07/03/2022 às 14h22min - Atualizada em 07/03/2022 às 14h22min
Instrutora brasileira explica como tirar carteira de motorista em Ontario
Profissional da área fala sobre os tipos de habilitação e desafios enfretados pelos compatriotas no trânsito; veja também depoimentos de motorista brasileiro nas terras geladas
Glenda Grillo, instrutora, deu todas as dicas ao North News!
Ao chegar em Toronto, a maior cidade do Canadá, uma dúvida costuma pairar na cabeça de muitos: como fazer para obter a carteira de motorista? A metrópole possui bem mais de 1 milhão de carros circulando pelas ruas e tem regras de trânsito bem específicas e distintas do Brasil. Por isso, o Jornal North News conversou com uma instrutora licenciada para saber como tudo funciona por aqui e também com uma brasileira que já passou por todo esse processo para contar sua experiência.
A primeira diferença do Brasil é que a habilitação em terras brasileiras é algo de cunho nacional. Já no Canadá, a carteira é provincial, o que significa que cada Província pode ter suas leis e regras de trânsito específicas. Por isso, vamos focar ao longo dessa matéria apenas em Ontario.
Glenda Grillo Machado é instrutora há cerca de 3 anos em Ontario, e relata que existem 3 tipos de carteira de habilitação: G1, G2 e G Full. Ela, também, destaca que esse é um processo o qual só pode ser completado quando a pessoa chega na última etapa e realiza a prova prática da G Full.
Confira mais sobre cada habilitação:
G1 Essa é a primeira carteira. Para obter esse documento, o motorista precisa realizar um teste teórico, que inclui conhecimentos de lei de trânsito, placas... “Tudo começa com a G1, que deve ser realizada em um Drivetest, ou em algum Service Ontario. Aliás, alguns locais permitem que você faça o exame na sua língua materna, como no português. Ao passar nessa prova, você já ganha a permissão de dirigir. Porém, ao lado de uma pessoa que tenha 4 anos de carteira G FULL, pelo menos’’, descreve Glenda. A instrutora, também, menciona que quem possui a G1 pode apenas dirigir nas ruas da cidade, não tendo permissão para circular nas rodovias. ‘’Na estrada, você só pode dirigir com um instrutor licenciado’’, esclarece.
G2 Essa é uma evolução da primeira carta, e possibilita que o motorista possa dirigir sozinho, por exemplo, mas ainda tem algumas limitações. “A prova da G2 é prática e é feita nas ruas, não na rodovia. O teste dura de 10 a 15 minutos, e são pedidas manobras de ladeira, para estacionar paralelamente (paralell parking), retornar o carro na rua (3-point turn) e fazer conversões a esquerda e a direita’’, define Glenda.
G Full Essa é a categoria máxima. A prova da G Full é completa, e também, é prática, englobando a rua e a rodovia, mas não se exige as manobras de ladeira, só são requiridas: retorno (3-point turn), parada de emergência (emergency stop), e conversões a esquerda e a direita. ‘’Ou seja o motorista faz as manobras, os stops e vai para a rodovia’’, simplifica a instrutora.
Glenda enfatiza que até ao menos 31 de março há uma medida válida que beneficia quem for fazer a G FULL. ‘’Com essa nova alteração, quem precisar tirar a G FULL, não está mais precisando realizar a parte da rua, só a da rodovia. Não é exigido realizar o retorno e a parada de emergência, com isso eles estão conseguindo poupar tempo e dar uma agilizada nos atrasos e intercorrências (backlogs) criados por conta da pandemia e suas restrições”.
Vanessa Murcilio, que vive no Canada há 5 anos, conta que passou por todo esse processo no início de sua jornada aqui. Ela era uma motorista experiente no Brasil, com mais de 10 anos de habilitação. E revela o passo a passo para brasileiros nesse caso. ‘’Antes dos testes, na época, eu fui ao Consulado Brasileiro em Toronto (77 Bloot Street West), solicitar o documento que comprova a autentificação da minha habilitação no Brasil- para isso precisei levar a original e cópia da CNH Brasileira, e alguns documentos do órgão de trânsito da meu Estado. Por conta disso, por já ter a habilitação no meu país de origem e ter experiência, não precisei esperar o tempo da G2. Fiz a prova teórica e no mesmo dia já marquei a G FULL’’, relembra.
Aliás, Glenda revelou no final da entrevista uma novidade para o North News: a abertura da sua própria autoescola que deve acontecer em abril de 2022.
Principais dificuldades pelas ruas A instrutora pontuou os 3 principais desafios no trânsito citados pelos seus alunos: parar completamente diante da placa de “Stop”; e 2 diferenças de regra de trânsito: como o fato das conversões a direita no farol vermelho serem permitidas- exceto quando houver placa sinalizando a proibição, conversões a esquerda com sinal aberto para ambos os sentidos- onde o motorista para cruzar a avenida fica com o carro posicionado bem no meio dela.
Além disso, Glenda salienta que muitos dirigem carro automático pela primeira vez aqui no Canadá, e que as principais diferenças são no comportamento do motorista dentro do carro na hora do teste. “No Canadá, é exigido que o motorista olhe para o ponto cego (por cima do ombro no sentido do seu vidro traseiro ao mudar de faixa, por exemplo), no Brasil a gente só movimenta os olhos. Para meus alunos, isso é uma das maiores dificuldades, muitos se confundem e falam que atrapalha’’.
O idioma pode ser uma barreira, também. ‘’Alguns se preocupam de não entender o que o examinador vai falar na hora do teste”, cita a professora de volante.
Vanessa concorda com os obstáculos apontados por Glenda. “Às vezes eu esquecia que podia virar a direita no farol fechado e levava umas buzinadas. O trânsito aqui é rápido e a gente fica meio assutado no começo”.