A Agência de Proteção Ambiental (APA) de Portugal autorizou nessa quarta-feira, com condições, a abertura da primeira mina de lítio no país, que conta com as maiores reservas europeias deste metal essencial para a fabricação de baterias e para a transição energética.
O projeto da empresa britânica Savannah Resources para extrair lítio perto da localidade de Boticas, em uma região rural do nordeste de Portugal, recebeu "uma declaração de impacto ambiental favorável, sujeita a uma série de condições", disse a APA, em um comunicado.
O projeto da mina do Barroso "foi modificado, consideravelmente, em relação à proposta inicial, com o objetivo de salvaguardar seus aspectos ambientais", relativos à proteção dos cursos de água, à biodiversidade e à gestão de resíduos, acrescentou a agência.
A Savannah celebrou a decisão, destacando, em um comunicado, que é a "primeira vez" que a APA emite uma declaração de impacto ambiental favorável a uma mina de lítio em Portugal.
Além do projeto da Savannah, em Boticas, e da companhia portuguesa Lusorecursos, no município vizinho de Montalegre, que está menos avançado, o governo português lançou há um ano uma licitação internacional para a exploração de lítio em seis regiões do país.
Junto com o cobalto e com o níquel, o lítio é um dos metais essenciais para a fabricação das baterias elétricas que substituirão os motores de combustão interna, um dos vilões do aquecimento global.
Repúdio A associação Unidos em Defesa do Barroso (UDCB) repudiou a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) favorável condicionada à exploração de lítio, em Boticas, e prometeu continuar a lutar contra as minas a céu aberto.
A associação afirmou, em comunicado, que repudia "veementemente" esta decisão, que considera "um desrespeito pelos direitos ambientais, humanos e sociopolíticos" e prometeu que continuará a "defender a natureza e proteger as populações da ameaça de minas a céu aberto".
Segundo salientou, o projeto da Savannah, que recebeu agora luz verde da APA, prevê a construção de "quatro minas a céu aberto, numa área de quase 600 hectares, em terrenos maioritariamente baldios e muito próximos das aldeias de Covas do Barroso, Romainho e Muro, consagradas Património Agrícola Mundial".
"A concretizar-se, este seria o maior projeto de mineração de lítio a céu aberto na Europa", salientou.
A UDCB mostrou-se "perplexa" pela aceitação deste projeto, "consistentemente rejeitado por especialistas ao longo de dois anos", e frisou que "face aos irremediáveis e devastadores impactos ecológicos, ambientais e socioeconómicos do projeto", considerou "inaceitável que a APA legitime um projeto desta natureza".