Um relatório recente publicado pelo Boston Consulting Group (BCG) descobriu que cinco milhões de jovens profissionais no Canadá precisam de apoio à saúde mental, aconselhando empresas e organizações a investir mais no bem-estar dos funcionários.
“Ainda há muito estigma em discutir saúde mental. Os jovens, especialmente, estão se sentindo desencorajados a apresentar os problemas que estão enfrentando no momento”, disse Genevieve Bonin, coautora do relatório e diretora administrativa e sócia do BCG ao CTVNews.ca.
“As organizações se preocupam muito com a saúde e o bem-estar de seus funcionários, e acho que agora esse é um tópico muito aberto para muitas organizações. Mas as organizações são muito lentas em reconhecer a extensão da crise, então elas não têm necessariamente uma estratégia abrangente”.
Mais de 1.300 jovens profissionais canadenses foram entrevistados para o estudo no final de 2022 para aprender os efeitos de seus locais de trabalho em seu bem-estar mental.
A conclusão? O trabalho é a principal fonte de estresse para os canadenses.
Saúde mental no local de trabalho O estudo descobriu que 25% de todos os canadenses relataram ter sintomas de um distúrbio de saúde mental em 2021, enquanto 50% disseram que precisam de suporte de saúde mental e 35% relataram estar esgotados.
Quanto ao futuro da força de trabalho e ao sustento dos jovens de 18 a 24 anos, 40% da população está em um “ponto de ruptura” em sua saúde mental.
Para Brenda Zhou, co-fundadora da Feelin' Good Collective, uma empresa corporativa dedicada a promover o bem-estar dos funcionários, o aumento dos desafios de saúde mental para jovens profissionais se deve principalmente à falta de apoio emocional dos empregadores, principalmente no modelo de trabalho remoto ou híbrido.
“Isso torna ainda mais difícil estabelecer ambientes de trabalho sem julgamento – fazendo com que os jovens profissionais enfrentem desafios para expressar seu eu autêntico, promover uma comunicação saudável e construir relacionamentos com seus colegas. Isso está se tornando mais evidente com os jovens que estão entrando no mercado de trabalho pela primeira vez após a pandemia”, disse ela à CTVNews.ca.
Além do mais, de acordo com os resultados do estudo, aqueles que relataram problemas de saúde mental experimentarão algum tipo de doença mental aos 40 anos.
“Em média, passamos um terço de nossas vidas trabalhando e descobrimos que as empresas/organizações que incentivam fortes valores fundamentais são capazes de construir uma cultura no local de trabalho onde os jovens profissionais podem encontrar significado em suas funções”, diz Zhou, que também vê uma lacuna entre o alinhamento de valores centrais em jovens profissionais e equipes de liderança que vêm de gerações mais velhas.
Ela acrescenta que os funcionários devem ser vistos como indivíduos únicos além de seus cargos e, para preencher a lacuna, deve haver treinamento de liderança sobre como melhor apoiar os funcionários, bem como mais oportunidades para incentivar o crescimento do bem-estar individual e profissional no local de trabalho.
Impactos da saúde mental na economia canadense Os autores do estudo escrevem que o bem-estar está altamente correlacionado com a produtividade, o que significa que funcionários bem cuidados normalmente produzem um trabalho de maior qualidade.
De acordo com o estudo, do ponto de vista econômico, é crucial que as empresas canadenses invistam na saúde mental de seus funcionários para apoiar a saúde da economia e continuar a expandir os negócios.
Na verdade, o estudo descobriu que o estresse descontrolado no local de trabalho está custando ao Canadá mais de $ 220 bilhões anualmente, contribuindo para uma crise nacional de saúde mental.
O Statistics Canada informou em 2022 que a taxa de desemprego permaneceu estável em uma baixa histórica de 4,9%. À medida que mais vagas são abertas, torna-se importante atrair jovens talentos para preenchê-las.
No entanto, os funcionários mais jovens exigem mais do que apenas um bom contracheque nos dias de hoje. O relatório cita que, em comparação com os Baby Boomers, duas vezes mais trabalhadores da geração do milênio e da geração Z desejam uma cultura de trabalho que invista em sua saúde mental e bem-estar.
Quando os funcionários têm baixo bem-estar mental, os dados mostram que eles perdem uma média de cinco dias de trabalho por ano e fazem o “mínimo” em 37 outros dias em que estão trabalhando.
Por outro lado, em empresas com mais suporte ao bem-estar, foi relatado um aumento de 13% na produtividade. De acordo com o relatório, se mais empresas promovessem esse tipo de produtividade, aumentaria o produto interno bruto (PIB) de $ 108.000 por funcionário hoje para $ 122.000, e aumentaria o lucro médio por funcionário das empresas canadenses de $ 21.000 para $ 24.000.
Como pode ser o futuro do local de trabalho? “É hora de começar a cuidar. Há um pouco desse estigma e talvez uma falta de reconhecimento do que realmente aconteceu com essa população. Eles não são preguiçosos, eles foram muito impactados negativamente. Especialmente com a necessidade de talentos que existe hoje, especialmente para certas habilidades, isso causará um grande problema para as organizações que não conseguem criar uma estratégia abrangente de saúde mental e bem-estar”, diz Bonin.
Embora a pandemia tenha contribuído significativamente para os desafios de saúde mental dos canadenses nos últimos anos, a crise vinha crescendo mesmo antes do COVID-19.
Segundo o relatório, desde 2016, o número de canadenses lutando com sua saúde mental cresceu mais de 13%. “Eu diria apenas que a sustentabilidade geral é muito importante, porque as gerações que estamos contratando hoje são os líderes de amanhã”.
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