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25/09/2022 às 22h22min - Atualizada em 25/09/2022 às 22h20min

John Kenneth Galbraith, um dos Mestres da Economia

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Paulo Galvão Júnior

Economista paraibano, autor de 18 e-Books de Economia, conselheiro do CORECON-PB e diretor secretário do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da PB.

Ícaro Henrique Ribeiro Holanda.
 
  1. Considerações iniciais
O mundo vem se transformando rapidamente com a pandemia da COVID-19, infelizmente, esse horror sanitário já provocou mais de 6,5 milhões de pessoas mortas nos cinco continentes, segundo os dados recentes da Johns Hopkins University.
 
A Guerra na Ucrânia, a recessão técnica nos Estados Unidos, a desaceleração econômica na China, a pobreza na Venezuela e no Quênia, a fome na Somália e no Sudão do Sul, os protestos de rua na Argentina contra a inflação e no Irã contra o uso obrigatório do hijab, o desemprego na África do Sul e no Brasil, o tufão Nanmadol no Japão, os terremotos em Taiwan e no México, as inundações no Afeganistão e no Paquistão e o furacão Fiona em Porto Rico, na República Dominicana e no Canadá, são problemas globais recentes que reacendem o debate sobre os rumos da humanidade em plena Quarta Revolução Industrial, em pleno Capitalismo Informacional.
 
Consciente de que as crises econômicas são cíclicas, os recursos naturais são escassos e as mudanças climáticas são causadas pelo homem, hoje, escrevo um novo artigo para incentivar a leitura entre os jovens das Gerações Y e Z, dos livros do economista canadense John Kenneth Galbraith (1908-2006), que foi um grande pacifista, que sempre segurou na mão esquerda ou na mão direita a bandeira branca da paz (peace, em inglês, ou paix, em francês), além de um severo crítico as disparidades sociais existentes no mundo e a poluição no meio ambiente.
 
O Professor Galbraith, da Universidade de Harvard, de 1948 até 1975, escreveu 46 livros que criticam a sociedade de consumo, a pobreza, a desigualdade, o desemprego e o poder das empresas monopolistas entre 1952 e 2004. E o Professor Galbraith foi por duas vezes agraciado com a Presidential Medal of Freedom, pelo então presidente Harry Truman, em 1946, e pelo presidente Bill Clinton, em 2000.

E o Professor Galbraith estudou muito sobre a Crise de 1929, nos Estados Unidos, onde milhões de pessoas sem emprego, milhões com fome nas filas de sopa, milhões sem casa. E 659 bancos faliram em 1929, 1.352 em 1930, e 2.294 em 1931.
 
  1. Biografia de John Kenneth Galbraith
Eu não li na íntegra a biografia de Galbraith intitulada John Kenneth Galbraith: his life, his politics, his economics (John Kenneth Galbraith: sua vida, sua política, sua economia), do economista americano Richard Parker, no ano de 2005.
 
Pesquisando muito em livros, revistas, e-books e na Internet, é possível descobrir que o Professor Galbraith nasceu no segundo maior país do mundo, o Canadá. Segundo o Professor Luiz Alberto Machado (2019, p. 252), “John Kenneth Galbraith nasceu no condado de Elgin, em Ontário, Canadá, no dia 15 de outubro de 1908”. Ele foi criado em uma pequena fazenda canadense na província de Ontário. E era filho de um casal de canadenses de ascendência escocesa e o seu pai, William Archibald Galbraith, era agricultor e professor, e a sua mãe, Sarah Catherine Kendall, era dona de casa e ativista político (WIKIPÉDIA, 2022).
 
Galbraith casou-se em 17 de setembro de 1937 com a americana Catherine Merriam Atwater, com quem teve três filhos, Alan, Peter e James Kenneth Galbraith. Ao casar com Catherine Galbraith, carinhosamente chamada de “Kitty”, conquistou o direito de ser um cidadão americano.
 
Galbraith trabalhou no New Deal (Novo Acordo) do então presidente democrata Franklin Delano Roosevelt (1933-1945), em Washington, no cargo de diretor da Administração de Preços da Agência de Supervisão de Preços no ano de 1941.
 
Com a morte de Roosevelt, um dos três mais queridos presidentes dos Estados Unidos, ao lado de George Washington (sem partido, 1789-1797) e Abraham Lincoln (partido republicano, 1861-1865), assume o vice-presidente dos Estados Unidos durante o último ano da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
 
Infelizmente, foi o presidente democrata Harry Truman (1945-1953) que ordenou o lançamento de duas bombas atômicas no Japão, a primeira bomba atômica de urânio (Little Boy) foi lançada na cidade portuária de Hiroshima em 06 de agosto de 1945 e a segunda bomba atômica de plutônio (Fat Man) foi lançada na cidade industrial de Nagasaki em 09 de agosto de 1945.
 
Estima-se que cerca de 80 mil pessoas morreram em Hiroshima e 40 mil vítimas imediatas em Nagasaki, provocando a morte de 120 mil japoneses civis e militares durante os calorosos cogumelos atômicos. Seis dias depois do bombardeio atômico de Nagasaki, o Imperador Hirohito pelo rádio declarou a rendição incondicional no dia 15 de agosto de 1945. Vinte e quatro dias depois, levando ao fim da Segunda Guerra Mundial, no dia 2 de setembro de 1945 com o acordo de rendição total do Império do Japão. Era o início da Era Atômica.
 
Galbraith depois de seus longos anos em Washington, capital dos Estados Unidos, abandonou a Casa Branca para novos rumos e começou a escrever mais páginas dos seus mais de 1.000 artigos e mais de 40 livros de Economia, que foram publicados na maior potência econômica e militar do planeta. E Galbraith foi professor de Economia nas universidades de Califórnia, Princeton, Cambridge, Bristol e Harvard. E na Universidade de Harvard, em Cambridge, perto de Boston, Massachusetts, foi nomeado professor emérito.
 
Como escritor se tornou um autor versátil de livros best-seller de Economia que advertem profeticamente os perigos dos mercados desregulados, a ganância das empresas monopolistas, a tecnocracia e a inatenção aos elevados e desnecessários gastos com armas, sobretudo, armas atômicas, além da grotesca desigualdade social.
 
O Professor “Galbraith é um dos economistas mais lidos de todos os tempos” (MACHADO, 2019, p. 253). É preciso ressaltar que a obra The Age of Uncertainty (A Era da Incerteza), de 1977, foi adaptada numa série de televisão coproduzida pela BBC Television[1] (Londres), CBC, KCET e TV Ontário e que foi escrita e apresentada pelo próprio Galbraith, em quinze episódios de A Era da Incerteza, no mesmo ano, com tradução em vários idiomas, inclusive, no português.
 
E John Kenneth Galbraith faleceu no dia 29 de abril de 2006, aos 97 anos, de causas naturais no Hospital Mount Auburn, em Cambridge, nos Estados Unidos.
 
  1. John Kenneth Galbraith, um dos Mestres da Economia
Eu penso que John Kenneth Galbraith é um dos Mestres da Economia. E o seu pensamento econômico influenciou gerações de economistas no Canadá e nos Estados Unidos como Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001, “Por suas análises de mercados com informação assimétrica” (MACHADO, 2019, p. 352).
 
Em minha opinião, os seis Mestres da Economia são Smith, Marx, Keynes, Hayek, Friedman e Galbraith. E as principais ideias dos seis economistas mais influentes da economia mundial são: Adam Smith (1723-1790), defendendo o liberalismo econômico, o laissez-faire, a mão invisível do mercado e a divisão e a especialização do trabalho; Karl Marx (1818-1888), criticando a mais-valia absoluta e relativa do capitalismo industrial, defendendo radicalmente o socialismo científico com sua mão de ferro do Estado e a ditadura do proletariado, em seguida, prevendo o fim do Estado e o surgimento do comunismo; John Maynard Keynes (1888-1946), pregando o governo com forte intervenção do Estado na economia de mercado e o surgimento do Estado de Bem-Estar Social; Friedrich von Hayek (1899-1992) e Milton Friedman (1912-2006), ambos defendendo o neoliberalismo econômico e argumentando que a liberdade econômica é uma condição essencial para a liberdade dos indivíduos, sociedades e países; E por fim, John Kenneth Galbraith (1908-2006), que não ganhou o Prêmio Nobel de Economia, em Estocolmo, na Suécia, todavia, foi um grande oponente do laissez-faire.
 
Depois do fim do capitalismo comercial, cada visão econômica dos seis Mestres da Economia teve uma influência nos rumos do capitalismo do século XVIII até os dias atuais, em outras palavras, do capitalismo industrial passando pelo capitalismo financeiro até chegar ao capitalismo informacional.
 
John Kenneth Galbraith foi um dos Mestres da Economia e descendente de escoceses, nas universidades canadenses e americanas leu, releu e leu de novo a obra prima do economista escocês Adam Smith, A Riqueza das Nações, de 1776, no qual defendia nenhuma intervenção do Estado na economia e era contra o monopólio e os altos impostos e grande defensor de agir conforme o seu próprio interesse e da liberdade econômica.
 
Galbraith discordou profundamente do pensamento econômico de Karl Marx, mas não rejeitou suas ideias revolucionárias e socialistas sem ao menos ler na íntegra o volume I de O Capital, de 1867.
 
Galbraith concordou profundamente com o pensamento econômico de Keynes, ao ler na íntegra A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de 1936, no qual apoiou a revolução keynesiana, mas Galbraith[2] pensou algumas vezes distintamente: “O problema da economia moderna não é um fracasso do conhecimento da economia; é um fracasso do conhecimento da história”.
 
Em vida, os economistas neoliberais Hayek e Friedman foram os grandes adversários de Galbraith, em diversos debates econômicos sobre o papel do Estado na economia de mercado, porém, foram economistas americanos e defensores de uma rede de proteção aos mais pobres garantida pelo Governo por um programa de renda mínima.
 
Por isso, Galbraith (1974, p. 277) defendia uma melhor distribuição de renda:
 
"Garantir para cada família uma renda mínima, como função normal da sociedade, contribuiria para garantir que o infortúnio dos pais, merecido ou não, não seria transmitido aos filhos. Ajudaria a evitar que a pobreza perpetuasse".
 
Galbraith sempre teve forte posicionamento diante da Grande Depressão, do New Deal, da Segunda Guerra Mundial, do Plano Marshall, do surgimento do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Estado de Israel, da Guerra da Coreia, da Guerra do Vietnã, da Primeira Crise do Petróleo, da Segunda Crise do Petróleo, da Guerra Fria, do fim da União Soviética, da Guerra do Afeganistão, da Guerra do Golfo, dos ataques terroristas as torres gêmeas do World Trade Center e da Guerra do Iraque.
 
Segundo o economista Galbraith as origens do Estado do Bem-Estar Social (Welfare State) foram os pensamentos econômicos do economista inglês Keynes (1888-1946). De acordo com O livro de Economia (2013, p. 149), “Nos EUA, as políticas keynesianas foram defendidas com entusiasmo por economistas como o canadense-americano John Kenneth Galbraith e logo adotadas pelo governo democrata liberal”.
 
Galbraith foi para a Inglaterra entre 1937 e 1938, para estudar Economia, e o seu professor foi o economista mais influente do século XX, John Maynard Keynes. E o professor Keynes lecionava Economia na Universidade de Cambridge, em Cambridge. Keynes enfatizou a mão pesada do Estado na economia de mercado, com uma política fiscal expansionista, ou seja, mais gastos públicos e menos impostos na economia.
 
Durante mais de meio século, o canadense Galbraith foi um dos economistas mais influentes do planeta. Ele tinha mais de dois metros de altura, exatamente dois metros e seis centímetros, era o mais alto economista do mundo. Em 1962, Galbraith na Índia ao lado da primeira-dama americana Jacqueline Kennedy revelava a sua importância como embaixador dos Estados Unidos, entre 1961 e 1963, a relevância do seu pensamento econômico e a sua altura.
 
O economista Galbraith foi o autor que mais vendeu livros de Economia para não economistas da sua época. The Affluent Society (A Sociedade Afluente) de John Kenneth Galbraith foi publicado em 1958 e o livro do mais famoso economista canadense trata sobre a divisão crescente entre ricos e pobres na sociedade capitalista. Conforme O livro de Economia (2013, p. 140), “1958. O economista americano John Kenneth Galbraith chama a atenção para a pobreza no livro A sociedade afluente”.
 
Mais desemprego, mais pobreza (more unemployment, more poverty) nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Argentina ou no Brasil. Para Galbraith (1974, p. 272), “Os pobres encontram emprego mais facilmente quando a economia está em expansão. Assim a pobreza sobrevive na teoria econômica em parte como suporte da sabedoria econômica convencional”.
 
John Kenneth Galbraith, em seu livro A Sociedade Afluente explica e revela o porquê os pobres ficam cada vez mais pobres, enquanto os ricos ficam cada vez mais ricos. Ao longo dos anos, Galbraith desenvolveu uma maneira distintiva de "fazer economia" e transformou-se num severo crítico tanto de economistas conservadores quanto de economistas neoliberais e monetaristas nos anos 1980 e 1990.
 
Galbraith esteve muitas vezes no epicentro da política em seu tempo. Na década de 1960 foi uma das maiores e críticas vozes da Guerra do Vietnã. A amizade de Galbraith com o presidente democrata John Fitzgerald Kennedy (1961-1963) aumentou suas contribuições sobre a política econômica, a política americana na Ásia, e a pesada influência do orçamento do Pentágono em todos os assuntos públicos internos e externos. E Galbraith após 35 anos do assassinato de Kennedy em 22 de novembro de 1963, em Dallas, escreveu um livro dedicado ao seu estimado amigo (cartas de 1959 a meados de 1963) denominado Letters for Kennedy (Cartas para Kennedy), de 1998.
 
Os Estados Unidos foram protagonistas de muitas guerras nos séculos XVIII, XIX, XX e XXI, cujas consequências foram desastrosas para a humanidade. A guerra é muito cruel, tão sangrenta, é o maior fracasso humano. E a veia pacifista de Galbraith sempre me atraiu em seus livros e artigos de Economia.
 
É relevante o papel das instituições de ensino superior americanas, europeias, canadenses, japonesas, russas e brasileiras no processo de resistência aos gastos exorbitantes em testes nucleares no mundo. Em seguida Galbraith[3], enfatiza que “Os recursos hoje destinados ao sistema militar poderiam se disponíveis, provocar uma pequena revolução na educação”.
 
Outro livro do economista Galbraith foi O Novo Estado Industrial, de 1967, no qual com máxima atenção fez críticas à economia capitalista avançada. Neste livro Galbraith (1988, p. 22) expõe que, “Tecnologia significa a aplicação sistemática de conhecimento científico ou outro conhecimento organizado a tarefas práticas”.
 
Para Galbraith, o melhor modelo econômico não é o socialista ou o capitalista. Na sua obra prima intitulada O Novo Estado Industrial, Galbraith (1988, p. 43) enfatizou, “Nem a economia soviética nem a dos Estados Unidos confiam a poupança e o crescimento à decisão individual. Ambos confiam-nos à autoridade”.
 
E, num trecho posterior que também poderia ser utilizado para explicar a relevância do seu pensamento econômico, continua Galbraith (1988, p. 45):
 
"Quando A Teoria Geral, de Keynes, foi publicada, durante a Grande Depressão, e por duas décadas após a Segunda Guerra Mundial, o problema econômico fundamental, na realidade, era compensar as poupanças e assim manter o nível de produção e renda".
 
Galbraith (1988, p. 145) estudou e analisou muito as transformações econômicas e sociais do capitalismo comercial, do capitalismo industrial, do capitalismo financeiro e do capitalismo informacional, ao ponto que enfatizou que:

"Especificamente, o planejamento industrial exige que os preços estejam sob controle. A tecnologia moderna, conforme vimos, reduz a segurança do mercado e aumenta o comprometimento de tempo e capital que se exigem na produção. Por essa razão, não se podem deixar os preços aos caprichos do mercado não dirigido".
 
Galbraith lutou muito contra o desemprego nos Estados Unidos, no Canadá e no mundo. De acordo com o economista John Kenneth Galbraith (1988, p. 180):
 
"Com frequência, os economistas debatem se o desemprego na economia moderna é primariamente estrutural, isto é, se é resultado de uma fraca adaptação da qualificação e aptidões do trabalhador às necessidades, ou se é resultado de uma falta geral de demanda. Há debates acirrados, porquanto os argumentos tinham importante relação com os remédios propostos. Se o desemprego é estrutural, o remédio é tornar a treinar aqueles que estão sem trabalho. Mas se o problema é apenas decorrente de uma falta de demanda, impõe-se uma ação geral para aumentar os dispêndios ou reduzir os impostos, sempre supondo-se que a inflação pode ser evitada ou não é mais temida do que o desemprego. O uso da redução de impostos como remédio para a insuficiência de demanda adiciona mais um ponto ao debate, pois os defensores de causas e remédios estruturais naturalmente receiam que isso possa limitar o dispêndio com a educação, o treinamento e retreinamento, que constituem o remédio para o desemprego".
 
O Professor Galbraith criticou os erros cometidos por administrações posteriores na gestão da riqueza e do poder dos Estados Unidos nos anos dos presidentes republicanos Richard Nixon (1969-1973), Gerald Ford (1974-1977), Ronald Reagan (1981-1989), George W. Bush (1989-1993) e George Bush (2001-2009). E Galbraith (1988, p.190) criticou severamente a gestão Nixon:
 
"Os economistas de Nixon achavam-se fortemente comprometidos com antigas crenças do mercado; afirmavam vigorosamente sua crença de que podiam combinar os preços estáveis com alto desemprego sem qualquer intervenção direta nos salários e preços. Evitaram-se especificamente controles, voluntários ou não".
 
Como escritor de obra de não ficção, Galbraith influenciou antes, durante e após a Guerra Fria (Cold War). Em minha opinião, a sua principal obra foi O Novo Estado Industrial, de 1967. Segundo o Professor Galbraith no Prefácio à Terceira Edição do livro O Novo Estado Industrial (1988, p. 12), “O mundo continuará mudando, e mais rapidamente, sem dúvida, do que a Economia que o explica e interpreta”.
 
  1. Considerações finais
Conclui-se que o economista John Kenneth Galbraith nasceu no Canadá e morreu nos Estados Unidos, deixando a amada esposa, três filhos, nove netos e muitos amigos e ex-alunos. Era discípulo do economista inglês Keynes e sempre defendeu uma forte ação do Estado na economia de mercado para criar empregos e gerar uma sociedade mais justa. E Galbraith foi um dos economistas mais lidos do século XX.
 
Na minha visão pessoal, o primeiro grande economista no século XX a chamar muito atenção ao pensar no novo sistema econômico e este sendo muito superior ao capitalismo e ao socialismo, nos dias atuais, foi o economista canadense John Kenneth Galbraith, um dos Mestres da Economia.
 
No entendimento de Galbraith a Revolução Russa de 1917 foi o início da Era da Incerteza. Em pleno século XXI, é necessário o surgimento de um economista, uma brilhante luz no final do túnel radioativo, com severas críticas ao capitalismo e ao socialismo, que não defenderá a mão invisível do mercado, nem tão pouco, a mão de ferro do Estado na economia socialista, que explora ainda mais o ser humano, nem tão pouco, a mão pesada do Estado na economia de mercado. Para isso, é preciso escutar as profundas inquietações da humanidade para o surgimento de um novo sistema econômico e apontar e idealizar uma espécie de mão santa da nova economia.
 
Um mundo melhor está em nossas mãos. Basta temos atitude. Eu não sou capitalista nem socialista. Eu sou um economista brasileiro e professor de Economia no Centro Universitário UNIESP, localizado na pequena e portuária cidade de Cabedelo. Eu não sou um economista de esquerda, de extrema-esquerda, nem tão pouco, de direita, de extrema-direita. Todavia, eu sei que a obra prima A Riqueza das Nações, de Adam Smith, no século XVIII, é uma vibrante crítica ao mercantilismo. A obra prima O Capital, de Karl Marx, no século XIX, é uma crítica avassaladora do capitalismo. E a obra prima A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes, no século XX, é uma crítica severa ao laissez-faire.
 
Os principais críticos de Keynes foram os principais defensores do neoliberalismo, o economista austríaco Friedrich August von Hayek (1899-1992), Prêmio Nobel de Economia de 1974 e o economista americano Milton Friedman (1912-2007), Prêmio Nobel de Economia de 1976. O presidente americano Ronald Reagan[4] disse: “Nesta crise em que nos encontramos, o governo não é a solução para o nosso problema. O governo é o problema”.
 
Economistas neoliberais não aceitam e criticam as ideias keynesianas e neokeynesianas. Portanto, ao longo dos últimos 86 anos, a Teoria Keynesiana influencia os atuais agentes econômicos, por exemplos, um empresário que adverte que a diminuição da confiança representa um perigo para economia capitalista é um keynesiano, quer o saiba, ou não. Um político que promete que os aumentos dos gastos públicos vão gerar empregos é um keynesiano, quer o saiba, ou não.
 
Ainda no século XX, Friedrich von Hayek e Milton Friedman criticaram o socialismo (os erros cometidos pelo Estado totalitário) e defenderam o neoliberalismo (o progresso econômico oriundo das liberdades individuais e da liberdade de escolha) e julgavam o mercado capaz de autorregular-se. Mas, Galbraith era um economista keynesiano com seus próprios e relevantes pensamentos econômicos.
 
Segundo o economista John Kenneth Galbraith (1996, p. 4), “Na sociedade justa, todos os cidadãos devem desfrutar da liberdade pessoal, de bem-estar básico, de igualdade racial e étnica, da oportunidade de uma vida gratificante”. Sim, necessitamos de uma sociedade justa no século XXI e do fim da Era da Incerteza.
 
O mundo precisa crescer e distribuir renda. Os trabalhadores e as trabalhadoras convivem com enormes problemas por causa do aumento do desemprego e da redução de crédito para adquirir bens e serviços de consumo. Além disso, estão muito preocupados com o aumento da inflação e da inadimplência com os severos impactos da pandemia da COVID-19.
 
A Economia é o tema mais debatido na mídia mundial. A Economia move o mundo e muda a humanidade. A Economia busca gerar riqueza e bem-estar social com recursos produtivos finitos. Uma economia saudável é fundamental para reduzir a gigantesca disparidade entre ricos e pobres. E uma economia aberta é essencial para produzir e consumir, para vender e comprar; é primordial para exportar e importar bens e serviços.
 
Sob a forte influência de Smith, Marx, Keynes, Hayek, Friedman e Galbraith finalizo este artigo e já começo a escrever a mais importante obra da minha vida intitulada O HUMANISMO GLOBAL: novas reflexões críticas ao capitalismo informacional, ao socialismo totalitário e a economia mista em pleno século XXI, uma obra crítica ao sistema capitalista, ao sistema socialista e a economia mista, os três sistemas econômicos vigentes no mundo, na busca de um novo sistema econômico.
 
Infelizmente, o mundo, na atualidade, caminha para uma Terceira Guerra Mundial, após as severas ameaças dos líderes russos Vladimir Putin, Dimitri Medvedev e Sergey Lavrov em utilizar armas nucleares para defender os seus territórios desde 24 de fevereiro de 2022. Segundo as estimativas do Instituto de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI)[5], o número total no arsenal mundial é de aproximadamente 14.940 armas nucleares, estas armas nucleares foram produzidas na Rússia (7.000), Estados Unidos (6.800), França (300), China (270), Reino Unido (215), Paquistão (135), Índia (125), Israel (80) e Coreia do Norte (15). E o número de armas nucleares no Irã é uma incógnita. São armas nucleares capazes de destruir a humanidade, que chegará 8 bilhões de habitantes em novembro de 2022 (ONU)[6] e que poderá alcançar 9,7 bilhões de habitantes em 2050.
 
Enfim, precisamos preservar o meio ambiente, promover a paz, protestar por igualdade e contribuir para erradicar a pobreza no mundo. Em suma, necessitamos, urgentemente, do início da Era da Certeza, que provavelmente, começará no Canadá!
 
Referências
GALBRAITH, John Kenneth. A Sociedade Afluente. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1974.
GALBRAITH, John Kenneth. O Novo Estado Industrial. 3ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Economistas).
GALBRAITH, John Kenneth. A Sociedade Justa: uma perspectiva humana. 4ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
JOHNS HOPKINS. Mapa Global da COVID-19. Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. Acesso em: 25 Set. 2022.
KISHTAINY, Niall; ABBOT, George; et al. O livro da Economia. São Paulo: Globo, 2013.
MACHADO, Luiz Alberto. Viagem pela Economia. São Paulo: Scriptum, 2019.
WIKIPÉDIA. John Kenneth Galbraith. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Kenneth_Galbraith. Acesso em: 25 Set. 2022.
 
[1]BBC Television. A Era da Incerteza. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6Ou4nN3LiIQ. Acesso em: 24 Set. 2022.
[2]GALBRAITH, John Kenneth. Frases Inspiradoras. Disponível em: https://frasesinspiradoras.net/john-kenneth-galbraith/frase/1197690. Acesso em: 25 Set. 2022.
[3]GALBRAITH, John Kenneth. O engajamento social hoje. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs20129804.htm. Acesso em: 25 Set. 2022.
[4]REAGAN, Ronald. Biblioteca e Museu Presidencial Ronald Reagan. Disponível em: https://www.reaganlibrary.gov/archives/public-papers-president-ronald-reagan. Acesso em: 25 Set. 2022.
[5]NECCINT WORDPRESS. Nove países com poder nuclear têm um arsenal de 14.934 armas. Disponível em: https://neccint.wordpress.com/2017/10/17/nove-paises-com-poder-nuclear-tem-um-arsenal-de-14-934-armas/. Acesso em: 24 Set. 2022.
[6]NAÇÕES UNIDAS BRASIL. População mundial chegará a 8 bilhões em novembro de 2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/189756-populacao-mundial-chegara-8-bilhoes-em-novembro-de-2022. Acesso em: 24 Set. 2022.
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