendidas pelos mercantilistas. É inadmissível que a nação mais rica do mundo, que possui um dos primeiros exemplares da primeira edição da obra-prima de Smith, em sua biblioteca do Congresso, a maior biblioteca do mundo, seja governada por um presidente que ignora um dos principais princípios de Adam Smith. O legado do economista escocês continua a iluminar mentes tanto no Hemisfério Norte quanto no Sul em pleno século XXI.
 
Diante disso, não podemos permanecer calados frente à estúpida guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald John Trump contra o México, o Canadá e a China. O economista britânico Adam Smith, em pleno domínio do pensamento mercantilista, defendeu o livre comércio e argumentou que as nações deveriam especializar-se na produção de mercadorias com as quais tinham uma vantagem absoluta e importar aquelas mercadorias que tinham uma desvantagem absoluta.
 
A Copa do Mundo de 2026
 
O México também se prepara para mais um momento histórico, a Copa do Mundo de 2026, que será realizada em conjunto com os EUA e o Canadá. O México se tornará o primeiro país a sediar três Copas do Mundo (1970, 1986 e 2026), reforçando sua tradição no futebol mundial e seu papel de destaque no cenário econômico internacional.
 
A Copa de 2026 será uma vitrine global para o México, podendo impulsionar ainda mais o crescimento econômico e consolidar sua posição entre as dez maiores potências econômicas do mundo. É preciso destacar que o famoso Estádio Azteca, na Cidade do México, vai sediar o jogo de abertura, em 11 de junho de 2026, com o México entrando em campo contra uma seleção adversária do Grupo A.
 
O México almeja alcançar a quinta posição no ranking mundial do destino turístico que mais recebem turistas internacionais, mensurado anualmente pela Organização Mundial do Turismo (OMT). Na atualidade, o México, com a Cidade do México, as praias paradisíacas de Cancún, as ruínas maias e os sombreros, os mariachis e as tequilas de Guadalajara, o país latino-americano encontrava-se em sétimo lugar, com 45 milhões de turistas estrangeiros, conforme dados de 2019 da OMT, antes da pandemia da COVID-19. Após a vacinação mundial, o México recebeu 38,3 milhões de turistas internacionais em 2022, de acordo com a OMT.
 
Considerações Finais
 
Finalizando, a esperança de vida dos mexicanos é de 73,4 anos e com uma economia em crescimento, desafios estruturais e uma nova liderança focada na modernização e inclusão social, o México tem uma oportunidade única de consolidar seu papel como potência emergente. O Humanismo Mexicano de Claudia Sheinbaum será determinante para reduzir a desigualdade econômica, melhorar a qualidade de vida da população e com seu Plano México busca se tornar a décima maior economia do mundo no ano de 2030.
 
Com certeza, para alcançar essas metas ambiciosas, a gestão de Claudia Sheinbaum aposta no livre comércio, na modernização da infraestrutura logística, na inovação tecnológica, no turismo e em políticas públicas sólidas que reduzam a pobreza. Arriba México!

(1) Economista brasileiro. WhatsApp para contato no Brasil: +55 (83) 98122-7221.
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