Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal (Pedro Nunes | Reuters)
Com o país em crise institucional, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um discurso com avisos ao primeiro-ministro António Costa na última quinta-feira.
Esperava-se que, em seu discurso, Marcelo Rebelo pudesse até mesmo demitir Costa e dissolver o Parlamento, o que não aconteceu.
Em sua fala, transmitida pela TV, ele afirmou que o governo precisa preservar sua credibilidade e que ele, Marcelo Rebelo, vai ser mais assertivo em sua relação com a gestão governamental, mas que o mais importante, neste momento, é a estabilidade política para ajudar os portugueses a lidar com a inflação.
Apesar de não ter dissolvido o Parlamento, Marcelo Rebelo disse que ele poderia fazer isso se o governo perder credibilidade.
Entenda a crise política em Portugal A companhia aérea portuguesa TAP é subordinada ao Ministério de Infraestrutura de Portugal.
A empresa pagou US$ 550 mil a um ex-membro do conselho de maneira irregular. Há quatro meses, quando o pagamento veio à tona, um ministro caiu.
No Parlamento, há uma comissão de investigação sobre a TAP. Um funcionário do ministério disse que o atual ministro, João Galamba, queria mentir à comissão.
Quando essa acusação foi divulgada, Galamba pediu demissão ao primeiro-ministro, António Costa.
O primeiro-ministro, que chefia o governo do país, recusou o pedido de demissão do ministro de Infraestrutura. Marcelo Rebelo de Sousa criticou duramente e de forma pública a decisão de António Costa.
Em Portugal, o presidente é o chefe de Estado e não interfere nas decisões do Executivo, mas tem o poder de dissolver o Parlamento e de demitir o primeiro-ministro, além de chefiar as Forças Armadas.
António Costa, do Partido Socialista, é um dos líderes de governo mais fortes e consolidados da Europa. Está no poder desde 2015, no seu terceiro mandato consecutivo. E, no ano passado, ganhou com maioria absoluta e sem necessidade de fazer coalizão com outros partidos para alcançar o número mínimo de assentos no Parlamento.
A crise política entre os dois líderes complicou a situação de Portugal, que já vive em um cenário de inflação e altas taxas de juros.
Costa, embora tenha conquistado maioria absoluta, vive um terceiro mandato complicado. Mais de dez ministros e secretários de Estado deixaram seus cargos no ano passado, dois deles ligados a um escândalo na companhia aérea TAP desencadeado por uma indenização irregular a um membro do conselho.
Rebelo de Sousa, uma figura carismática frequentemente vista no supermercado ou tomando um sorvete nas ruas de Lisboa, foi eleito pela primeira vez em 2016 e reeleito em 2021 por uma vitória esmagadora.