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08/11/2023 às 08h13min - Atualizada em 08/11/2023 às 08h13min

1/3 das pessoas no mundo correm risco de ficar viciadas em smartphones, alerta estudo liderado pelo Canadá

Pesquisa constatou que as mulheres em geral, em todos os países, relataram maior uso problemático de smartphones do que os homens

Júnior Mendonça
com informações CTV News
Um novo estudo conduzido pelo Canadá descobriu que cerca de um terço das pessoas em todo o mundo pode estar em alto risco de dependência de smartphones (Pexels)
 
Um novo estudo canadense descobriu que cerca de um terço das pessoas em todo o mundo pode estar sob alto risco de dependência de smartphones, sendo que as mulheres e as pessoas em partes da Ásia têm maior probabilidade de relatar uso problemático.

O estudo, publicado nessa terça-feira no International Journal of Mental Health and Addiction, solicitou a mais de 50.000 pessoas, entre 18 e 90 anos de idade, de 195 países, que avaliassem o grau de problema do uso do smartphone - ou quando o uso habitual do smartphone interfere negativamente na vida de uma pessoa.

Os pesquisadores, oriundos da Universidade de Toronto Mississauga, da Universidade McGIll e da Universidade de Harvard, descrevem essa pesquisa como a maior de seu tipo no campo.

"Queríamos fornecer uma espécie de compreensão básica do uso problemático de smartphones em todo o mundo", disse à
CTV News Jay Olson, pós-doutorando do departamento de psicologia da Universidade de Toronto Mississauga e principal pesquisador do estudo.

O estudo constatou que as mulheres em geral, em todos os países, relataram maior uso problemático de smartphones do que os homens.

"Esse tipo de consistência em todo o mundo sugere que não se trata de uma descoberta acidental decorrente, digamos, de como um país interpretou a escala... parece que essa é uma descoberta global sólida", disse Olson.

O uso problemático de smartphones também tende a diminuir com a idade, embora alguns padrões "atípicos" tenham surgido ao analisar países específicos, diz o estudo.

O Canadá, por sua vez, classificou-se no meio do grupo.

"Portanto, pode estar afetando sua concentração na escola ou no trabalho, ou afetando seu sono, por exemplo, e esses tipos de efeitos pessoais subjetivos dos smartphones são considerados tão importantes quanto coisas como o tempo total de uso", disse Olson.

GÊNERO E IDADE
O estudo utilizou uma medida comum conhecida como Smartphone Addiction Scale, que pede aos participantes que avaliem o quanto concordam ou discordam de uma série de 10 afirmações, tais como: "Perco o trabalho que planejei devido ao uso do smartphone" e "Tenho dificuldade de me concentrar na aula, ao fazer tarefas ou ao trabalhar devido ao uso do smartphone".

A escala varia de um ou "discordo totalmente" a seis ou "concordo totalmente".

A maioria dos participantes, ou seja, 64%, eram mulheres e a idade média era próxima de 40 anos.

Cinquenta e sete por cento dos entrevistados eram dos Estados Unidos, seis por cento eram do Canadá e outros seis por cento eram da Grã-Bretanha.

O estudo só incluiu comparações entre países para aqueles que tinham pelo menos 100 participantes no estudo, dos quais 41 se qualificaram.

Os pesquisadores afirmam que algumas possíveis explicações para as diferenças de gênero podem ser o fato de as mulheres tenderem a usar seus telefones mais para fins sociais, o que pode acabar se tornando habitual.

As mulheres também costumam ter taxas mais altas de depressão e ansiedade, diz o estudo, e a escala pode estar capturando "inadvertidamente" os mecanismos de enfrentamento das pessoas.

"O que realmente não sabemos é o quanto isso contribui para as diferenças de gênero em si ou se há outros fatores que também contribuem para isso", disse Olson.

Com relação à idade, ele acrescenta que as pessoas mais jovens geralmente adotam mais rapidamente e se socializam mais por meio de novas tecnologias de consumo.

PAÍSES
Os entrevistados do sudeste asiático e arredores relataram as pontuações mais altas, enquanto os da Europa tiveram as pontuações mais baixas.

Os pesquisadores afirmam que normas sociais mais estabelecidas, como manter contato próximo com a família e os amigos, podem levar a um maior uso de smartphones.

Olson diz que um estudo anterior do qual ele participou encontrou uma forte correlação entre a força dessas normas - também chamada de "rigidez" ou "frouxidão" cultural - e o vício em smartphones.

"O grau de integração dos smartphones na vida cotidiana das pessoas nos países provavelmente também explica parte da variação no uso problemático", disse ele.

Embora a COVID-19 provavelmente tenha "empurrado" o uso problemático de smartphones para cima, Olson diz que os dados pré-pandemia teriam facilmente previsto isso.

"Ele vem aumentando desde 2014, basicamente quando começamos a monitorá-lo com essa medida específica", disse ele.

"É provável que esteja mais alto do que o normal por causa da COVID, mas não achamos que isso explique qualquer descoberta global geral específica que encontramos."

TRABALHO FUTURO
O estudo constatou que as taxas de uso problemático de smartphones são mais altas em determinados subgrupos.

No Canadá, por exemplo, Olson disse que 56% das mulheres em idade universitária atenderam aos critérios, em comparação com 33% dos homens em idade universitária, o que foi uma diferença maior do que ele esperava.

Isso levanta a questão, segundo ele, do que mudou - as pessoas ou as normas.

"Parece que as normas sociais mudaram e os smartphones se tornaram realmente integrados em nossas vidas", disse Olson.

"Talvez não faça sentido dizer que a estudante média do Canadá é clinicamente viciada em seu celular. Talvez seja mais o fato de a sociedade ter mudado e esse uso excessivo de smartphones ser mais normal agora."

Segundo ele, mais pesquisas poderiam ajudar a desenvolver intervenções mais personalizadas, inclusive por país.

O trabalho anterior em que Olson esteve envolvido na McGill também analisou diferentes "empurrões" ou estratégias que poderiam ajudar a reduzir o uso do smartphone por uma pessoa, como reduzir as notificações ou configurar o telefone para escala de cinza.

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