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28/07/2022 às 09h52min - Atualizada em 28/07/2022 às 09h52min

O fim de uma Era

Tetra campeão vai ser aposentar da Fórmula-1

Leandro Mendonça
Aston Martin / Grande Prêmio
A carreira de quatro títulos mundiais, 53 vitórias e quase 300 GPs de Sebastian Vettel na Fórmula 1 chega ao fim quando o atual campeonato acabar. O anúncio veio na manhã desta quinta-feira (28), por meio inicialmente de comunicado da Aston Martin e, depois, com vídeo divulgado pelo piloto na conta criada ainda ontem no Instagram. Foi na rede social que o alemão se justificou e disse que os interesses mudaram com o passar dos anos: apontou especificamente para o desejo de ver o crescimento das filhas e lutar de forma concreto contra as mudanças climáticas causadas pelo homem.
 
O vídeo saiu ainda pela manhã, ao mesmo tempo em que o comunicado da equipe inglesa que defendeu nos últimos dois anos e com quem se tornou muito próximo. CEO e chefe da Aston Martin, respectivamente, Lawrence Stroll e Mike Krack deixaram claro: queriam que ele continuasse. Foi Vettel quem definiu que queria sair de cena.
 
O vídeo dito no Instagram conta com texto muito bem redigido. Exatamente o que se esperaria de um sujeito como Vettel. Nele, explica que os desejos da vida mudaram com o passar dos anos. Aos 35, quer ver passar mais tempo com a família e ver as crianças crescerem. Sebastian é casado desde 2019 com Hanna Prater, namorada de muitos anos, e junto com quem tem três filhas. Emilie, nascida em janeiro de 2014; Matida, de setembro de 2015; e um terceiro filho, nascido em novembro de 2019 e que nunca teve o nome revelado.

Para além da família, Vettel quer garantir um futuro para as crianças por meio da briga contra as mudanças climáticas e o aquecimento global. É com isso em mente que diz que “a melhor corrida ainda está por vir”. Sebastian indica que não sairá da vida pública.

“Por este meio, anuncio minha aposentadoria da Fórmula 1 ao fim da temporada de 2022. Provavelmente deveria começar com uma longa lista de pessoas para agradecer, mas sinto que é mais importante explicar os motivos que me levaram a tomar essa decisão. Eu amo o esporte e ele tem sido uma parte central da minha vida desde que consigo me lembrar. Mas, por mais que exista uma vida na pista, existe também uma fora dela. Ser um piloto de corrida nunca foi minha única identidade. Eu acredito muito em uma identidade construída por quem somos e como tratamos os outros, acima do que fazemos para viver”, disse.

“E quem sou eu? Sou Sebastian, pai de três crianças e marido de uma mulher maravilhosa. Sou curioso e facilmente fascinado por pessoas apaixonadas e habilidosas. Sou obcecado por perfeição. Sou tolerante e sinto que todos nós temos os mesmos direitos de viver – não importa como é nossa aparência, de onde viemos e quem amamos. Amo sair e amo a natureza e suas maravilhas. Sou teimoso e impaciente. Posso ser muito chato, também. Gosto de fazer as pessoas rirem. Gosto de chocolate e do cheiro de pão fresco. Minha cor favorita é azul. Acredito na mudança e no progresso – e que cada pequena ação faz a diferença. Sou otimista e acredito que as pessoas são boas. Além do automobilismo, tenho uma família e amo estar perto dela”, apontou.

“Adquiri, ao longo do tempo, outros interesses além da Fórmula 1. Minha paixão pelo esporte e pela F1 acarreta em muito tempo longe da família e tira muito da minha energia. Me comprometer a minha paixão – do jeito que fiz e que acredito ser certo – não é mais compatível com o meu desejo de ser um ótimo pai e marido. A energia necessária para se juntar ao carro e ao time, em busca da perfeição, demanda foco e comprometimento. Minhas metas mudaram: de vencer corridas e lutar por campeonatos, para ver meus filhos crescerem e passar meus valores a eles, ajudando-os quando eles caem, ouvindo-os quando precisam de mim, não ter que falar ‘tchau’, e mais importante, ser capaz de aprender com eles e deixar eles me inspirarem, explicou.

“As crianças são o nosso futuro. Além disso, sinto que há muito para explorar e aprender sobre a vida e sobre mim mesmo. Falando do futuro, sinto que vivemos em tempos muito decisivos e como todos nós moldamos esses próximos anos determinará nossas vidas. Minha paixão vem com certos aspectos que aprendi a não gostar – eles podem ser resolvidos no futuro, mas a vontade de aplicar essa mudança tem que crescer muito, ser muito mais forte, e tem que levar à ação hoje. Falar não é suficiente e não podemos esperar. Não há alternativa. Essa corrida já está em andamento. Minha melhor corrida? Ainda está por vir, garantiu.

“Eu acredito em seguir e olhar para frente. O tempo é uma rua de mão única, e eu quero ir com ele. Olhar para trás só vai atrasar você. Estou ansioso para correr em pistas desconhecidas e encontrar novos desafios. As marcas que deixei na pista ficarão até o tempo permitir e a chuva as lavará. Novas marcas serão colocadas. O amanhã pertence àqueles que moldam o hoje. A próxima curva está em boas mãos, pois a nova geração já está aqui. Acredito que ainda há uma corrida a vencer. Adeus, e obrigado por me deixar compartilhar a pista com você. Eu amei cada parte disso”, terminou.
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