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07/11/2023 às 10h30min - Atualizada em 07/11/2023 às 10h30min

Guerra entre Israel e grupo terrorista Hamas completa 1 mês com cessar-fogo distante e aumento de ataques

Grupo radical islâmico lançou em 7 de outubro uma das maiores ofensivas contra os israelenses dos últimos anos

Redação North News
com informações CNN
REUTERS/Ashraf Amra
 
O conflito entre Israel e o Hamas completa um mês nesta terça-feira (7) com escalada de ataques, mortes de civis e incertezas sobre um cessar-fogo.

No dia 7 de outubro, por volta das 6h30, em horário local, o grupo radical islâmico bombardeou o território israelense com milhares de foguetes a partir da Faixa de Gaza, no que foi considerado um dos maiores ataques dos últimos anos.

Extremistas armados derrubaram as barreiras de alta tecnologia que cercavam Israel, iniciando ataques por terra com reféns. Ao assumir a autoria do ataque, o Hamas declarou guerra ao Estado judaico.

“Se você tem uma arma, use-a. Esta é a hora de usá-la – saia com caminhões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história”, disse Muhammad Al-Deif, comandante militar do grupo.

Al-Deif afirmou que a ação foi uma resposta a ataques às mulheres, à profanação da mesquita de al-Aqsa e ao cerco a Gaza.

Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o país está “em guerra”. “Cidadãos de Israel, estamos em guerra – não numa operação, não em rondas – em guerra”, expressou.

“O Hamas cometeu um grave erro esta manhã e lançou uma guerra contra o Estado de Israel”, disse, na ocasião, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant. “As tropas das FDI [Forças de Defesa de Israel] estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Apelo a todos os cidadãos de Israel para que sigam as instruções de segurança. O Estado de Israel vencerá esta guerra”.

Ataque a festival
O Festival Nova, que acontecia em uma área rural perto da fronteira entre Gaza e Israel, foi palco de um dos mais sangrentos episódios da guerra, logo em seu primeiro dia.

Marcado para acontecer durante toda a noite, o evento celebrava o feriado judaico de Sucot, que relembra os 40 anos de êxodo dos judeus no deserto após a sua saída do Egito. No local, foram encontrados 260 corpos. Extremistas armados atiraram contra o público que fugia do local.

Imagens da CNN no local mostraram as marcas da violência e evidenciaram os momentos de terror vividos. Algumas vítimas tentaram se proteger em um bunker, mas foram mortas no local pelos extremistas. É possível ver marcas de tiro e sangue por todo lado, segundo o relato da CNN no local.

Outras pessoas tentaram fugir de carro. Nos veículos também são vistas as marcas dos projéteis e diversos pertences jogados pelo chão do local.

Brasileiros mortos
Três brasileiros que estavam no festival foram mortos: Karla Stelzer, de 42 anos; Bruna Valeanu, de 24 anos; e Ranani Glazer, também de 24 anos.

Glazer morava em Israel havia sete anos e tinha dupla nacionalidade e chegou a prestar serviço militar no país, mas recentemente trabalhava como entregador.

Bruna se mudou para Israel há oito anos e estudava Comunicação e Sociologia/Antropologia na Universidade de Tel Aviv. Ela também foi instrutora de tiro das FDI durante dois anos, entre 2018 e 2020.

Karla morava em Israel havia 11 anos e trabalhava como professora. Ela tinha um filho de 19 anos, que serve no Exército israelense.

Total de mortos
O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou, na última segunda-feira (6), que mais de 10.000 pessoas foram mortas no enclave desde que Israel lançou a sua ofensiva militar. O ministério também relatou 25.408 feridos. Não está claro quantos combatentes estão incluídos no total.

A CNN não pode verificar de forma independente os números divulgados pelo ministério em Gaza, que é isolada por Israel e maioritariamente fechada pelo Egito.

Do lado Israelense, aproximadamente 1.400 pessoas morreram.

Ataques em Gaza
Além dos bombardeios intensos em Gaza durante a resposta de Israel ao Hamas, uma incursão terrestre era esperada, mas começou apenas nos últimos dias.

Um porta-voz das FDI disse à CNN que suas forças estão avançando em direção à Gaza. Segundo ele, os militares israelenses cercaram a cidade desde que chegaram à costa da Faixa de Gaza no domingo (5). “O norte e o sul (de Gaza) foram isolados um do outro e estão sob o controle das FDI”, disse o tenente-coronel Peter Lerner a Rosemary Church, da CNN, na segunda-feira.

Isto “de fato significa que estamos avançando em direção à cidade de Gaza, cercamos a cidade de Gaza há dois dias e estamos avançando”, acrescentou Lerner.

Descrevendo a cidade de Gaza como “a fortaleza das atividades terroristas do Hamas”, ele disse que as FDI estão determinadas e querem destruir o grupo radical islâmico.

Os comentários de Lerner vieram depois que seu colega, o porta-voz das FDI, contra-almirante Daniel Hagari, disse que as tropas israelenses dividiram a Faixa de Gaza em dois territórios.

“Essencialmente hoje há um norte de Gaza e um sul de Gaza. Chegamos à praia e eles (tropas das FDI) estão fortalecendo esta linha”, disse Hagari no domingo.

Ele afirmou que as FDI “permitirão um corredor para que os residentes do norte de Gaza e da cidade de Gaza se movam para o sul”.

“Este é um corredor de mão única para o sul. Continuamos atacando com força e continuamos fazendo a nossa operação terrestre no norte da Faixa de Gaza e na grande cidade de Gaza”, acrescentou Hagari.

A CNN já documentou anteriormente civis palestinos mortos por ataques israelenses em torno de zonas de evacuação, reforçando a realidade de que as zonas de evacuação e os alertas das forças israelenses não garantiram a segurança dos civis na densamente povoada Faixa de Gaza.

Enquanto isso, autoridades de direitos humanos disseram que a ordem de evacuação de Israel para civis poderia violar o direito internacional.

Medo de um conflito amplo
Os Estados Unidos fizeram diversos alertas após 7 de outubro contra o envolvimento de outros grupos no conflito entre Israel e o Hamas.

“Precisamos continuar a prevenir a escalada deste conflito, a sua propagação para outras áreas e outros teatros”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

Há um temor por parte do país de que o Irã e o Hezbollah, grupo radical islâmico baseado no Líbano, entrem na guerra.

Na sequência do ataque do Hamas em 7 de outubro, grupos apoiados pelo Irã intensificaram ataques dirigidos às tropas dos EUA no Iraque e na Síria.

Irã
Em 29 de outubro, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, disse que Israel “ultrapassou as linhas vermelhas” em Gaza, o que “pode forçar todos a agir”.

“Os crimes do regime sionista ultrapassaram as linhas vermelhas, o que pode forçar todos a agir. Washington pede para não fazermos nada, mas eles continuam a apoiar generalizadamente Israel”, afirmou Raisi.

“Os EUA enviaram mensagens ao Eixo da Resistência, mas receberam uma resposta clara no campo de batalha”, prosseguiu. O Irã é aliado do Hamas e também do Hezbollah.

Especialistas dizem que, embora o Irã esteja receoso de ser arrastado para a guerra, pode não ter controle da situação se os grupos radicais que o país apoia na região intervirem de forma independente.

Nos primeiros dias após os ataques surpresas do Hamas contra Israel em 7 de outubro, foram levantadas questões sobre o potencial envolvimento do Irã na guerra. Na época, Teerã elogiou a operação do Hamas, mas rapidamente negou qualquer envolvimento.

A inteligência dos EUA também sugeriu inicialmente que as autoridades iranianas ficaram surpresas com o ataque do Hamas e que Teerã não estava diretamente envolvido no seu planejamento, recursos ou aprovação, informou a CNN.

Hezbollah
O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse, em 3 de novembro, que um conflito mais amplo no Oriente Médio é uma possibilidade realista.

Em seu primeiro pronunciamento desde o início da guerra entre Israel e Hamas, era esperado que Nasrallah indicasse que o grupo travaria uma guerra contra Israel.

O Hezbollah tem enfrentado forças israelenses ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, na escalada mais mortal desde que travou uma guerra com o Estado judaico em 2006.

Os extremistas tem intensificado as ações dia após dia, forçando Israel a manter suas forças perto da fronteira libanesa em vez da Faixa de Gaza e da Cisjordânia ocupada, disse Nasrallah em discurso televisionado.

“O que está acontecendo na fronteira pode parecer modesto, mas é muito importante.”

Nasrallah culpou os Estados Unidos pela guerra em Gaza e pelo elevado número de mortos de civis, e disse que uma diminuição da violência no enclave sitiado é vital para evitar uma guerra regional.

O líder do Hezbollah afirmou ainda que a operação lançada pelo grupo militante Hamas contra Israel em 7 de outubro foi “100% palestina”.

Ele também agradeceu a grupos no Iêmen e no Iraque, parte do que é conhecido como “Eixo de Resistência”. A coalizão inclui as milícias iraquianas muçulmanas xiitas que têm disparado contra as forças dos Estados Unidos na Síria e no Iraque, e os houthis do Iêmen, que se juntaram ao conflito disparando drones contra Israel.

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