12/04/2023 às 10h08min - Atualizada em 12/04/2023 às 10h08min
“Livres e brindando”: Brasileiras vítimas de golpe das malas trocadas comemoram soltura na Alemanha
Ministério Público alemão determinou liberdade de Jeanne Paollini e Kátyna Baía depois de terem as etiquetas de suas malas trocadas por um grupo de criminosos com bagagens carregadas de drogas no aeroporto de Guarulhos
De acordo com a investigação da Polícia Federal brasileira, ambas saíram do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia (GO), e fizeram escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), onde tiveram as etiquetas trocadas por um grupo criminoso com malas carregadas de drogas.
“Kátyna e Jeanne, livres – e brindando –, enfim!”, escreveu o diplomata do Brasil em Frankfurt, Alexandre Vidal Porto, em publicação no Instagram, mostrando as duas em um bar tomando cerveja.
A irmã de Kátyna, Lorena Baía, e a advogada da dupla, Luna Provázio, chegaram ao país no dia da soltura.
Em um vídeo compartilhado à imprensa, Lorena disse ter ser emocionado ao "chegar em Frankfurt e encontrar Kátyna e Jeanne soltas".
"Ontem foi um dia de reencontro, de poder matar um pouquinho da saudade, de levar até elas o nosso abraço e aconchego. De ser família também na Alemanha”.
Ela também publicou fotos do encontro com as duas no consulado-geral em Frankfurt junto da equipe consular.
Já a advogada Luna Provázio destacou que a soltura de Kátyna e Jeanne “é um marco histórico na Justiça alemã”.
“O MP da Alemanha solicitou a soltura de imediato, encaminhando o pedido direto ao presídio. Isso não tem precedentes”, disse.
Ela ainda afirmou que estão prestando “todo o suporte para as duas tanto emocional quanto no aspecto jurídico”, e que ainda acompanham os desdobramentos do processo judicial envolvendo as duas.
Nessa terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores disse que “recebeu com satisfação a informação” da soltura das brasileiras.
“Ao longo do último mês, o Consulado-Geral do Brasil em Frankfurt realizou visitas consulares, em diferentes ocasiões, às nacionais no presídio, além de ter conduzido gestões junto às autoridades carcerárias e judiciárias locais para acompanhar o trâmite legal. Intermediou, ainda, contatos com familiares e advogados das brasileiras. Representante daquela repartição consular recebeu hoje, no aeroporto de Frankfurt, familiares das brasileiras e os acompanhou ao presídio para o momento da soltura”, informou o Ministério.
O Itamaraty ainda acrescentou que manteve coordenação estreita com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que conduziu o envio dos elementos de prova solicitados pela Justiça alemã por meio dos instrumentos de cooperação jurídica internacional.
Operação da PF A polícia brasileira aponta uma série de evidências que comprovam que não há envolvimento das brasileiras com o transporte ilegal, pois não correspondem ao padrão usual das chamadas “mulas do tráfico”.
Foi realizada uma operação na semana passada para combate ao tráfico internacional de drogas por meio de troca de bagagens em aeroportos.
Em São Paulo, foram cumpridos seis mandados judiciais de prisão temporária contra funcionários de empresas terceirizadas que atuam dentro do aeroporto para as companhias aéreas.
As investigações apontam que o grupo criminoso enviou 40 quilos de cocaína para a Alemanha por meio da troca de bagagens. Na ação, o grupo criminoso retirava etiquetas da bagagem despachada e as colocava em malas contendo drogas.
O grupo ainda se dividia da seguinte forma: alguns trocavam as etiquetas e tiravam fotos das malas, enquanto outros realizavam o transporte da bagagem do terminal doméstico para o internacional.
Análise do caso na Justiça da Alemanha A Justiça alemã realizou o trâmite para analisar a soltura das brasileiras e, conforme afirmou a Polícia Federal, as autoridades tratariam do assunto via Embaixada brasileira em Berlim. A audiência de custódia foi realizada no dia 5 de abril.
De acordo com a advogada de Jeanne e Kátyna, Luna Provázio Lara de Almeida, as autoridades alemãs pediram acesso às provas através do Ministério da Justiça do Brasil e do Itamaraty, que é o responsável no Executivo para envio de documentação relacionados a presos em outros países.
Nesse meio tempo, elas tiveram que encarar dias de prisão na Alemanha, relatando um cenário “desesperador”. “É uma cela pequena, bastante fechada. Elas não estão bem de saúde física e mental. Estão sofrendo muito”, relatou a advogada.