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20/11/2023 às 10h11min - Atualizada em 20/11/2023 às 09h57min

A Paraíba tem o segundo pior PIB per capita do Brasil

Paulo Galvão Júnior (1)

Paulo Galvão Jr.

Paulo Galvão Jr.

Economista, escritor, palestrante, professor de Economia no UNIESP, autor de 12 eBooks de Economia pela Editora UNIESP e Conselheiro do CORECON-PB.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 
O presente artigo apresenta várias considerações econômicas sobre os dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou um relevante e anual estudo intitulado Sistema de Contas Regionais: Brasil 2021. E neste sentido, observar a situação econômica do estado da Paraíba.
 
O principal objetivo deste artigo é apresentar e analisar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) e do PIB per capita no ano de 2021 das 27 Unidades da Federação (UFs), como também, da variação em volume do PIB entre 2021 e 2020, em outras palavras, da taxa de crescimento real do PIB estadual.
 
Após examinar os dados apresentados pelo IBGE, é possível analisar as 10 UFs mais ricas do Brasil, em seguida, os 10 estados mais pobres do Brasil. É possível realizar uma análise econômica dos 10 estados com maiores taxas de crescimento real do PIB entre 2021 e 2020, e posteriormente, das 10 UFs com menores taxas de crescimento econômico.
 
E por fim, é possível verificar as 10 UFs com maior PIB per capita (o resultado da divisão do PIB pela quantidade de habitantes de cada UF) do País, em seguida, os 10 estados com menor renda per capita do Brasil em 2021, de acordo com o ranking nacional do IBGE.
 
2. UMA BREVE ANÁLISE DOS PIBs ESTADUAIS NO ANO DE 2021
 
Segundo o economista Paulo Sandroni (2014, p. 614), o Produto Interno Bruto “Refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um país”. Vale salientar que em determinado período, geralmente em um ano, soma-se todos os produtos e serviços finais gerados em um país. O cálculo do PIB pela ótica da demanda é feito pela fórmula: PIB = C + I + G + (X – M), é o somatório das despesas dos agentes econômicos, o consumo das famílias (C), os investimentos privados das empresas (I), e os gastos do Governo (G), e as exportações (X) menos as importações (M).
 
Cabe frisar que o PIB é um dos principais indicadores econômicos de um país, de um estado e de um município. E o crescimento anual do PIB pela ótica da oferta é provocado por três motores econômicos, o setor primário (agropecuária), o setor secundário (indústria) e o setor terciário (serviços).
 
Ranking Unidade da Federação PIB Nominal Participação no PIB do Brasil
São Paulo R$ 2,719 trilhões 30,2%
Rio de Janeiro R$ 949,3 bilhões 10,5%
Minas Gerais R$ 857,5 bilhões 9,5%
Rio Grande do Sul R$ 581,2 bilhões 6,5%
Paraná R$ 549,9 bilhões 6,1%
Santa Catarina R$ 428,5 bilhões 4,8%
Bahia R$ 352,6 bilhões 3,9%
Distrito Federal R$ 286,9 bilhões 3,2%
Goiás R$ 269,6 bilhões 3,0%
10º Pará R$ 262,9 bilhões 2,9%
Quadro 1. As 10 UFs mais ricas do Brasil em 2021.
Fonte: IBGE.
 
 
Baseado nos dados disponíveis do Sistema de Contas Regionais (SCR), do IBGE, em 2021, o estado de São Paulo manteve-se como a maior economia entre as 27 UFs, com PIB de R$ 2,719 trilhões. E o estado do Rio de Janeiro ocupa a segunda colocação no ranking nacional, com PIB de R$ 949,3 bilhões.
 
É possível verificar no Quadro 1, os estados com as maiores fatias no volume do PIB do Brasil foram São Paulo (30,2%), Rio de Janeiro (10,5%) e Minas Gerais (9,5%). Dados do IBGE mostram que os três estados concentram 50,2% do PIB nacional em 2021, ou seja, com mais da metade do PIB brasileiro.
 
Convém frisar que o PIB brasileiro, a soma dos PIBs dos 26 estados mais o Distrito Federal (DF), contabilizou R$ 9,012 trilhões em 2021, conforme o IBGE. E o estado da Bahia é o mais rico do Nordeste e o sétimo do Brasil, totalizando um PIB de R$ 352,6 bilhões em 2021 e concentrou uma fatia de 3,9% do PIB nacional. E o PIB baiano cresceu muito no oeste do estado com a expansão econômica do agronegócio.
 
Ranking Estado PIB Nominal Participação no
PIB do Brasil
Roraima R$ 18,2 bilhões 0,2%
Amapá R$ 20,1 bilhões 0,2%
Acre R$ 21,3 bilhões 0,2%
Tocantins R$ 51,7 bilhões 0,6%
Sergipe R$ 51,8 bilhões 0,6%
Rondônia R$ 58,1 bilhões 0,6%
Piauí R$ 64,0 bilhões 0,7%
Alagoas R$ 76,2 bilhões 0,8%
Paraíba R$ 77,4 bilhões 0,9%
10º Rio Grande do Norte R$ 80,1 bilhões 0,9%
Quadro 2. Os 10 estados mais pobres do Brasil em 2021.
Fonte: IBGE.
 
 
Com base nos dados do Quadro 2 é possível verificar que entre os 26 estados e o DF, os estados com as menores fatias no volume do PIB brasileiro em 2021 foram Roraima (0,2%), Amapá (0,2%) e Acre (0,2%). O estado de Roraima é o mais pobre do Brasil, com um PIB nominal de R$ 18,2 bilhões no ano de 2021.
 
A Paraíba é o nono estado mais pobre do Brasil, com PIB nominal de R$ 77,4 bilhões no ano de 2021. E o estado da Paraíba se mantém como a sexta maior economia do Nordeste, à frente apenas dos estados de Sergipe, Piauí e Alagoas. E economia da Paraíba é a 19ª maior economia do país.
 
Em 2021, o setor terciário representou 80,4% do PIB paraibano. Em seguida, vem o setor secundário com 14,9%. E o setor primário correspondeu apenas 4,7% da economia do estado. E o crescimento do PIB paraibano foi liderado pela indústria, que avançou 9,6%. Em segundo lugar, os serviços que avançaram 5,6%. Já a agropecuária não avançou entre 2021 e 2020, ao contrário, regrediu 0,5%.
 
Na verdade, as indústrias paraibanas se destacam nos segmentos sucroalcooleiro, bebidas e alimentos, têxtil, couro e calçados, construção civil, minerais não metálicos e vestuário. E a Paraíba se destaca também na produção agropecuária em quatro mesorregiões, por exemplos, a produção de cana-de-açúcar, abacaxi e coco-da-baía na Mata Paraibana, a produção de arroz vermelho, algodão colorido e palma no Sertão Paraibano, a produção de carne caprina, banana e feijão verde na Borborema, e a produção de tangerina, agave e carne de frango no Agreste Paraibano. E no vizinho Rio Grande do Norte, a economia potiguar representa 0,9% do PIB nacional em 2021 e é a décima mais pobre do Brasil.
 
3. UMA BREVE ANÁLISE DA TAXA DE CRESCIMENTO REAL DO PIB ESTADUAL ENTRE 2021 E 2020
 
É preciso destacar que todas as 27 UFs apresentaram crescimento positivo em volume do PIB estadual entre 2021 e 2020, conforme os dados do SCR, do IBGE.
 
Ranking Estado Taxa de crescimento real do PIB estadual entre 2021 e 2020
Rio Grande do Sul 9,3%
Tocantins 9,2%
Roraima 8,4%
Santa Catarina 6,8%
Acre 6,7%
Alagoas 6,3%
Maranhão 6,2%
Piauí 6,2%
Espírito Santo 6,0%
10° Paraíba 5,9%
Quadro 3. Dez estados com maior taxa de crescimento do PIB entre 2021 e 2020.
Fonte: IBGE.
 
 
Os dados do Quadro 3 ressaltam que o Rio Grande do Sul impulsionado pela agropecuária alcançou a maior taxa de crescimento real do PIB, com 9,3% em 2021. Já Tocantins e Roraima foram dois estados que avançaram no crescimento econômico, com 9,2% e 8,4% em 2021, respectivamente.
 
A taxa de crescimento real do PIB da Paraíba registrou um aumento de 5,9% na comparação entre 2021 e 2020, acima do PIB brasileiro que avançou 4,8% no ano de 2021, e encontra-se na décima maior variação em volume do PIB entre os estados do Brasil, e na quarta posição no Nordeste, atrás apenas de Alagoas (6,3%), Maranhão (6,2%) e Piauí (6,2%).
 
As atividades econômicas dos 223 municípios paraibanos atuaram no crescimento do PIB estadual e impulsionaram o setor de serviços (turismo, educação, saúde, supermercados, padarias, açougues, farmácias, postos de combustíveis, livrarias, etc.), o setor mais próspero do estado.
 
Ranking Unidade da Federação Taxa de crescimento real do PIB estadual entre 2021 e 2020
Mato Grosso 0,2%
Mato Grosso do Sul 0,8%
Goiás 2,5%
Pernambuco 3,0%
Distrito Federal 3,0%
Bahia 3,0%
Paraná 3,5%
Pará 4,0%
Sergipe 4,3%
10° Rio de Janeiro 4,4%
Quadro 4. Dez UFs com menor taxa de crescimento do PIB entre 2021 e 2020.
Fonte: IBGE.
 
 
Os dados apresentados no Quadro 4 revelam que o PIB do Mato Grosso cresceu apenas 0,2% e ocupa o primeiro lugar entre todas as 27 UFs. E o Mato Grosso do Sul obteve um crescimento do PIB em termos reais de 0,8%, em relação ao ano de 2020. Ambos localizados no Centro-Oeste e que sofreram com a seca prolongada, que afetou a produção de importantes culturas como a soja, o milho e o algodão.
 
4. UMA RELEVANTE ANÁLISE ECONÔMICA SOBRE O PIB PER CAPITA EM 2021
 
Para o economista Paulo Sandroni (2014, p. 649), o PIB per capita significa uma “Relação econômica entre o PIB (Produto Interno Bruto) e a população de um país. (...) O PIB per capita, no entanto, por ser uma média, não indica de que forma a riqueza de um país se distribui entre os seus habitantes”. E a renda per capita não pode servir de base para medir a distribuição de renda na UF. É importante ressaltar que não é um indicador preciso da qualidade de vida de uma população como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), pois não leva em consideração fatores como distribuição de renda, desigualdade social, entre outros fatores socioeconômicos.
 
Ranking Unidade da Federação PIB per capita Razão entre o PIB per capita da UF e o PIB per capita do Brasil
Distrito Federal R$ 92.732,27 2,19
Mato Grosso R$ 65.426,10 1,55
Santa Catarina R$ 58.400,55 1,38
São Paulo R$ 58.302,29 1,38
Rio de Janeiro R$ 54.359,61 1,29
Rio Grande do Sul R$ 50.693,51 1,20
Mato Grosso do Sul R$ 50.086,07 1,19
Paraná R$ 47.421,76 1,12
Espírito Santo R$ 45.353,81 1,07
10º Minas Gerais R$ 40.052,13 0,95
Quadro 5. As 10 UFs com maior PIB per capita do Brasil em 2021.
Fomte: IBGE.
 
 
Os dados do IBGE no Quadro 5, no que diz respeito ao maior PIB per capita (em português, por cabeça) do País, o DF atingiu o primeiro lugar entre as 27 UFs, com R$ 92.732,27 em 2021. E o valor de DF é cerca de 2,2 vezes maior do que o PIB per capita do populoso Brasil, de R$ 42.247,52 no ano de 2021.
 
E os estados de Mato Grosso e Santa Catarina são o segundo e o terceiro maior PIB per capita do país, com R$ 65.426,10 e R$ 58.400,55 em 2021, respectivamente.
 
Ranking Estado PIB per capita Razão entre o PIB per capita do estado e o PIB per capita do Brasil
Maranhão R$ 17.471,85 0,41
Paraíba R$ 19.081,81 0,45
Piauí R$ 19.465,69 0,46
Ceará R$ 21.090,10 0,50
Sergipe R$ 22.177,45 0,52
Rio Grande do Norte R$ 22.516,97 0,53
Alagoas R$ 22.662,01 0,54
Pernambuco R$ 22.823,59 0,54
Amapá R$ 22.902,86 0,54
10º Bahia R$ 23.530,94 0,56
Quadro 6. Os 10 estados com menor PIB per capital do Brasil em 2021.
Fonte: IBGE.
 
 
Os dados do Quadro 6 indicam que o menor PIB per capita do Brasil foi o do Maranhão, com R$ 17.471,85 em 2021. E o valor do Maranhão é de 0,41 vezes menor do que a renda per capita nacional.
 
É preciso revelar que o PIB per capita maranhense é 5,3 vezes menor que o do DF. É preciso destacar que “(...) Um punhado de pessoas deterá grande parte da riqueza e o restante da população muito pobre, apenas uma pequena parcela desta” (SANDRONI, 2014, p. 649).
 
Vale esclarecer que em 2021, a renda per capita, ou seja, o PIB nominal dividido pela população total do estado, a Paraíba ficou em R$ 19.081,81, de acordo com o IBGE. E o estado da Paraíba ocupa o segundo lugar entre todos os 26 estados brasileiros e o DF e entre os nove estados nordestinos.
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Finalizando, esses dados do IBGE mostram que o estado mais rico é São Paulo com PIB de R$ 2,719 trilhões e o estado mais pobre é Roraima com PIB de R$ 18,2 bilhões em 2021, como também, que a UF mais rica em termos de PIB per capita é o Distrito Federal, com mais de R$ 92 mil, e a UF mais pobre é o Maranhão, com mais de R$ 17 mil.
 
Os dados mostram também que a Paraíba é o nono estado mais pobre do Brasil, a UF com a décima maior taxa de crescimento econômico do País entre 2021 e 2020, e, sobretudo, a Paraíba tem o segundo pior PIB per capita do Brasil.
 
Essencialmente, as recentes estatísticas do IBGE sobre o PIB per capita na Paraíba evidenciam um desempenho pífio, com R$ 19.081,81. Além disso, a Paraíba caiu no ranking nacional de 25° lugar para 26ª colocação ao ser ultrapassada pelo estado do Piauí, com renda per capita de R$ 19.465,69 em 2021, graças ao avanço do agronegócio nas terras férteis da MATOPIBA.
 
Em suma, é preciso refletir de forma crítica sobre os sérios problemas econômicos da linda e histórica Paraíba. Há uma batalha econômica pela frente. Cabe-nos alertar que algo está errado. É hora de repensar o modelo de desenvolvimento econômico, porque “O desenvolvimento verdadeiro só ocorre quando a população em seu conjunto é beneficiada” (FURTADO, 2002, p. 31). Há uma extraordinária correlação direta entre investimentos de educação de qualidade e desenvolvimento econômico.
 
Alertamos que os principais problemas da Paraíba, na atualidade, são: o estado campeão nacional em desigualdade econômica, medido pelo Índice de Gini, com 0,558 em 2022; a segunda pior renda per capita do país, com R$ 19.081,81 em 2021; a terceira maior taxa de analfabetismo do Brasil, com 13,6% em 2022; o quarto pior IDH do país, com 0,718 em 2022; e a quinta maior taxa de desemprego do Brasil, com 10,4% no segundo trimestre de 2023.
 
Em outras palavras, a maioria dos (as) paraibanos (as) está cada vez mais pobre em plena Quarta Revolução Industrial e o atraso econômico da Paraíba é decorrência das desigualdades socioeconômicas vigentes e da pobreza.
 
REFERÊNCIAS
 
FURTADO, Celso. Em busca de um novo modelo: reflexões sobre a crise contemporânea. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
IBGE. Sistema de Contas Regionais: Brasil 2021. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/f564530d61fc784fef15fb1591fe7130.pdf. Acesso em: 17 nov. 2023.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
 
(1) Economista paraibano, graduado em Ciências Econômicas pela UFPB, com especialização em Gestão em RH pela UNINTER. Professor de Economia nos Cursos de Ciências Contábeis, Administração, Gestão Financeira e Gestão de RH no UNIESP. Professor Destaque na CPA dos semestres 2016.1, 2017.1, 2017.2, 2018.2 e 2021.2 no UNIESP. Economista do Ano 2019 na Paraíba. Professor Destaque do UNIESP 2022. Professor de Economia Destaque no Ano 2023 na Paraíba. Atual conselheiro suplente do CORECON-PB e sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba. Autor e co-autor de mais de 300 artigos de Economia. E autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP, 1 e-book de Turismo pela Editora Simplíssimo e 1 e-book do Agronegócio intitulado "Como investir em ativos financeiros no agronegócio brasileiro?” em parceria com a economista paulista Katherine Buso e o jornalista paulista Ronaldo Luiz.
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