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04/01/2023 às 10h59min - Atualizada em 04/01/2023 às 10h59min

Comunidade LGBTQIAP+ era julgada por Bento XVI como "desordenados"

Papa Emérito escreveu uma carta em 1986 direcionada à comunidade LGBT que usava expressões fortes

Reprodução/Twitter

Papa Bento XVI , que morreu no sábado (31), último dia de 2022, aos 95 anos de idade, ficou conhecido como o primeiro Papa Emérito em 600 anos - adjetivo utilizado para pontífices que renunciam o cargo. Antes dele, Gregório VII também abdicou do cargo no ano de 1415, além de outros oito Papas ao longo da história.

Joseph Aloisius Ratzinger , nome de batismo do pontífice, também ficou conhecido por ter um comportamento conservador, que inclusive o rendeu o apelido de "Rotweiller de Deus". Sua postura chamou a atenção principalmente em contraste com a alta popularidade de seu antecessor, João Paulo II, que esteve no cargo por 26 anos, e de seu sucessor, o atual Papa Francisco - conhecido por ter ações progressistas.

Enquanto homenagens ao Papa Emérito são feitas, os católicos LGBTQIAP+ relembram como o tempo do chefe da Igreja no Vaticano marcou uma temporada dolorosa para as pessoas queer. Marianne Duddy-Burke, diretora executiva da organização católica LGBTQ+ DignityUSA , afirmou que as palavras do Papa Bento XVI prejudicaram pessoas queer e suas famílias.

“Sua morte também nos chama a refletir honestamente sobre seu legado. A liderança de Bento XVI na Igreja, como Papa e antes disso como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) do Vaticano, causou danos tremendos às pessoas LGBTQIA+ e aos nossos entes queridos”, disse a diretora em um comunicado ao PinkNews.

A diretora afirmou também que as palavras e escritos de Ratzinger forçaram a comunidade queer a sair das igrejas católicas, separando famílias, silenciarando apoiadores e, inclusive, custando vidas.

“Ele se recusou a reconhecer até mesmo os direitos humanos mais básicos das pessoas LGBTQIA+ . Muitos de nós experimentamos a mais dura e flagrante discriminação religiosamente justificada de nossas vidas como resultado de suas políticas”, afirmou.

A DignityUSA apontou que, como líder do CDF, Bento XVI foi responsável por uma carta de 1986 que rotulou gays e lésbicas como “objetivamente desordenados”. A mesma carta dizia que as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo eram “intrinsecamente más” e “essencialmente autoindulgentes”.

A organização ainda condenou o pontífice por proibir a distribuição de preservativos por agências católicas de saúde e serviços sociais – uma medida que impactou a disseminação do HIV.

Em 2012 – durante seu último ano como líder da Igreja Católica – ele se manifestou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, dizendo que o ato “destruiu a essência da criatura humana”. Ele também disse que permitir que casais do mesmo sexo adotassem representava um “ataque” à “família tradicional”.

“Oramos para que a Igreja use o período de reflexão após a morte do Papa Bento XVI para reconhecer que, em muitos casos, ele usou seu poder de maneiras que falharam em promover a mensagem do evangelho de amor, unidade humana e responsabilidade de cuidar dos marginalizados”, disse Marianne Duddy-Burke.


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