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23/10/2023 às 12h34min - Atualizada em 23/10/2023 às 12h25min

Precisamos investir mais nos ativos financeiros atrelados ao agronegócio brasileiro

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

CHBAGRO
O emergente Brasil retornará à seleta lista das dez maiores economias do mundo em 2023, de acordo com as projeções econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI). E o FMI prevê o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 3,1% no ano de 2023, recentemente divulgado no World Economic Outlook.
 
Em 2022, o PIB do Brasil alcançou a 11ª colocação mundial, com um PIB nominal de US$ 1,92 trilhão, conforme o FMI. Um dos aceleradores da situação econômica atual e para esse provável avanço do Brasil no ranking global para nono lugar é por conta também do dinâmico, inovador e produtivo setor agropecuário.
 
De cada R$ 4 de riquezas produzidas no Brasil, R$ 1 vem do agronegócio. Além de liderar nas exportações de produtos agropecuários como café, carne bovina, frango in natura, soja em grão, açúcar, e suco de laranja concentrado e congelado, o País conquistou recentemente o posto de maior exportador mundial de milho, ultrapassando os Estados Unidos da América (EUA).
 
O Brasil tem mais de 250 milhões de cabeças de gado e é líder mundial na exportação de sete produtos do agronegócio. Dados recentes e divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) mostram que o Brasil se tornou o novo campeão global da exportação de milho, devido à forte mecanização agrícola (tratores, semeadores, colheitadeiras, graneleiros, plantadeiras, pulverizadores, escarificadores, adubadores, aviões agrícolas e helicópteros agrícolas) no País e os impactos na produção e na exportação deste cereal com a Guerra da Ucrânia.
           
Hoje, somos 17,2 milhões de investidores pessoas físicas, considerando as plataformas de renda fixa e de renda variável. Desse total, 11,7 milhões (68%) de pessoas investem apenas em títulos privados de renda fixa, como exemplos, Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). São 2,4 milhões (14%) somente em renda variável, como exemplos, ações ordinárias (ON), ações preferenciais (PN) e Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGRO). E apenas 1,3 milhão (8%) mesclam renda fixa e renda variável.
 
Em dezembro do ano de 2022, o número de contas de pessoas físicas na Brasil, Bolsa, Balcão (B3) atingiu a marca de 5,0 milhões de investidores. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o FIAGRO foi o único ativo financeiro que entregou resultados positivos no primeiro semestre de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022.
 
O investimento em FIAGRO obteve crescimento de 40% no primeiro semestre de 2023, alcançando a R$ 14,70 bilhões de patrimônio líquido (PL) em junho de 2023, sendo destaque na terceira edição do Boletim CVM do Agronegócio, elaborado pela Superintendência de Securitização e Agronegócio (SSE) da CVM.
 
O PL do FIAGRO saltou de R$ 10,50 bilhões em dezembro de 2022 para R$ 14,70 bilhões em junho de 2023, ou seja, um crescimento absoluto de R$ 4,20 bilhões e um aumento relativo de 40%. Recentemente, o FIAGRO-FII denominado XPCA11 da XP Investimentos, obteve dividendo de R$ 0,11 por cota, o preço da cota de R$ 9,92, dividend yield ao mês de 1,11% e dividend yield em 12 meses de 15,4%.
 
A XP Investimentos tem um PL de R$ 1,44 bilhão em FIAGRO-FII e cerca de 33.015 cotistas no Brasil, sendo o segundo maior PL do País. Especialistas apontam que FIAGROS podem ser boas opções de investimento no agronegócio brasileiro. Portanto, com R$ 10 já dá para comprar uma cota do XPCA11, um dos FIAGROS que estão mudando o cenário do agronegócio brasileiro, criando boas oportunidades para investidores e empresas do setor agropecuário.
 
Com os efeitos da recuperação econômica lenta no Brasil, o FIAGRO, um recém-chegado ao mercado de capitais com pouco mais de dois anos de existência, celebrou um marco notável em junho deste ano, com a adesão de mais de 300 mil investidores, ou seja, um aumento de 344% em comparação com junho de 2022.
 
É preciso revelar que o FIAGRO é fundo de investimento negociado na B3 desde outubro de 2021, destinado a investidores moderados e agressivos que desejam diversificar sua carteira de investimentos. E os FIAGROS são muito semelhantes aos fundos de investimentos imobiliários (FIIs), mas permitem o financiamento de atividades agrícolas e pecuárias nas cinco regiões do Brasil.
 
O FIAGRO está se tornando um dos fundos mais procurados pelos investidores brasileiros. Boa rentabilidade, isenção de imposto de renda para pessoas físicas e o fato de ser atrelado ao agronegócio, setor que mais cresce e mais pujante da economia brasileira, são as principais razões para o interesse em um dos mais novos produtos financeiros do mercado.
 
No mercado de renda variável já foram registrados 69 FIAGROS, sendo 56% da categoria Fiagro-Imobiliário (FIAGRO-FII), 35% de Fiagro-Direitos Creditórios (FIAGRO-FIDC) e 9% de Fiagro-Participações (FIAGRO-FIP). E no PL de R$ 14,7 bilhões em junho de 2023, sendo 83% do PL está no FIAGRO-FII, 16% no FIAGRO-FIDC e 1% no FIAGRO-FIP.
 
Já o mercado de CRA, que funciona desde 2004, cresceu de R$ 95,70 bilhões em dezembro de 2022 para R$ 101,00 bilhões em junho de 2023, ou seja, um crescimento absoluto de R$ 5,30 bilhões e um aumento relativo de 5,54% (CVM, 2023).
 
No Brasil, os investimentos em CRA são alocados para produção de produtos agropecuários (50%), como algodão, celulose e etanol; comercialização de insumos agrícolas (100%), como sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas; e comercialização de máquinas e implementos (53%), como equipamentos de irrigação, arados mecânicos, tratores e semeadeiras.
 
O Brasil é uma potência no cenário global do agrobusiness, com mais de cinco milhões de produtores rurais e tem 77,5 milhões de hectares de terras agricultáveis. E a safra agrícola 2023/24 será de 317,5 milhões de toneladas de grãos, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
 
E o populoso Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do planeta, atrás apenas da China, da Índia e dos EUA. O Brasil encontra-se em quarto lugar na produção global de carne suína e na exportação mundial de carne suína. É o quarto maior produtor global de leite de vaca. E o terceiro maior produtor mundial de frutas. 
 
O estado de Minas Gerais é o maior produtor nacional de café e de leite de vaca. Já o estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar, de açúcar, de laranja e de suco de laranja concentrado e congelado. O estado do Paraná é o maior produtor de carne de frango. O estado de Santa Catarina lidera o rebanho nacional de suínos. Já Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de soja, de milho e de algodão, além do maior rebanho bovino do país, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou o ranking dos 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro, a partir de dados da produção em lavouras. Juntos, eles tiveram um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 288,14 bilhões em 2022, o equivalente a 34,7% dos R$ 830,09 bilhões contabilizados em todo o país.
 
O MAPA identificou os 100 municípios mais ricos do Brasil no agronegócio e o mais próspero município é o de Sorriso, no estado de Mato Grosso, com VBP de R$ 5,3 bilhões em 2022. A análise foi feita a partir da pesquisa anual do IBGE da Produção Agrícola Municipal (PAM). E a pesquisa englobou os dados da produção agrícola municipal, referentes a 2022, levando em conta variáveis como área colhida, produção, valor da produção das lavouras e rendimento.
 
O continental Brasil, com suas vastas extensões de terras férteis, recursos naturais abundantes, clima tropical, investimentos em pesquisa agropecuária, em engenharia agrícola (drenagem do solo, irrigação, adubação) e tecnologia, o uso de agricultura de precisão (drones, GPS agrícola, sensoriamento remoto), e mão de obra qualificada, conquistou destaque no cenário global como líder em exportações em dez produtos (café, açúcar, soja, milho, carne bovina, carne de frango, suco de laranja, etanol, celulose e tabaco) e registrou US$ 159 bilhões em exportações no ano de 2022.
 
Pelos dados da PAM, do IBGE, a soja é cultura mais plantada no Brasil e é a cultura agrícola que mais contribui para o valor de produção agrícola nacional, responde por 42% do valor de produção total do agronegócio brasileiro. E Mato Grosso com 40 municípios mais ricos do agronegócio do país, é o maior produtor nacional de soja, milho e algodão, e com maior valor de produção agrícola em 2022, a produção do estado gerou R$ 174,8 bilhões, um acréscimo de 15,2% em relação a 2021.
 
O número de trabalhadores atuando no setor do agronegócio atingiu um recorde no segundo trimestre de 2023, chegando a 28,3 milhões de pessoas, de acordo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). E o setor foi responsável por 27% dos empregos gerados no Brasil. E uma empresa do agronegócio se consolidou como a maior empregadora do País em 2023, com 151,2 mil colaboradores diretos trabalhando em suas diversas unidades produtivas em onze estados brasileiros. É a JBS, a maior empresa de alimentos do mundo.
 
Há 90 anos, o Brasil era um país atrasado, agrário, rural e grande importador de alimentos. Hoje, é uma nação moderna, com competitivo agronegócio, urbano e um dos maiores exportadores mundiais de alimentos. É preciso revelar que a ESALQ (SP), a Escola de Agronomia de Viçosa (MG) e a Escola de Agronomia em Santa Maria (RS) são as três pioneiras Instituições de Ensino Superior (IES) do agronegócio no Brasil. As duas primeiras IES com a visão dinâmica do agrobusiness dos EUA. E a terceira seguindo o modelo europeu de produção agropecuária.
 
É preciso destacar que a cadeia produtiva do agronegócio representou 24,8% do PIB brasileiro no ano de 2022, além de fornecer alimentos e gerar emprego e renda no Brasil. E o agronegócio brasileiro já alimenta cerca de um bilhão de pessoas no mundo. E com potencial para alimentar quase dois bilhões de habitantes nos cinco continentes nos próximos cinco anos.
 
Finalizando, precisamos investir mais nos ativos financeiros atrelados ao agronegócio brasileiro. Necessitamos aumentar a correlação direta entre os investidores e o crescimento econômico do PIB do Brasil, que alcançou o seu primeiro trilhão de dólares americanos em 2006. Quatro anos depois, o PIB brasileiro atingiu US$ 2 trilhões em 2010. Logo, o valioso papel do agronegócio é fundamental para o Brasil avançar como a nona maior economia do mundo em 2023 e alcançar um PIB nominal de US$ 3 trilhões nos próximos cinco anos.
 
REFERÊNCIAS

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos: Safra 2023/24. 1º Levantamento. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/ApresentacaoZ1ZLevZSafraZGraosZ-ZOUT.23-1.pdf%3B.pdf. Acesso em: 22 out. 2023.

CVM. Boletim CVM do Agronegócio: Jun/2023. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/boletim-agro-3-jun23.CVM.%20(1).pdf. Acesso em: 21 out. 2023.

FMI. World Economic Outlook: Navigating Global Divergences. 2023 OCT. Disponível em: file:///C:/Users/Ykalo/Downloads/text%20(7).pdf. Acesso em: 21 out. 2023.

IBGE. Produção Agrícola Municipal 2022. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9117-producao-agricola-municipal-culturas-temporarias-e-permanentes.html. Acesso em: 22 out. 2023.

MAPA. Sorriso, Campo Novo do Parecis e São Desidério lideram ranking da produção agrícola nacional. Disponível em:  https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/sorriso-campo-novo-do-parecis-e-sao-desiderio-lideram-ranking-da-producao-agricola-nacional. Acesso em: 22 out. 2023.
 
(1) Economista brasileiro, professor de Economia no UNIESP e um dos três autores brasileiros do e-book intitulado DOING AGROBUSINESS IN BRAZIL: https://docs.google.com/forms/d/1O4vCgWBK1Fw1a-S7qLwGP6b9Z7e4gqo1qoZYqe1qSIY/viewform?edit_requested
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