Representação de Nathaniel Veltman, 23 anos, no banco dos réus no tribunal em London, Ontário (John Mantha via CTV News)
Uma juíza de London, Ontário, proferiu sua sentença no caso de Nathaniel Veltman, condenado por matar quatro membros de uma família muçulmana e ferir gravemente um menino em junho de 2021.
Veltman, 23 anos, foi considerado culpado em novembro por quatro acusações de homicídio em primeiro grau e uma acusação de tentativa de homicídio por ter atropelado a família Afzaal com sua caminhonete enquanto eles estavam passeando em 6 de junho de 2021.
Talat Afzaal, de 74 anos, seu filho Salman, de 46 anos, sua esposa Madiha, de 44 anos, e sua filha Yumnah, de 15 anos, foram mortos, enquanto seu filho de nove anos ficou gravemente ferido.
A juíza Renee Pomerance determinou na quinta-feira que as ações de Veltman "constituem atividade terrorista".
Pomerance deu a Veltman quatro sentenças de prisão perpétua pela morte de quatro membros da família Afzaal. Ela também proferiu uma sentença de prisão perpétua pela tentativa de assassinato do filho de nove anos dos Afzaal, elevando o total para cinco sentenças de prisão perpétua.
Um infrator que cumpre pena de prisão perpétua por homicídio em primeiro grau tem direito à liberdade condicional total 25 anos após a data em que foi levado sob custódia, que foi 6 de junho de 2021.
Dirigindo-se ao tribunal, Pomerance disse que não está usando o nome de Veltman durante a sentença porque não quer dar a outros como ele uma plataforma, e está se referindo a ele apenas como o infrator.
Ela acrescentou que foi um ataque planejado e deliberado com o objetivo de intimidar um segmento do público e disse que Veltman é um autoproclamado nacionalista branco com opiniões ofensivas e racistas.
"É uma conclusão inescapável que o agressor cometeu um ato terrorista", disse ela ao tribunal.
A sentença teve início às 10 horas no tribunal de London, onde Veltman foi visto sentado no espaço de prisioneiros, vestindo um terno preto.
A sala principal do tribunal estava lotada, e foi necessário utilizar uma sala de espera.
Declaração da família Afzaal Em uma declaração por escrito, a família Afzaal agradeceu primeiramente a "todos que trabalharam para essa decisão", incluindo a juíza, os funcionários do tribunal em London e Windsor, a polícia de London e seus compatriotas canadenses.
Ao ouvir a sentença ser lida em voz alta no tribunal nessa quinta-feira, a família Afzaal disse que sente "tanto um vazio quanto uma tempestade se formando dentro de si".
"Não sabemos se é um encerramento ou justiça. O que sabemos é que o veredito não trará de volta o que foi roubado. Ele não consertará os pedaços fraturados de nossas vidas, nossa identidade e nossa segurança", diz a declaração.
A família reconhece que as cicatrizes físicas e emocionais permanecerão, mas que eles se recusam a responder a um ato de ódio com mais ódio. Em vez disso, eles disseram que escolherão honrar a memória da família "lutando por um mundo onde tais tragédias nunca mais aconteçam".
A declaração continuou reconhecendo a designação de terrorismo dada pela justiça e que o ódio foi responsável por ceifar as vidas de Talat, Salman, Madiha e Yumnah. A família disse que esse ódio não existe em um vácuo e, em vez disso, prospera em sussurros, preconceitos e um "medo normalizado".
"O ódio escondido à vista de todos foi normalizado pela crença incontestável de que existe uma hierarquia racial no Canadá", diz a declaração.
O julgamento, no entanto, não foi apenas sobre um ato solitário, disse a família, e, em vez disso, serve como um lembrete das linhas de falha que atravessam a sociedade e os estereótipos que podem irromper em violência.
Embora o veredito ofereça uma aparência de justiça, a família disse que seu trabalho não termina aqui.
"Todos nós temos uma responsabilidade a cumprir", disse a família. "Durante esse julgamento, nós [aprendemos] que esse ódio não é apenas uma ameaça à comunidade muçulmana, nem mesmo apenas à comunidade [de London]. O ódio é um inimigo da sociedade que ameaça a essência dos valores familiares."
A família implora que as pessoas não apenas condenem o ódio, mas que o enfrentem abertamente. Eles disseram que isso pode ser feito desmantelando os sistemas que permitem que o ódio prospere e desafiando ativamente as narrativas que o alimentam.
Para conseguir isso, a família disse que pontes de solidariedade devem ser construídas com diferentes comunidades, igrejas, outros grupos religiosos, comunidades culturais e "todos em todo o espectro da sociedade".
"A verdadeira vitória está na criação de um Canadá onde todos se sintam seguros, respeitados e valorizados, independentemente de quem sejam ou do que acreditem", diz a declaração. "Esse é o Canadá pelo qual lutamos e o mundo que nossa família de Londres merecia."
Na parte final de sua declaração escrita, a família Afzaal se dirigiu diretamente a Veltman.
"Seu ódio pode ter tirado quatro lindas vidas e quase uma quinta, mas ele não vencerá", disse a família. "Como canadenses, sempre nos ergueremos acima, mais fortes e unidos."
Representação de Nathaniel Veltman, 23 anos, no banco dos réus no tribunal em London, Ontário (John Mantha via CTV News)
