A intenção do governo Trudeau de proibir a compra, venda, transferência e importação de revólveres está sendo imitada. O Chile pretende se inspirar nessa reforma para combater a proliferação de armas curtas em seu próprio território.
Em uma visita oficial ao Canadá antes de ir a Los Angeles para participar da Cúpula das Américas, o presidente chileno Gabriel Boric elogiou as medidas para aumentar o controle de armas divulgadas na semana passada pelo primeiro-ministro Justin Trudeau.
Em uma coletiva de imprensa, o Sr. Boric também indicou que deseja adotar medidas semelhantes em seu país para limitar o número de armas curtas em circulação no território chileno.
"Esta é uma das medidas que também queremos tomar no Chile para evitar a proliferação de armas", disse o presidente Boric, antes de citar a multiplicação dos tiroteios nos Estados Unidos.
“Não queremos que haja armas entre os civis. Em breve, vamos apresentar um projeto para impedir a posse de armas e queremos que isso aconteça porque sabemos que aqui, muito perto, do outro lado da fronteira, sabemos o que acontece com às sociedades que estão armadas até aos dentes”, acrescentou.
Boric se tornou em março, aos 36 anos, o presidente mais jovem da história do Chile, depois de fazer campanha para combater a desigualdade. Este ex-presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECH), que aderiu às mais altas funções do Estado, lidera um governo composto principalmente por mulheres.
Diante dos jornalistas, o presidente chileno também expressou o desejo de que Canadá e o Chile trabalhem juntos para que se adotem regras severas em relação ao porte de armas fora de suas fronteiras.
“As regulamentações internas de um país não são suficientes para melhorar a situação. É também necessário promover a legislação a nível internacional. Esperamos ser capazes de aumentar a conscientização além de nossas fronteiras. Possuir armas prejudica a sociedade e vamos trabalhar para erradicar isso do Chile ao Canadá, e esperamos que todos os países entre eles, especialmente os vizinhos próximos, entendam isso”, disse ele.
Diante do surto de violência armada que afeta Montreal e outras grandes cidades do país, o governo Trudeau apresentou o projeto de lei C-21 na semana passada com o objetivo de proibir, a partir do outono, a compra, venda, importação e transferência de armas de fogo.
Atualmente, estima-se que mais de 1 milhão de revólveres estejam em circulação no país. Na última década, cerca de 55.000 dessas armas foram registradas a cada ano, em média, sem incluir armas importadas e vendidas ilegalmente. Essencialmente, o governo Trudeau quer impor um congelamento nacional ao aprovar o projeto de lei C-21.
Para garantir a rápida implementação do congelamento nacional de armas, o ministro da Segurança Pública, Marco Mendicino, apresentou emendas regulatórias na Câmara dos Comuns e no Senado que entrarão em vigor no outono, mesmo que o projeto de lei C-21 ainda não tenha sido aprovado.
No pacote de medidas divulgado na semana passada, Ottawa também pretende tornar obrigatório o programa de recompra de armas de assalto, agora proibidas no país. O custo deste programa de recompra, que afeta 1.800 armas de assalto, será divulgado posteriormente após consultas públicas. Revistas de armas longas com mais de cinco disparos também serão proibidas.