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24/02/2023 às 11h14min - Atualizada em 24/02/2023 às 11h14min

Em meio à pressão dos EUA, China pede cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia

Ministério das Relações Exteriores chinês pediu também o fim das sanções unilaterais à Moscou

Redação North News
com informações CNN
Sputnik/Aleksey Druzhinin/Kremlin via Reuters
 
A China reiterou seus apelos por uma solução política para o conflito na Ucrânia no aniversário de um ano da invasão da Rússia, enquanto Pequim está sob pressão dos Estados Unidos e seus aliados sobre sua crescente parceria com Moscou.

Em um documento, divulgado nessa sexta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores da China pediu a retomada das negociações de paz, o fim das sanções unilaterais e enfatizou sua oposição ao uso de armas nucleares, uma postura que o líder chinês Xi Jinping comunicou aos líderes ocidentais no ano passado.

O documento de 12 pontos faz parte dos esforços mais recentes de Pequim para se apresentar como um mediador de paz neutro, enquanto luta para equilibrar seu relacionamento “sem limites” com Moscou e os laços desgastados com o Ocidente à medida que a guerra se arrasta.

“Conflito e guerra não beneficiam ninguém. Todas as partes devem permanecer racionais e exercer moderação, evitar atiçar as chamas e agravar as tensões e evitar que a crise se deteriore ainda mais ou até saia do controle”, disse o documento.

 
A reivindicação de neutralidade de Pequim foi severamente prejudicada por sua recusa em reconhecer a natureza do conflito, já que até agora evitou chamá-lo de “invasão”, e seu apoio diplomático e econômico a Moscou.

Autoridades ocidentais também levantaram preocupações de que a China possa estar considerando fornecer assistência militar letal à Rússia, uma acusação negada por Pequim.

O documento de política reitera muitos dos pontos de discussão padrão da China, que incluem pedir a ambos os lados que retomem as negociações de paz.

“O diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise na Ucrânia”, diz ainda o documento, acrescentando que a China desempenhará um “papel construtivo”, sem oferecer detalhes.

E apesar de afirmar que “a soberania, independência e integridade territorial de todos os países devem ser efetivamente mantidas”, o documento falha em reconhecer a violação da Rússia da soberania ucraniana.

Grande parte da linguagem usada no documento parece direcionada ao Ocidente. Em uma crítica velada aos Estados Unidos, o documento disse que a “mentalidade da Guerra Fria” deveria ser abandonada.

“A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares. Os legítimos interesses e preocupações de segurança de todos os países devem ser levados a sério e tratados adequadamente”, disse, aparentemente ecoando a visão de Moscou de que o Ocidente provocou a guerra por meio da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Também parece criticar as amplas sanções econômicas impostas pelos EUA e outros países ocidentais à Rússia. “Sanções unilaterais e pressão máxima não podem resolver o problema; eles apenas criam novos problemas”, disse.

“Os países relevantes devem parar de abusar das sanções unilaterais e da ‘jurisdição de braço longo’ contra outros países, de modo a fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”.

O documento foi rapidamente criticado por autoridades americanas, com o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, dizendo que a guerra “poderia terminar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças”.

“Minha primeira reação a isso é que poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania de todas as nações”, disse Sullivan à CNN.

“A Ucrânia não estava atacando a Rússia. A Otan não estava atacando a Rússia. Os Estados Unidos não estavam atacando a Rússia. Esta foi uma guerra de escolha travada por Putin”.

Em Pequim, o embaixador da União Europeia na China, Jorge Toledo, disse a repórteres em um briefing que o documento de posição da China não era uma proposta de paz, acrescentando que a UE está “estudando o documento de perto”, segundo a Reuters.

A Ucrânia, enquanto isso, chamou o documento de posição de “um bom sinal”, mas instou a China a fazer mais.

“A China deve fazer tudo ao seu alcance para parar a guerra e restaurar a paz na Ucrânia e exortar a Rússia a retirar suas tropas”, disse a Encarregada de Negócios da Ucrânia para a China, Zhanna Leshchynska, no mesmo briefing em Pequim.

“Na neutralidade, a China deveria conversar com ambos os lados: Rússia e Ucrânia, e agora podemos ver que a China não está conversando com a Ucrânia”, disse ela, observando que Kiev não foi consultado antes da divulgação do documento.

O documento de posição foi discutido pela primeira vez na semana passada pelo diplomata Wang Yi em uma conferência de segurança em Munique, quando ele tentou lançar Pequim como um negociador responsável pela paz durante uma ofensiva de charme diplomático na Europa.

Wang visitou Moscou como parada final de sua viagem pela Europa e se encontrou com Putin na quarta-feira (22).

Putin, que recebeu Wang de braços estendidos quando o diplomata chinês entrou na sala de reuniões, disse que as relações entre a Rússia e a China estão “atingindo novos marcos”.

“As relações russo-chinesas estão se desenvolvendo conforme planejamos nos anos anteriores. Tudo está avançando e se desenvolvendo”, disse Putin a repórteres sentado ao lado de Wang.

“A cooperação na arena internacional entre a Federação Russa e a República Popular da China, como já dissemos repetidamente, é muito importante para estabilizar a situação internacional”.

Wang disse que os dois países “muitas vezes enfrentam crises e caos, mas sempre há oportunidades em uma crise”.

“Isso exige que identifiquemos as mudanças de forma mais voluntária e respondamos às mudanças de forma mais ativa para fortalecer ainda mais nossa parceria estratégica abrangente”, finaliza Wang.

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