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29/03/2022 às 12h00min - Atualizada em 29/03/2022 às 12h00min

Papa Francisco reage aos horrores sofridos pelos indígenas do Canadá

A Igreja Católica apresentou pedido de desculpas aos povos indígenas em setembro de 2021, após descoberta de mais de mil túmulos perto de antigos internatos

Co - autora: Isabela Peixer
Estado de Minas
Foto: Divulgação
O papa Francisco se reuniu nesta segunda-feira(28) no Vaticano com representantes das comunidades indígenas do Canadá para ouvir os horrores cometidos há décadas nos internatos da Igreja Católica como política de assimilação forçada dos nativos.

"O papa nos ouviu. Ele ouviu três das muitas histórias que temos para compartilhar" e "acenou com a cabeça enquanto nossos sobreviventes contavam suas experiências", disse Cassidy Caron, presidente do Conselho Nacional Mestiço, a repórteres no final da reunião.

"Senti um pouco de pena por suas reações (...) As únicas palavras que ele falou em inglês foram: 'verdade, justiça e reparação'. Eu considero isso um compromisso pessoal", acrescentou Caron do lado de fora da Praça de São Pedro.

"Esperamos que na sexta-feira, durante a audiência com todos, o papa reconheça o que compartilhamos com ele" e que isso "leve a um pedido público de perdão quando ele visitar o Canadá", disse ele, referindo-se à possível viagem a esse país, cuja data poderá ser anunciada nessa ocasião.

Francisco deve juntar-se ao pedido de perdão feito pelos representantes de outras igrejas cristãs envolvidas nesta tragédia como um gesto destinado a fechar as feridas.

Foi o primeiro de uma série de encontros no Vaticano com 32 representantes dos povos nativos do Canadá, que viajaram a Roma e ao Vaticano acompanhados de bispos daquele país, para realizar encontros individuais com o pontífice ao longo da semana.

A Igreja Católica do Canadá apresentou um pedido formal de desculpas aos povos indígenas em setembro de 2021, após a descoberta de mais de 1.000 túmulos perto de antigos internatos, onde as crianças foram isoladas de suas famílias, língua e cultura, como uma política de assimilação forçada das chamadas Primeiras Nações.

A descoberta em fevereiro de mais 54 sepulturas sem identificação em dois antigos colégios residenciais católicos para nativos, somando-se aos outros túmulos, mais uma vez chocou o país, lançando luz sobre uma página sombria da história.

Entre o final do século 19 e a década de 1980, cerca de 150.000 crianças indígenas, mestiças e esquimós foram recrutadas à força por 139 internatos no Canadá.

Milhares deles morreram, a maioria por desnutrição, doença ou negligência, no que o Comitê para a Verdade e Reconciliação chamou de "genocídio cultural", de acordo com um relatório de 2015. Outros foram abusados física ou sexualmente.

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